Após polêmicas, BNB rejeita empresas para gerir o bilionário programa Crediamigo

Banco considerou concorrentes inaptos e processo licitatório agora volta à estaca zero

Legenda: Crediamigo é uma poderosa ferramenta de concessão de microcrédito
Foto: Kid Júnior

Após polêmicas envolvendo a licitação do Crediamigo, o Banco do Nordeste (BNB) informou, em fato relevante publicado na noite de ontem (25), que as empresas candidatas no processo foram consideradas inabilitadas por não cumprirem exigências previstas em edital.

Os concorrentes eram o banco Cactvs, a CredNatal (Instituto Comunitário de Crédito de Natal) e a Adesba (Associação de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Solidário do Estado da Bahia).

"Do referido resultado, inicia-se o prazo de 5 (cinco) dias úteis para a apresentação de eventuais recursos, conforme previsto no Edital", informa o documento, assinado pelo Diretor de Relações com Investidores, Hailton Fortes.

Entenda as polêmicas

Conforme matéria exclusiva publicada pelo colunista Samuel Quintela, do Diário do Nordeste, nesta semana, a licitação já era alvo de desconfiança, como apontam funcionários de carreira do banco e agentes do mercado, por ter sido moldada para supostamente favorecer o Banco Cactvs, presidido por Fernando Passos. O BNB nega que tenha ocorrido favorecimento.

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Ainda ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou a conclusão de inquérito administrativo sobre supostas irregularidades em operações na Bolsa de Valores envolvendo Passos e José Carlos Cardoso em 2020, quando estavam no IRB Brasil.

Passos é acusado de perpetrar a irregularidade de manipulação de preços no mercado de valores mobiliários. O julgamento ainda será marcado e os dois acusados deverão apresentar defesa.

Histórico de tensões

O processo para escolha do próximo operador do cobiçado programa de microcrédito do Banco já nasceu envolto em controvérsias, após a cisão com o Inec (Instituto Nordeste Cidadania), entidade que, desde 2003, era responsável por operacionalizá-lo.

O fim do contrato com o Inec foi motivado por fortes pressões políticas, tendo inclusive constituído ponto crucial para a saída de Romildo Rolim da presidência do BNB, hoje chefiado interinamente por Anderson Possa.

A saída de Rolim foi pedida por Valdemar Costa Neto, presidente do PL e aliado de Jair Bolsonaro, em vídeo publicado em setembro.

Gerou incômodo no núcleo duro do Governo Federal o fato de o Inec ter em sua cúpula gestora pessoas ligadas ao PT. A entidade tinha um contrato de R$ 600 milhões com o banco de fomento, mas não nunca houve indícios de irregularidades na prestação do serviço.

Agora, o trâmite para escolha do gestor do Crediamigo volta à estaca zero. O Inec ainda fica à frente do Crediamigo até 31 de dezembro.

O programa é ambicionado por ser uma poderosa máquina de crédito, com mais de 2,24 milhões de clientes ativos. Em 2020, aplicou R$ 9,52 bilhões.



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