Estudo traz nova causa para inverno de 15 anos que provocou extinção dos dinossauros; entenda

Teoria difere das mais recentes, que acreditavam que a queda na temperatura global teria sido motivada pelo enxofre liberado após o impacto do asteroide Chicxulub

Legenda: Simulações dos cientistas revelaram que, de toda a matéria suspensa na atmosfera, 75% era poeira, 24% enxofre e o resto fuligem
Foto: Shutterstock

Um estudo científico, publicado nessa segunda-feira (30), revelou um motivo diferente para a extinção dos dinossauros: a poeira do asteroide que caiu na Terra há 66 milhões de anos. As partículas de silicato liberadas pela pulverização da rocha teriam provocado um inverno de 15 anos que dizimou os animais e três quartos da vida no planeta.

A teoria difere das hipóteses mais recentes, que acreditavam que a queda na temperatura global teria sido causada pelo enxofre liberado após o impacto do corpo — ou a fuligem dos grandes incêndios que causou —, ao impedir que a luz do Sol chegasse ao planeta, mergulhando-o em um longa escuridão.

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No entanto, no estudo publicado nesta segunda, na revista Nature Geoscience, os cientistas sugerem que partículas muito finas de pó de silicato, procedentes do asteroide Chicxulub pulverizado, teriam permanecido suspensas na atmosfera durante 15 anos. Com a falta de luz, as temperaturas médias da Terra caíram até 15°C.

Nos anos 1980, os pesquisadores Luis e Walter Álvarez, pai e filho, já haviam sugerido que o desaparecimento dos dinossauros foi provocado por uma mudança de clima após o impacto de um asteroide, que cobriu o mundo de poeira. Mas a hipótese foi inicialmente questionada até que, uma década mais tarde, foi descoberta a enorme cratera causado por Chicxulub na atual península de Yucatán, no Golfo de México.

Poeira impediu fotossíntese e provocou 'colapso catastrófico'

A teoria que sugere que o enxofre, mais do que a poeira, mudou o clima do planeta, ganhou terreno porque se pensava que este tipo de pó não tinha o tamanho adequado "para permanecer na atmosfera", explicou à AFP Ozgur Karatekin, pesquisador do Observatório Real da Bélgica e coautor do estudo.

No entanto, uma equipe internacional de cientistas conseguiu identificar partículas de pó procedentes do impacto do asteroide no jazigo fóssil de Tanis, no estado de Dakota do Norte, nos Estados Unidos. Estas partículas mediam entre 0,8 e 8 micrômetros.

Ao introduzir seus dados em modelos climáticos similares aos utilizados hoje em dia, os pesquisadores determinaram que a poeira desempenhara um papel muito mais importante na extinção da vida do que se pensava. As simulações revelaram que, de toda a matéria suspensa na atmosfera, 75% era poeira, 24% enxofre e o resto fuligem.

As partículas de poeira "impediram completamente a fotossíntese" nas plantas durante pelo menos um ano, o que provocou um "colapso catastrófico" da vida, concluiu Karatekin.