Após 'omitirem' Bolsonaro no 1º turno, deputados do Ceará declaram apoio ao presidente no 2º turno
Alguns integrantes do próprio PL, partido do presidente, só entraram na campanha depois de serem eleitos ou reeleitos
Dos cinco deputados federais eleitos ou reeleitos pelo PL no Ceará, apenas dois abraçaram a campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Ceará durante o primeiro turno: o deputado estadual André Fernandes, o mais votado para deputado federal; e Dr. Jaziel, reeleito. Os outros três, o deputado federal reeleito Júnior Mano e os novatos Matheus Noronha e Yury do Paredão só agora tornaram público o apoio em suas redes sociais.
O movimento se estendeu também a outras lideranças que já indicavam alinhamento com o presidente da República, mas que, na campanha oficial, evitaram declarações públicas de apoio. É o caso do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), que adotou discurso de neutralidade enquanto disputava o Governo do Estado, e outros integrantes do mesmo partido, como o deputado federal reeleito Moses Rodrigues e a deputada federal eleita Dayany do Capitão, esposa de Wagner.
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Com o histórico de vitória de candidatos petistas a presidente no Ceará e vantagem de Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto no Estado, não foi novidade Bolsonaro ficar "escondido" em campanhas principalmente para cargos no Legislativo. Em 2020, a ausência do presidente na campanha de Wagner pela Prefeitura de Fortaleza também foi alvo de críticas.
No primeiro turno de 2022, Lula venceu nos 184 municípios do Ceará, com 65,91% dos votos válidos. Bolsonaro teve 25,38% dos votos válidos (1.377.827 de votos), enquanto em 2018 recebeu 21,74% (1.061.075), percentual que foi ampliado em 29% desde 2018.
Quem declarou apoio
Desde que homologou candidatura a deputado federal, Matheus Noronha, filho do deputado federal Genecias Noronha e da deputada estadual Aderlânia Noronha, mesmo filiado ao PL, não fez nenhuma menção a Bolsonaro em suas redes sociais. Nos registros de campanhas pelas ruas, não há também bandeiras ou adesivos que remetam ao candidato nacional do partido.
A família de Matheus governa há anos a cidade de Parambu, no sertão cearense. Lá, Lula teve 69.9% dos votos (13.672) contra 23,6% de Bolsonaro (4.622). Na mesma cidade, Matheus teve 72,2% dos votos, 14.046 - um vantagem atípica para a disputa no Legislativo, que costuma ser mais pulverizada. Ou seja, boa parte dos eleitores de Parambu votou em Lula e em Matheus Noronha.
Mesmo assim, há menos de uma semana, o deputado federal eleito usou as redes para declarar apoio a Bolsonaro no 2º turno. "Nesse 2º turno, é 22!", escreveu Matheus junto com fotomontagem ao lado do presidente. Quem seguiu o embalo foi o prefeito de Parambu, Rômulo Noronha, primo de Matheus.
O caso é semelhante ao do deputado federal Júnior Mano, segundo mais votado nas eleições de 2022. Sem menções a Bolsonaro no primeiro turno, ele abraçou a campanha há uma semana, com postagem nas redes sociais elencando ações do atual governo.
Júnior Mano é ex-prefeito da cidade de Nova Russas, gerida atualmente pela esposa, Giordanna Mano. Também sem menções a Bolsonaro enquanto pedia votos para o marido, Giordanna usou as redes, logo após o deputado federal, para também declarar apoio ao presidente.
Em Nova Russas, Júnior Mano teve 74,4% dos votos (13.312), percentual semelhante ao de Lula, que somou 68,9% (12.565) contra 24,1% de Jair Bolsonaro (4.407).
Na segunda-feira (17), o deputado e a prefeita mobilizaram um encontro pró-Bolsonaro na cidade, com a presença dos ex-ministros Rogério Marinho e Marcos Pontes.
Quem recém-embarcou na política e na campanha de Bolsonaro foi o empresário Yury do Paredão. No último sábado (15), o deputado federal eleito também publicou nas redes sociais um vídeo com "motivos para votar em Bolsonaro".
Yury é irmão da vereadora de Juazeiro do Norte, Dra. Yanny Brena (PL), ela não se manifestou sobre a disputa nacional.
União Brasil
O movimento chegou também a integrantes do União Brasil, presidido por Capitão Wagner. Desde 2021, Wagner havia intensificado a relação com Jair Bolsonaro no Ceará, participando de atos de campanha até a véspera do período eleitoral.
Em sua campanha pelo Governo do Ceará, Wagner teve o próprio PL como aliado, com o candidato a vice Raimundo Gomes de Matos.
Na busca por votos, no entanto, Capitão Wagner tentou se distanciar da imagem de Bolsonaro, apesar dos acenos do próprio presidente e de adversários de campanha. Na oposição, havia a tentativa de minimizar os votos de Wagner atrelando-o a um candidato de menos apelo no Estado.
Capitão Wagner chegou a dizer que estava deixando "o cenário nacional de lado" e que buscaria uma boa relação, caso eleito governador, com quem quer que fosse eleito presidente.
Com a eleição de Elmano de Freitas (PT) no primeiro turno, candidato apoiado por Lula, Wagner puxou para si a mobilização da campanha pró-Bolsonaro no Ceará.
No sábado (15), Wagner foi o grande anfitrião do presidente em visita a Fortaleza, levando-o para comício no bairro Conjunto Ceará, reduto político do deputado.
Com o ex-candidato a governador, quem também voltou a assumir nas redes os apoio a Bolsonaro foi Dayany do Capitão, eleita deputada federal. O casal fez junto o anúncio do apoio.
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Também do União Brasil, aderiram a Bolsonaro o deputado Moses Rodrigues e o pai, Oscar Rodrigues, eleito deputado estadual. Ambos são lideranças importantes da Região Norte.
"Hoje, depois de refletir bastante nesses últimos 60 dias de campanha presidencial, e como um entusiasta da Democracia, que jamais defenderia a abstenção, ou voto branco ou nulo, e respeitando sempre as posições contrárias, declaro meu apoio ao presidente Jair Bolsonaro", escreveu Moses nas redes sociais no sábado (15).
Na visita do presidente ao Ceará, ele e o pai estava ao lado de Bolsonaro durante a coletiva de imprensa no aeroporto e no palanque no Conjunto Ceará.
Do PSD, partido que liberou o apoio dos filiados no Ceará, também esteve com Bolsonaro o deputado federal eleito Luiz Gastão.
Movimentos pró-Lula
No caso da campanha de Lula, há menos casos de mudança de posição. Elas são principalmente de deputados reeleitos pelo PDT que, no primeito turno, tinha Ciro Gomes como candidato a presidente pelo partido.
Passaram a fazer campanha para Lula os deputados federais reeleitos Idilvan Alencar, Robério Monteiro e Eduardo Bismarck. Além dos estaduais Romeu Aldigueri e Evandro Leitão, por exemplo.