Após fogo cruzado entre políticos, presidente do BNB está disciplinado a ficar fora do embate

Banco do Nordeste é instituição importante para a região e mantém um capital social de muito interesse do mundo político. É missão difícil proteger a instituição da guerra de lideranças

Legenda: O novo presidente, à esquerda, está interinamente no cargo, mas quer cumprir o mandato de 3 anos

O novo presidente interino do Banco do Nordeste (BNB), José Gomes da Costa, chegou ao comando da instituição em meio ao fogo cruzado do alto escalão político de Brasília. As lideranças disputaram a tapas, nos bastidores, o cargo estratégico para um ano eleitoral. Um processo que se iniciou em setembro do ano passado e ainda hoje gera desgastes à Instituição.

O presidente, que contou com uma forte articulação para chegar ao cargo, entretanto, está disciplinado a ficar de fora do embate político. O “negócio” apregoado por ele, literalmente, é avançar na governança e acelerar os processos internos.

 

Em entrevista a este colunista, em visita ao Sistema Verdes Mares, na última quinta-feira (3), Gomes da Costa minimizou os impactos políticos e fugiu das disputas – que estão calmas, por hora, mas podem voltar a eclodir a qualquer momento.

O BNB é instituição, atualmente, no governo Bolsonaro, comandada pelo PL, que é o partido do presidente. No segundo semestre do ano passado teve início uma guerra de bastidores entre líderes políticos, envolvendo partido como PLe PP, para retirar o então presidente Romildo Rolim.

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O alvo era justamente o programa de microcrédito do Banco, que estava sob gestão do Inec, que opera o sistema desde o governo Lula. Foi a senha para os políticos convencerem Bolsonaro: a “ONG petista”.

O Banco do Nordeste tem uma circulação de recursos extraordinária e um banco de dados de pequenos empreendedores que nenhuma outra instituição financeira dispõe e chega em locais que nenhuma outra entidade chega. A carteira de microcrédito do BNB vale ouro. E estamos em ano eleitoral, bom lembrar

"Essas questões políticas não cabem a mim. Eu fui nomeado pelo controlador do Banco, essas questões políticas cabem às pessoas que lidam com isso. Isso não interfere em nada no nosso trabalho, que é técnico. Como executivo da Casa, quero que a sociedade nordestina cresça e vamos trabalhar para isso"..
José Gomes da Costa
Presidente do BNB
 

Instabilidade interna 

Gomes da Costa é o segundo presidente interino do banco desde setembro. Após a saída de Romildo Rolim, em ambiente de alta temperatura no embate político em Brasília, Anderson Possa assumiu o comando interino. Não deu tempo nem esquentar a cadeira, foi substituído pelo atual gestor, que permanece na interinidade.

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Para o BNB, ter instabilidade no comando é péssimo, mas o presidente garante também que isso não vai interferir na atuação. 

"Meu mandado é de três anos. Eu vou tocar como se fosse algo que a cada dia tenha que estar junto com a diretoria, com a equipe do Banco, para fazer o banco cada vez mais forte”, rebate.