Mil Dias no Leão: Ceni fala sobre momentos marcantes e futuro; veja 2ª parte de entrevista

Confira parte da entrevista exclusiva do treinador ao Sistema Verdes Mares

Legenda: Rogério Ceni tem contrato com o Fortaleza até o fim da Série A do Campeonato Brasileiro
Foto: Kid Júnior / SVM

Rogério Ceni completa mil dias como treinador do Fortaleza neste 29 de setembro de 2020. Com títulos consecutivos e inéditos na história centenária do clube, como a conquista da Série B do Campeonato Brasileiro, o ex-goleiro é tido como um dos principais técnicos do Leão. Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, falou sobre os planos para continuidade no clube e próximos desafios.

Confira a primeira parte da entrevista de Ceni

Confira a segunda parte do material exclusivo:

Legenda: Treinar o Fortaleza faz Ceni "mais feliz", segundo ele mesmo
Foto: Kid Junior

Você tem um bom relacionamento com os atletas, mesmo sendo muito exigente. Como ser tão bem aceito no auge da raiva e da cobrança?

"Eu tento sempre ser transparente, sincero e honesto, dentro das minhas convicções, e eu as tenho e coloco em prática. Eu conheço gente. Uma das coisas que eu mais conheço são pessoas. Não falo só de atletas, mas gente que se aproxima, que estão em volta, que você vê na televisão, no estádio, pessoas na rua, simples, torcedor. Eu tenho orgulho de conhecer as pessoas e identificar logo com o interesse, a postura daquela pessoa. E nos treinos, eu cobro realmente muito deles. Às vezes, até excessivamente. Mas eles sabem que é sempre uma questão profissional. Nunca é uma questão pessoal, com nenhum deles. Às vezes, acaba os 90 minutos... Eles até retrucam e brigam comigo no treino, e eu gosto, porque isso incita muito a competitividade, a eles darem uma resposta. Alguns são mais calados, outros mais extrovertidos, mas quando acaba o treino, acaba todas as cobranças. Mostro pra eles o que tem de errado, e no jogo é a mesma coisa. Claro que quero a vitória, mas não é por uma derrota que vou mudar meu comportamento pessoal com cada um deles. Profissional, eu vou cobrar sempre. Se eu não puder cobrar o atleta que trabalha comigo, eu não vou fazer o meu trabalho bem feito".

Você sempre defende a continuidade. Gosta de comer no mesmo canto, morar no mesmo canto... O que esse seu gosto pela continuidade pode dizer ao torcedor do Fortaleza?

"Eu sou muito feliz aqui. Isso é o mais importante. Eu trabalho feliz, tenho um grupo de atletas que, se pudesse ter um maior número de jogadores, e tudo, seria bom. Mas sou muito feliz com eles todos os dias, sou extremamente bem recebido pelas pessoas. O povo cearense é alegre por si só, tá sempre sorrindo, gosta de estar perto. Então, viver aqui, para mim, não é só o Fortaleza clube, mas a cidade como um todo. Olhar o mar, isso traz uma paz de espírito. Eu olho todos os dias pro mar, que é o que traz uma energia boa para trabalhar. Sou muito feliz no Fortaleza, não tenho problema nenhum por ser clube do Nordeste, ou algo que as pessoas pensem. Eu só quero ter, cada vez mais, condições de brigar por coisas maiores. Eu não quero ficar estagnado, não eu como treinador. Eu não quero que o clube fique estagnado nas mesmas brigas durante anos. Eu não quero viver para tentar não cair. Eu quero viver para tentar coisas maiores. E, para isso, precisamos de mais investimentos, melhores contratos, para trazer cada vez mais melhores atletas e sonhar mais alto e, quem sabe, fazer um projeto um dia para estar na Copa Libertadores".

Acha que pode levar o Fortaleza para a Libertadores?

"Eu posso ter objetivos aqui dentro (aponta para a cabeça), aqui dentro (aponta para o coração) e aqui dentro (no clube), mas temos que ser realistas e não vender ilusões ao torcedor. Acho que o principal feito seria se manter mais um ano na Série A, principalmente pela ausência do nosso torcedor no estádio, que tem um peso muito grande".

Qual momento mais marcante que viveu no Fortaleza? O dia do seu mosaico, no jogo contra o São Paulo?

"Pra mim, o dia do mosaico, quando sobe a minha imagem, aquela foi uma das homenagens mais significantes da minha carreira como um todo. Não é só da história no Fortaleza, e sim, dos 30 anos dentro do futebol. Foi uma das coisas que mais me emocionou. Eu não sabia, de fato... Nunca imaginei que seria algo daquela dimensão. E contra o time que joguei a minha vida toda como atleta. O time que mais significou pra mim como atleta, o São Paulo, e o time que mais significou pra mim como treinador, o Fortaleza. Aquele dia foi espetacular e um dos mais marcantes que eu já pude viver".