O terceiro, e último, dia do julgamento do ex-jogador Daniel Alves, de 40 anos, acusado de ter estuprado uma mulher, de 23, acontece nesta quarta-feira (7), na Audiência Nacional (principal instância judicial da Espanha), em Barcelona. Caso seja condenado, a pena de Daniel pode variar entre 9 e 12 anos de prisão.
Após dezenas de depoimentos de testemunhas e da vítima, esse último dia de audiências será dedicado à medicina forense (forenses, psicólogos, analistas científicos, provas biológicas), documental (com visualização de vídeos de câmaras de segurança) e ao depoimento do ex-atleta. Além da entrega de relatórios e a conclusão do processo.
No início do julgamento, Daniel, que esteve presente todos os dias no tribunal, seria o primeiro a falar perante os magistrados, contudo, seu depoimento passou a ser o último, graças a um pedido, feito pela defesa do jogador durante a fase de questões técnicas, e aceito pela juíza Isabel Delgado Péres.
DEFESA DO EX-JOGADOR
Segundo a imprensa espanhola, a defesa do ex-jogador deve apresentar, pela quinta vez, uma nova versão para o que teria acontecido na noite do possível crime. Nesta nova versão, Daniel vai declarar que estaria embriagado na madrugada em questão. A defesa sustenta que ele “não tinha plena consciência do que fez”.
Testemunhas de defesa, que prestaram depoimentos anteriormente, reforçaram essa nova versão. A esposa dele, Joana Sanz, contou que o jogador chegou em casa bêbado na noite do ocorrido. O cozinheiro e amigo de Daniel Alves, Bruno Brasil, em seu depoimento contou que o jogador “foi quem mais bebeu” na boate.
Conforme depoimentos, o grupo teria se reunido no meio da tarde do dia 30 de dezembro de 2022, no restaurante Taberna del Clínic. No início da madrugada, eles teriam ido para o bar Nuba e só depois tomaram o caminho da boate Sutton.
Segundo a imprensa local, alegar embriaguez faz parte da estratégia da equipe de defesa de Daniel Alves para tentar um atenuante de pena (causas de diminuição de pena por um crime), em caso de condenação.
DEPOIMENTOS
Na segunda-feira (5), primeiro dia do julgamento, a vítima, que depôs durante cerca de uma hora e 15 minutos, a portas fechadas, com a voz distorcida e sem contato visual com o acusado, reforçou que foi agredida sexualmente por Daniel Alves, posição que mantém desde o início. Uma amiga e uma prima da denunciante, que estavam juntas na boate, também prestaram depoimento.
Já na última terça-feira (6), segundo dia do julgamento, policiais que participaram do atendimento à denunciante e da detenção de Daniel Alves também prestaram depoimento. Um deles assegurou que as câmeras de segurança corroboram totalmente a versão da mulher que fez a denúncia.
PRISÃO PREVENTIVA
Daniel Alves foi preso, preventivamente, no dia 20 de janeiro de 2023. O ex-jogador chegou a ter quatro pedidos de liberdade provisória negados pela Justiça da Espanha, usando como argumento o risco de fuga para o Brasil.
Daniel está preso no Centro Penitenciário Brians 2, nos arredores de Barcelona. O Ministério Público pede nove anos de prisão. A defesa da mulher quer 12 anos — pena máxima para esse tipo de crime no país. Não há prazo definido para a apresentação do veredito e da sentença final.
RELEMBRE O CASO
No dia 31 de dezembro de 2022, o diário ABC revelou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na casa noturna Sutton no dia anterior. A mulher esteve acompanhada por amigas a todo o instante, e a equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia, que colheu o depoimento da vítima.
No dia 10 de janeiro de 2023, a Justiça espanhola aceitou a denúncia e passou a investigar o jogador brasileiro. Inconsistências nas versões dadas pelo atleta à Justiça, além da possibilidade de fuga do país europeu, fizeram com que a juíza Maria Concepción Canton Martín decretasse a prisão no dia 20 de janeiro de 2023.
Durante o período em que está recluso, o brasileiro mudou o seu depoimento várias vezes. Nas contradições, Daniel Alves chegou a dizer que não conhecia a mulher que o acusava. Depois, argumentou que houve relação sexual com ela, mas de forma consensual.
No meio do processo, ele trocou de advogado e teve negado outros recursos para responder em liberdade. Daniel também deu entrada em um processo de divórcio com a modelo e empresária espanhola Joana Sanz, que acabou não indo adiante.