Vovô e Leão chegam em Clássico com peças-chaves e táticas definidas

Rivais cresceram de produção desde os últimos confrontos, antes do início da Série A. Com formações ajustadas, duelo promete grande choque tático entre Guto Ferreira e Rogério Ceni. Veja quem pode decidir o jogo nos dois times

Legenda: Fernando Sobral é homem de fôlego no meio-campo e no ataque alvinegros
Foto: Júnior Guimarães/cearacs.com

O primeiro Clássico-Rei da Série A em 2020 promete ser um duelo memorável entre Ceará e Fortaleza. Todos os elementos postos pela rivalidade, com os dois em ascensão: sequência de vitórias, esquemas consolidados e, hoje, na zona de classificação para Sul-Americana. A expectativa, na quarta-feira (2), às 19 horas, na Arena Castelão, é duelo de nível técnico e padrões.

Na perspectiva de análise, os estilos táticos funcionaram nos compromissos recentes e permitem uma maior confiança no momento da execução. Apesar da orientação ou individualidade, o coletivo requer resultados para firmar um conceito - repetido até ser perfeito ou facilmente anulado.

> Ceará e Fortaleza chegam com equilíbrio para Clássico-Rei

Assim, as estratégias entram em cena, principalmente por se tratar do 3º confronto entre Rogério Ceni e Guto Ferreira à beira do gramado. Em comum, a escolha pela transição em velocidade, mas com especificidades nas quatro linhas.

Na somatório do embate, inclusive, tudo igual. Pela 2ª fase do Campeonato Cearense, os tricolores ficaram com a vitória por 2 a 1, com dois tentos oriundos de escanteio. E os alvinegros devolveram o triunfo na semifinal da Copa do Nordeste, com lance aéreo convertido por Klaus. Os placares tiveram impacto no futuro, mas chegamos no novo Clássico-Rei com times mais consistentes dos pontos favoráveis e limites do plantel.

Atacar com inteligência

Em si, cada um dos times pode explorar bem a vulnerabilidade do outro, o que torna o confronto mais interessante do quesito tático. As estratégias mudam de acordo com os momentos do jogo, seja de ataque ou defesa, e tem influência na construção dos lances.

Com trabalho mais consolidado pelo período de continuidade, Ceni arma um Leão no 4-4-2, em que há quatro atacantes escalados: dois pelo setor interno e mais uma dupla aberta nos lados. A mobilidade é importante para o mecanismo funcionar e tem passos orientados para gerar espaços ou construção do 1 a 1.

Legenda: Romarinho, no esquema tático de Ceni, pode atuar como um "falso 10"
Foto: Thiago Gadelha

O preenchimento coletivo tem como objetivo conseguir uma superioridade numérica no momento da finalização. Para tal, o goleiro Felipe Alves se destaca ao reter a bola quando necessário, para aliviar a pressão, ou mesmo esticar com lançamento e, em transição acelerada, culminar com o melhor ataque.

A lógica é: atrair um marcador no arqueiro, desestabilizar a compactação e ser agressivo (um dos muitos contextos de saída de bola). O cronograma do jogo é, de fato, aleatório, mas o que faz o Fortaleza ser apontado como 'bem treinado' são os repertórios para vencer situações específicas de jogo, seja a administração de bola, a quantia de sprints e o número de contra-ataques obtidos.

Fôlego e vigor físico

A filosofia técnica ganha um atributo a mais na ótica alvinegra: o vigor físico e o uso desse aspecto para encontrar o adversário menos postado. O Ceará se defende para atacar em característica muito trabalhada por Guto desde a chegada e a escolha tática campeão na Copa do Nordeste.

Isso porque o plantel tem linhas próximas no 4-2-3-1 e uma reação rápida com e sem a bola. Os elementos exigem o Vovô mais efetivo para definir as jogadas no último terço.

O fluxo obedece uma sistemática nas posições, com baixa rotatividade, mas funções extremamente aplicadas. O cerne de tudo, inclusive, é o poder de recuperação da posse. O curioso é que não se recebe a bola para trabalhar o passe, e sim, acelerar o jogo a fim de atacar enquanto as linhas adversárias ainda se formam. Seja com infiltrações pelo meio ou ampliando a profundidade do campo com os extremos, o Vovô persegue o detentor da bola com obsessão. Por isso, comete faltas técnicas, tentando o desarme para contra-atacar no ponto da retomada. E esse local pode ser até a grande área rival, com uma pressão iniciada com Cléber e Vina atrapalhando a organização rival.

De modo lógico, a estrutura do Vovô é pensada para anular e fazer falhar o time que enfrenta. A perspectiva mostra um estilo próprio que produz a vantagem na imposição, com desarme no jogo de solo, ganho no lance aéreo e redução de possibilidades de passe.

Como um organismo, o equipe também se retrai para trazer o oponente e o agredir nos espaços produzidos por esse avanço. Assim, as individualidades têm peso no ataque.

Chaves em campo

Alinhado ao painel tático, os times apostam em protagonistas para gerar desequilíbrio. E dois nomes conseguem se destacar no caminhar do gol: Wellington Paulista e Cléber.

Os dois centroavantes vivem grande fase, são importantes no jogo aéreo e também se mostram voluntariosos na marcação, apesar de camisas 9.

Para municiá-los, no entanto, os coadjuvantes têm papel decisivo para o funcionamento do todo e, hoje, atendem por Osvaldo e Fernando Sobral. O primeiro é o talento individual do Fortaleza, o responsável pelo 1x1 e a jogada mais aguda. Já o segundo é o pulmão do Ceará, com intensidade na condução da defesa e do ataque.

Na perspectiva da dualidade, o meia Vina e o atacante Romarinho funcionam em comparativo pela busca de espaços no último terço. É evidente, as posições são distintas, mas ambos ocupam a faixa central. Do lado do Vovô, um é o cérebro do coletivo, encontrando espaços para avanço ou arriscando da intermediária. Já o Leão tem no atleta uma peça aguda que faz o 'falso 10', capaz de auxiliar o centroavante, atrair a marcação e aparecer como elemento surpresa. Todos são repertórios para o grande duelo.

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