A substância identificada no exame antidoping da jogadora de vôlei Tandara, 32, foi a ostarina, segundo divulgou nesta sexta-feira (6) a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). A oposta da Seleção Brasileira foi cortada das Olimpíadas de Tóquio pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), após resultado do teste feito em 7 de julho.
Proibida em competição e fora dela, a ostarina pertence à classe S1 da lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (Wada), sendo um agente anabolizante. É um tipo de SARM, modulador seletivo do receptor de androgênio, criado na década passada para o tratamento de doenças como osteoporose.
Trata-se de um medicamento experimental, mas não foi aprovado por agências reguladoras de todo o mundo. No corpo, causa atrofia muscular, oferecendo os mesmos benefícios dos anabolizantes, mas com menos efeitos colaterais.
Funções da ostarina
O ostarina proporciona aumento de massa muscular e redução do peso com a eliminação de gordura, aumento da espessura óssea e melhora da saúde de tendões e ligamentos.
Pelo resultado do exame, Tandara foi cortada dos Jogos de Tóquio horas após a entidade receber a informação sobre a suspensão provisória dela, também nesta sexta (6).
Conforme a ABCD, órgão ligado ao Governo Federal, os procedimentos desse caso "seguiram todos os padrões internacionais estabelecidos pela Agência Mundial Antidoping".
A coleta do material biológico da jogadora foi realizado fora de competição, no centro de treinamento do vôlei brasileiro em Saquarema (RJ). Na ocasião, todas as integrantes da Seleção foram testadas.
"Ao receber, no dia 5 de agosto de 2021, o resultado do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), único credenciado pela Wada na América Latina, foi constatada a presença da substância ostarina, que pelo Código Brasileiro Antidopagem implica na aplicação obrigatória de uma suspensão provisória da atleta", informou a ABCD.
A entidade disse que o caso correrá em sigilo para proteger os direitos da jogadora.
Como a notícia chegou à Seleção
Por decisão do COB, Tandara foi cortada do grupo ainda nesta sexta e viajou de volta ao Brasil antes de a Seleção derrotar com facilidade a Coreia do Sul nas semifinais e se garantir na final das Olimpíadas.
O aviso da ABCD chegou por e-mail. O primeiro a ver foi Jorge Bichara, diretor de esportes do COB, por volta de 1h da manhã (no horário do Japão). A mensagem não continha a informação sobre qual substância teria provocado a suspensão.
A primeira reação foi chamar outros membros da entidade para pensar o que seria feito, enquanto as jogadoras dormiam. Dirigentes do COB relataram estranhamento pelo fato de o resultado ter sido enviado na véspera do jogo mais importante para a Seleção desde a final dos jogos de Londres, em 2012.
Com a comissão técnica comandada por José Roberto Guimarães, foi decidido que o melhor seria evitar o contato de Tandara com as demais jogadoras, para evitar comoção.
Segundo pessoas que participaram das conversas em Tóquio, a atleta alegou ter feito um tratamento para regular a menstruação com uma substância que é um estimulante da produção de testosterona.