A Qair Brasil confirmou mais um novo investimento no Ceará, dessa vez, no patamar de R$ 1,9 bilhão para instalação de um parque solar em Icó, no interior do estado.
O projeto, que deverá ter obras iniciadas ainda em 2023, deverá gerar até mil empregos durante a construção. O novo parque da companhia terá uma potencial de 440 megawatts (MW) e usar equipamentos internacionais para funcionar.
De acordo com Gustavo Silva, diretor de operações da empresa no Brasil, o projeto é resultado da vitória em um leilão de energia, impondo um prazo limite para começo das operações no início de 2025. Mas os planos da Qair são antecipar alguns passos e iniciar as obras por fases, para liberar etapa por etapa.
A mobilização de equipe para começo das obras ocorrerá em 2022, e a previsão da Qair é que, no pico, sejam gerados mil empregos.
"A nossa ideia é começar a mobilização no fim desse ano e as obras no ano que vem, como é um projeto grande vamos começar por fase, já no começo de 2024 entraríamos em operação comercial. Mas vamos negociando a partir das condições do mercado, como dólar e euro", disse Gustavo.
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Segundo o diretor de operações, parte da energia gerada pela nova planta solar já está contratada pelo leilão, mas o restante deverá ser ofertado no mercado livre de energia.
A empresa deverá formalizar contratos nos próximo anos, a partir da conclusão das novas etapas. No entanto, a Qair não descarta ainda possibilidade de usar parte dessa energia para suprir a demanda das novas plantas de hidrogênio verde que estão sendo planejadas no Nordeste.
A empresa já firmou um memorando de entendimento com o Governo do Ceará para um possível investimento, além de analisar outras possibilidades, como a instalação de uma usina no Porte de Suape (Pernambuco).
Essas definições, no entanto, deverão ser confirmadas apenas após a evolução dos cenários do mercado.
"Essa planta, parte dela já está contratada pelo leilão então precisamos cumprir esse contrato, mas a parte maior, que é livre, vamos fazer contratos, até porque ela vai iniciar antes da planta de hidrogênio, mas no futuro vamos destinar para o hidrogênio, mas isso vai depender do mercado e tem grande chances de ser direcionado. Mas inicialmente vai para o mercado livre", explicou.
Por conta dos preços encontrados no Brasil, a Qair deverá fazer a compra dos componentes para geração de energia solar no mercado externo, buscando placas e outros itens, conforme Silva. A empresa deverá utilizar as conexões com o Grupo Qair ao nível global para fazer essas compras.
"Para esse parque solar, de geração centralizada, que precisa de uma demanda muito grande, a gente não vem encontrando valores interessantes no mercado nacional, então devemos fazer compras internacionais, e como somos um grupo conseguimos preços acessados internacionalmente", explicou.
Contudo, o executivo da Qair Brasil afirmou que o financiamento do projeto deverá ser feito em bancos de fomento nacionais, como o Banco do Nordeste e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"No Brasil temos dois bancos de fomento, o BNDES e o BNB, então a nossa dívida sênior, que é o financiamento deve vir de um desses dois citados", afirmou.
Com sede no Ceará, a Qair Brasil vem fortalecendo relações com o Governo do Estado através dos últimos investimentos confirmados. Gustavo Silva, no entanto, ressaltou que a empresa está buscando oportunidades em todas as regiões do País. Ele destacou o potencial para geração de energias renováveis em estados no Sudeste.
"As nossas operações não são focadas no Ceará, procuramos oportunidades no Brasil, mas o Nordeste tem um potencial eólico gigante, mas solar nós temos um bom potencial no Sudeste", disse.
Apesar da relação de proximidade com o Estado, segundo uma fonte ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), a Qair ainda não sinalizou nenhum pedido pelos incentivos fiscais oferecidos pelo Ceará. O contato, no entanto, poderá acontecer nos próximos meses.