Fiz um comentário no meu twitter e repito aqui: não lembro de ter visto um turbilhão negativo tão grande para um time de futebol em menos de 48 horas.
Uma sucessão de fatos que coloca o Fortaleza em momento de decisão em pleno meio de temporada: ou recomeça tudo do zero ou vai sucumbir ainda muito longe do término de 2022.
A sequência de acontecimentos desde a derrota para o Avaí, que deixou o clube ainda mais afundado na lanterna da Série A, beira o inacreditável. Protesto da torcida em tom elevado, com direito a agressão covarde.
No mesmo dia, a contratação mais cara da história do clube, Renato Kayzer, é colocado praticamente fora do elenco. Investimento de quase R$ 7 milhões que parece evaporar.
Como se não bastasse, mais um protesto, desta vez light, no Pici pela manhã e a grande e surpreendente bomba: Crispim, um dos grandes trunfos de Vojvoda em 2021, praticamente fora da equipe por descompromisso extracampo.
O que está acontecendo?
Há elevado grau de surpresa. O Tricolor derreteu de uma vez (ou pelo menos demonstrou assim), mesmo com as derrotas na Série A do Brasileiro, onde muitas vezes jogou bem contra os adversários, e havia alguma esperança.
O que há com o grupo? Uma ponta de problema ficou bem evidente nos episódios que envolveram Felipe Alves lá atrás. O melhor goleiro possível para o clube foi destituído rapidamente em troca do nada. Até hoje, um vácuo existe na meta tricolor.
Merecidamente ou não, mais jogadores vão sendo fritados ou se fritam. A perda técnica sem Crispim e Kayzer será grande para o Fortaleza, dificilmente reposta.
Os casos têm se mostrado semelhantes, sempre com os atletas no foco das críticas (muitas vezes merecidas, como no caso do Crispim). Uma coisa é possível afirmar, nenhum grupo terá 100% de jogadores perfeitos.
Há problemas dentro de campo também que ocasionam derrotas, que, por sua vez, ocasionam em problemas emocionais. Fortaleza não tem peças de reposição suficientes para bancar o esquema de Vojvoda. A lesão de Tinga é insuperável para o Tricolor, com Landázuri e Ceballos jamais conseguindo substituir o atleta à altura.
Não existe reserva para Yago Pikachu. Silvio Romero tem qualidades na área, mas claramente não se encontra em um esquema que exige maior movimentação, como o time tinha com David em 2021. Erros de planejamento de formação de elenco, erros na gestão de pessoas do treinador, calendário, confusão mental (Libertadores ou Série A?), erros de arbitragem também. As coisas vão ficando claras para o que está acontecendo no Fortaleza.
Tem muito chão pela frente. Ainda há muito o que se recuperar. Mas não é (apenas) fazendo um alvo nas costas de atletas que o time vai sair dessa situação. A não ser que se contrate mais, gaste mais, arque com rescisões de contrato etc. A redenção pode até acontecer, mas o risco se torna maior ainda para o futuro.