Março Azul: veja alimentos que podem ajudar a evitar o câncer colorretal

Conheça quais itens fortalecem a saúde intestinal e reduzem os riscos de desenvolvimento da doença

Escrito por
Carol Melo carolina.melo@svm.com.br
(Atualizado às 10:39, em 28 de Março de 2025)
Legenda: Dieta variada, rica em fibras, vegetais, grãos integrais, gorduras saudáveis e alimentos fermentados, pode reduzir significativamente as chances de desenvolvimento da condição
Foto: Shutterstock/Antonina Vlasova

O câncer colorretal, também conhecido por câncer de colo e reto ou de intestino, é o terceiro tipo mais comum da doença no Brasil e é tema da campanha de conscientização Março Azul. Neste Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal, celebrado esta quinta-feira (27), a coluna explica como a alimentação saudável pode reduzir o risco de desenvolvimento da condição. 

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a patologia é caracterizada pelo surgimento de tumores malignos no cólon (parte do intestino grosso), no reto (localizado ao fim do intestino grosso, antes do ânus) ou no ânus. No País, a instituição estima que mais de 45,6 mil novos casos devem surgir somente neste ano, e a probabilidade de óbito prematuro entre pessoas de 30 a 69 anos pode aumentar em 10% até 2030. 

Diante deste cenário, a campanha Março Azul visa prevenir o surgimento e a mortalidades de câncer colorretal, através da conscientização sobre a condição e a importância do diagnóstico precoce. A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva do Ceará (Sobed-CE) explica que a adoção de hábitos saudáveis e a realização de exames preventivos, como a colonoscopia, são essenciais para reduzir os índices da doença.

Alguns costumes e histórico médico podem aumentar as chances para a condição. São exemplos desses: fumar, consumir bebidas alcoólicas, não praticar exercício físico regularmente, obesidade, ter idade superior a 50 anos e histórico familiar da doença ou já ter tido câncer (ovário, útero ou mama).

A nutricionista Emanuela Catunda, coordenadora técnica do Conselho Regional de Nutrição da 11ª Região (CRN-11), destaca que uma alimentação rica em carnes embutidas, ultraprocessados e gorduras saturadas também contribui para o surgimento da doença.

A nutrição tem um papel essencial na prevenção do câncer de intestino. Adotar uma dieta baseada em alimentos naturais, rica em fibras e nutrientes essenciais, pode reduzir significativamente os riscos da doença, reforçando a saúde intestinal e prevenindo processos inflamatórios que favorecem o surgimento do câncer."
Emanuela Catunda
Nutricionista

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Alimentos que previnem câncer colorretal

A especialista explica que estudos científicos apontam que a adoção de uma dieta variada, rica em compostos bioativos e nutrientes, como fibras, vegetais, grãos integrais, gorduras saudáveis e alimentos fermentados, pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento da condição. 

"A adoção desses hábitos deve ser acompanhada por um estilo de vida saudável, incluindo atividade física e a redução do consumo de ultraprocessados e álcool", destaca.

Fibras

Responsáveis por auxiliar o trânsito intestinal, reduzem o tempo de contato de substâncias tóxicas com a mucosa intestinal e alimentam os microorganismos benéficos do intestino, favorecendo a microbiota. Conhecida popularmente como flora intestinal, ela é composta por bactérias, fungos e vírus, atua na absorção de nutrientes e na proteção contra doenças.  

São exemplos de itens com elevado teor da substância:

  • aveia;
  • arroz integral;
  • quinoa;
  • centeio;
  • cevada;
  • feijão;
  • lentilha;
  • grão-de-bico;
  • ervilha;
  • chia;
  • linhaça;
  • gergelim;
  • frutas;
  • verduras;
  • legumes.

Catunda explica que a recomendação é comer cerca de 25 a 30 gramas de fibras por dia. No entanto, o percentual do nutriente varia em cada alimento. Por exemplo, duas xícaras de beterraba cozida fornecem aproximadamente 7 gramas de fibras, enquanto uma xícara de lentilhas cozidas pode fornecer cerca de 15 gramas.  

Uma alimentação rica do nutriente também requer uma ingestão adequada de água, alerta a nutricionista. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a quantidade ideal de água deva ser calculada a partir da seguinte proporção: 35 mililitros para cada quilo.

