Kayron Albuquerque: 'Sou vitorioso por ter perdido 88 quilos com a ajuda dos amigos, sem cirurgia'

Esta é a história de um jovem de 33 anos que mudou os hábitos, abraçou a atividade física e passou a correr pela Transnordestina numa jornada para vencer limitações e recuperar a autoestima

Legenda: Kayron abraçou a atividade física para mudar de vida
Foto: Luésia Medeiros

Tudo o que Kayron Albuquerque vê quando se olha no espelho é vitória. Sua história é a de um jovem de 33 anos que mudou os hábitos, abraçou a atividade física e fez muita caminhada e corrida pelas estradas da Transnordestina. Mergulhou numa longa jornada para vencer as limitações físicas e a gordofobia enquanto tentava recuperar sua autoestima.

“Às vezes me pergunto: quem era Kayron antes e quem é hoje. Tô diferente e não é só fisicamente”, diz, aos 33 anos, diretamente na cidade de Cedro, no centro-sul do Ceará. Há menos de dois anos, ele pesava 240 quilos. Estava cansado de ouvir que secaria o açude quando pulasse lá nos momentos de lazer com conhecidos.

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Ser gordo para ele era só poder se pesar em balanças de carga, escondido. Era trabalhar num posto de gasolina e inventar uma desculpa para não admitir as limitações do seu corpo, quando precisava lavar um carro ou fazer algum serviço que demandasse mais esforço físico. 

Ser gordo para Kayron era não conseguir andar 200 metros sem ficar ofegante e não caber nos equipamentos para realizar exames e avaliar seu pulmão quando teve Covid-19 na pandemia. Ser gordo pra ele era, de fato, uma questão de saúde

Legenda: Kayron acompanha o amigo Luann em corrida, de moto
Foto: Luésia Medeiros

E este foi o start para abraçar uma jornada difícil quando foi estimulado pelos amigos a mudar de vida, em maio de 2021. Decidiu abraçar a empreitada, publicada nas redes sociais pelo amigo farmacêutico e corredor, Luann Medeiros. Outro amigo, personal trainer, lhe preparou treinos. Uma nutricionista também entrou na história em nome da amizade, com uma dieta que ia impondo restrições e limitando quantidades paulatinamente.

Estava criada uma força-tarefa que mudaria a vida de Kayron. Mas não foi fácil. As primeiras caminhadas pela praça da pequena cidade do interior eram muito curtas pelas dores na lombar. “Sempre tive dificuldade de caminhar porque passei a vida sedentário”, diz. Persistiu. Sete meses depois, havia perdido 40 quilos.

Foi aí que começaram as caminhadas com o amigo Luann pela Transnordestina. Kayron corria, dentro do seu limite, em busca de um objetivo maior: recuperar a si mesmo. Imagine só a sensação de superação quando, em dezembro de 2021, concluiu o primeiro circuito de corrida em Juazeiro do Norte.

Legenda: Kayron corria, dentro do seu limite, em busca de um objetivo maior: recuperar a si mesmo
Foto: Luésia Medeiros

“Fazia três minutos de caminhada rápida e 30 segundos de corrida, mas consegui concluir assim, no meu ritmo, sem me machucar”, lembra. Depois veio a segunda, a terceira e a quarta corrida. Hoje ele faz cinco quilômetros nos circuitos. Vitória de quem recorria à moto para se locomover 300 metros há menos de dois anos.

Ao longo de 21 meses, Kayron perdeu 88 quilos com a ajuda e o ânimo dos amigos. Com 150 quilos atualmente, ele ainda quer perder um pouco mais. Já não se importa com os comentários que ouviu durante a longa jornada de que queria apenas virar meme.

Repetia sempre, à exaustão, o mantra de não desistir. E assim foi recuperando o movimento, a respiração melhor, a autoestima. “Sou outra pessoa. Até jogar bola tô jogando. Sou muito desaforado mesmo”, diz, rindo. 

Legenda: Kayron perdeu 88 quilos com a ajuda dos amigos
Foto: Acervo pessoal

Kayron sabe que a jornada ainda não acabou. No futuro, pretende tentar fazer uma cirurgia para a retirada do excesso de pele. No presente, não tem meta de peso estabelecida. Quer seguir a vida com mais saúde, mais mobilidade, menos romantização do emagrecimento e menos gordofobia. 

Ser gordo agora vem com boa dose de superação. “Sou vitorioso por ter perdido 88 quilos com a ajuda dos amigos, sem cirurgia. Hoje sou mais realizado comigo mesmo porque posso fazer de tudo. Mudei por uma brincadeira e sigo focado”.



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