Março Azul: veja alimentos que podem ajudar a evitar o câncer colorretal
Conheça quais itens fortalecem a saúde intestinal e reduzem os riscos de desenvolvimento da doença

O câncer colorretal, também conhecido por câncer de colo e reto ou de intestino, é o terceiro tipo mais comum da doença no Brasil e é tema da campanha de conscientização Março Azul. Neste Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal, celebrado esta quinta-feira (27), a coluna explica como a alimentação saudável pode reduzir o risco de desenvolvimento da condição.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a patologia é caracterizada pelo surgimento de tumores malignos no cólon (parte do intestino grosso), no reto (localizado ao fim do intestino grosso, antes do ânus) ou no ânus. No País, a instituição estima que mais de 45,6 mil novos casos devem surgir somente neste ano, e a probabilidade de óbito prematuro entre pessoas de 30 a 69 anos pode aumentar em 10% até 2030.
Diante deste cenário, a campanha Março Azul visa prevenir o surgimento e a mortalidades de câncer colorretal, através da conscientização sobre a condição e a importância do diagnóstico precoce. A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva do Ceará (Sobed-CE) explica que a adoção de hábitos saudáveis e a realização de exames preventivos, como a colonoscopia, são essenciais para reduzir os índices da doença.
Alguns costumes e histórico médico podem aumentar as chances para a condição. São exemplos desses: fumar, consumir bebidas alcoólicas, não praticar exercício físico regularmente, obesidade, ter idade superior a 50 anos e histórico familiar da doença ou já ter tido câncer (ovário, útero ou mama).
A nutricionista Emanuela Catunda, coordenadora técnica do Conselho Regional de Nutrição da 11ª Região (CRN-11), destaca que uma alimentação rica em carnes embutidas, ultraprocessados e gorduras saturadas também contribui para o surgimento da doença.
A nutrição tem um papel essencial na prevenção do câncer de intestino. Adotar uma dieta baseada em alimentos naturais, rica em fibras e nutrientes essenciais, pode reduzir significativamente os riscos da doença, reforçando a saúde intestinal e prevenindo processos inflamatórios que favorecem o surgimento do câncer."
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Alimentos que previnem câncer colorretal
A especialista explica que estudos científicos apontam que a adoção de uma dieta variada, rica em compostos bioativos e nutrientes, como fibras, vegetais, grãos integrais, gorduras saudáveis e alimentos fermentados, pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento da condição.
"A adoção desses hábitos deve ser acompanhada por um estilo de vida saudável, incluindo atividade física e a redução do consumo de ultraprocessados e álcool", destaca.
Fibras
Responsáveis por auxiliar o trânsito intestinal, reduzem o tempo de contato de substâncias tóxicas com a mucosa intestinal e alimentam os microorganismos benéficos do intestino, favorecendo a microbiota. Conhecida popularmente como flora intestinal, ela é composta por bactérias, fungos e vírus, atua na absorção de nutrientes e na proteção contra doenças.
São exemplos de itens com elevado teor da substância:
- aveia;
- arroz integral;
- quinoa;
- centeio;
- cevada;
- feijão;
- lentilha;
- grão-de-bico;
- ervilha;
- chia;
- linhaça;
- gergelim;
- frutas;
- verduras;
- legumes.
Catunda explica que a recomendação é comer cerca de 25 a 30 gramas de fibras por dia. No entanto, o percentual do nutriente varia em cada alimento. Por exemplo, duas xícaras de beterraba cozida fornecem aproximadamente 7 gramas de fibras, enquanto uma xícara de lentilhas cozidas pode fornecer cerca de 15 gramas.
Uma alimentação rica do nutriente também requer uma ingestão adequada de água, alerta a nutricionista. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a quantidade ideal de água deva ser calculada a partir da seguinte proporção: 35 mililitros para cada quilo.