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Frutas e vegetais 

Fontes de antioxidantes e de compostos bioativos, frutas e vegetais são alimentos ricos em antioxidantes, flavonoides e vitaminas que combatem inflamações e protegem as células intestinais contra danos, explica a profissional. O Ministério da Saúde recomenda que cada indivíduo deve ingerir 400 gramas deles por dia. 

Abaixo, veja os principais alimentos protetores do tipo:

  • frutas cítricas (laranja, limão, acerola) — ricas em vitamina C, possuem ação antioxidante;
  • vegetais verde-escuros (espinafre, couve, brócolis) — por conter folato, ajudam na renovação celular;
  • tomate e cenoura — ricos em carotenoides e licopeno, reduzem inflamações.

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Gorduras saudáveis

As gorduras insaturadas, especialmente o ômega-3 e o ômega-6, atuam na redução de inflamações, protegendo a integridade das células intestinais, explica a nutricionista. 

São exemplos de itens ricos no composto:

  • Peixes (salmão, sardinha, atum);
  • Oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas);
  • Azeite de oliva extravirgem.

Probióticos e prebióticos

Os probióticos atuam diretamente nos fungos, bactérias e vírus benéficos do organismo, favorecendo a flora intestinal, enquanto os prebióticos são fibras solúveis que alimentam os microrganismos da microbiota, detalha Catunda. Iogurtes naturais, kefir, chucrute e kombucha são exemplos do primeiro, já alho, cebola, banana, alcachofra, aspargos são do outro.   

Alimentos para evitar

Assim como previne, a dieta também pode estimular o surgimento da neoplasia maligna. A seguir, Catunda detalha quais itens devem ser evitados e por que:

  • carnes embutidas (salsicha, linguiça, bacon, presunto, mortadela, salame, peito de peru) — podem possuir substâncias cancerígenas já que são submetidas a processos de cura, defumação e adição de conservantes (nitritos e nitratos). O excesso de gordura também estimula a produção da bile, que pode provocar lesões na mucosa intestinal, favorecendo a multiplicação desordenada das células.  
  • ultraprocessados e industrializados (salgadinhos, biscoitos recheados, cereais matinais, refrigerantes, fast food e refeições congeladas) — por conter conservantes, corantes e adoçantes artificiais podem favorecer inflamações crônicas e desregulação celular. O alto teor de açúcar e gorduras saturadas também eleva o risco de obesidade, fator de risco para o câncer colorretal.
  • bebida alcoólica — ingestão excessivo de álcool pode causar irritação na mucosa intestinal, aumentando a inflamação e favorecendo mutações que podem resultar na doença.
  • carne vermelha (bovina, suína e cordeiro) — consumo em excesso do item pode levar à formação de compostos tóxicos no intestino, favorecendo inflamações e danos às células.

Como substituí-los?

Embora esses alimentos aumentem o risco de câncer, o consumo moderado pode ser tolerável, desde que o paciente siga uma dieta equilibrada, explica a nutricionista. "A chave está no controle da quantidade e na forma de preparo."

A OMS e o Inca recomendam ser seguro ingerir semanalmente até 500 gramas de carne vermelha, preferencialmente cozida ou assada, evitando preparo como churrasco e o contato direto com fogo.

Já embutidos devem ser evitados sempre que possível, indica a especialista, ao citar estudos que afirmam que o consumo acima de 50 gramas por dia — cerca de duas fatias de presunto ou quatro de salame — podem elevar o risco de câncer colorretal em até 18%. 

Em relação aos ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e fast food, Catunda explica que não haver pesquisas que indiquem uma quantidade segura, mas detalha que órgãos de saúde sugerem que menos de 10% das calorias diárias podem ser desses produtos. 

Para substituir os itens, Catunda sugere algumas alternativas saudáveis.

  • No caso de carnes processadas, há proteínas magras, como ovos, peixes e leguminosas;
  • Lanches ultraprocessados podem ser substituídos por frutas, oleaginosas, queijos brancos e pastas naturais à base de vegetais ou grãos, como homus (grão-de-bico) e pasta de berinjela. 

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