A operação dos dois blocos arrematados durante o leilão de saneamento da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece) deverá funcionar de forma integrada, segundo Renato Medicis, vice-presidente da Aegea Saneamento, que estimou a assinatura do contrato entre dezembro e novembro deste ano. Ao todo, segundo o executivo, o projeto também deverá gerar cerca de 700 empregos diretos e entre 7 mil a 10 mil trabalhos indiretos, ligados à cadeia de produção.
Os detalhes do projeto foram revelados à coluna em entrevista exclusiva após a vitória da Aegea nos dois blocos do leilão da Cagece, realizado na última terça-feira (27), na sede da Bolsa de Valores Brasileira (B3). A empresa fez uma oferta de R$ 19,28 bilhões somando os dois blocos para o serviço de universalização de coleta e tratamento de esgoto em 23 cidades cearenses.
O projeto, que funcionará no modelo de parceria público-privada (PPP), tem um período de concessão de 30 anos e deverá passar, agora, por trâmites processuais para a confirmação do resultado. Após as devidas análises e possíveis, recursos, a Aegea espera ter o contrato de serviço firmado com a Cagece entre novembro e dezembro desse ano.
A partir de então deverá começar o período de operação assistida, que deverá durar até 180 dias.
"Estamos muito felizes em participar do processo do leilão e agora temos de aguardar os próximos trâmites processuais. Temos o período de análise da proposta, os possíveis recursos, e aí teremos a assinatura do contrato, que pelos prazos estabelecidos deverá ser novembro ou dezembro. Aí teríamos até 180 dias de operação assistida", disse Medicis.
"Mas, sim, os dois blocos serão uma operação única", completou.
Vale ressaltar que a Aegea já opera o projeto de universalização do tratamento de água e esgoto no Crato.
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Dos R$ 6,2 bilhões previstos para investimento nas obras de saneamento nas 23 cidades selecionadas pela Cagece, R$ 5 bilhões deverão ser investidos nos primeiros 10 anos de concessão. Essa perspectiva deve fazer com que, segundo Medicis, cerca de 700 empregos diretos sejam gerados para a operação. Além disso, entre 7 mil e 10 mil oportunidades deverão ser criadas indiretamente.
Um dos fatores a impulsionar essa evolução no mercado de trabalho cearense, ainda de acordo com Medicis, é que a Aegea irá focar em desenvolver uma rede local de fornecedores, incentivando a participação de empresas cearenses nos processos de compra voltados ao projeto.
Outro ponto relevante sobre a integração ao mercado local é que a intenção da Aegea é integrar parte considerável da mão de obra da Cagece à nova operação. O foco é aproveitar o conhecimento local sobre a infraestrutura de saneamento e esgoto no Estado.
A definição sobre assimilar parte da mão de obra da estatal, no entanto, depende ainda de algumas rodadas de negociação e contato entre as duas empresas envolvidas na concessão.
"São definições que passarão por algumas reuniões com a Cagece, mas o que acontece é que seremos responsáveis pelo esgotamento sanitário, então devemos aproveitar toda essa mão de obra local, mas vamos conversar para poder aproveitar todo o conhecimento possível. Devemos gerar 700 empregos diretos, mas também devemos ter, dependendo da evolução dos contratos, gerar entre 7 mil a 10 mil empregos e indiretos", disse Medicis.