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Frutas e vegetais
Fontes de antioxidantes e de compostos bioativos, frutas e vegetais são alimentos ricos em antioxidantes, flavonoides e vitaminas que combatem inflamações e protegem as células intestinais contra danos, explica a profissional. O Ministério da Saúde recomenda que cada indivíduo deve ingerir 400 gramas deles por dia.
Abaixo, veja os principais alimentos protetores do tipo:
- frutas cítricas (laranja, limão, acerola) — ricas em vitamina C, possuem ação antioxidante;
- vegetais verde-escuros (espinafre, couve, brócolis) — por conter folato, ajudam na renovação celular;
- tomate e cenoura — ricos em carotenoides e licopeno, reduzem inflamações.
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Gorduras saudáveis
As gorduras insaturadas, especialmente o ômega-3 e o ômega-6, atuam na redução de inflamações, protegendo a integridade das células intestinais, explica a nutricionista.
São exemplos de itens ricos no composto:
- Peixes (salmão, sardinha, atum);
- Oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas);
- Azeite de oliva extravirgem.
Probióticos e prebióticos
Os probióticos atuam diretamente nos fungos, bactérias e vírus benéficos do organismo, favorecendo a flora intestinal, enquanto os prebióticos são fibras solúveis que alimentam os microrganismos da microbiota, detalha Catunda. Iogurtes naturais, kefir, chucrute e kombucha são exemplos do primeiro, já alho, cebola, banana, alcachofra, aspargos são do outro.
Alimentos para evitar
Assim como previne, a dieta também pode estimular o surgimento da neoplasia maligna. A seguir, Catunda detalha quais itens devem ser evitados e por que:
- carnes embutidas (salsicha, linguiça, bacon, presunto, mortadela, salame, peito de peru) — podem possuir substâncias cancerígenas já que são submetidas a processos de cura, defumação e adição de conservantes (nitritos e nitratos). O excesso de gordura também estimula a produção da bile, que pode provocar lesões na mucosa intestinal, favorecendo a multiplicação desordenada das células.
- ultraprocessados e industrializados (salgadinhos, biscoitos recheados, cereais matinais, refrigerantes, fast food e refeições congeladas) — por conter conservantes, corantes e adoçantes artificiais podem favorecer inflamações crônicas e desregulação celular. O alto teor de açúcar e gorduras saturadas também eleva o risco de obesidade, fator de risco para o câncer colorretal.
- bebida alcoólica — ingestão excessivo de álcool pode causar irritação na mucosa intestinal, aumentando a inflamação e favorecendo mutações que podem resultar na doença.
- carne vermelha (bovina, suína e cordeiro) — consumo em excesso do item pode levar à formação de compostos tóxicos no intestino, favorecendo inflamações e danos às células.
Como substituí-los?
Embora esses alimentos aumentem o risco de câncer, o consumo moderado pode ser tolerável, desde que o paciente siga uma dieta equilibrada, explica a nutricionista. "A chave está no controle da quantidade e na forma de preparo."
A OMS e o Inca recomendam ser seguro ingerir semanalmente até 500 gramas de carne vermelha, preferencialmente cozida ou assada, evitando preparo como churrasco e o contato direto com fogo.
Já embutidos devem ser evitados sempre que possível, indica a especialista, ao citar estudos que afirmam que o consumo acima de 50 gramas por dia — cerca de duas fatias de presunto ou quatro de salame — podem elevar o risco de câncer colorretal em até 18%.
Em relação aos ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e fast food, Catunda explica que não haver pesquisas que indiquem uma quantidade segura, mas detalha que órgãos de saúde sugerem que menos de 10% das calorias diárias podem ser desses produtos.
Para substituir os itens, Catunda sugere algumas alternativas saudáveis.
- No caso de carnes processadas, há proteínas magras, como ovos, peixes e leguminosas;
- Lanches ultraprocessados podem ser substituídos por frutas, oleaginosas, queijos brancos e pastas naturais à base de vegetais ou grãos, como homus (grão-de-bico) e pasta de berinjela.
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