Mil Dias no Leão: Rogério Ceni diz ser 'uma pessoa mais feliz' no comando do Fortaleza

Treinador se declara ao clube e à Capital cearense, fala sobre seu cotidiano de trabalho e diz que quer buscar metas mais ousadas no Tricolor de Aço

Legenda: Técnico do Fortaleza fala sobre seus mil dias no Fortaleza
Foto: Kid Junior

Permanecer mil dias no mesmo local é tempo considerável em qualquer profissão. Quando se fala de treinador de futebol, é algo ainda mais raro. Desde que foi apresentado, em 15 de novembro de 2017, Rogério Ceni completa hoje o milésimo dia trabalhado como técnico do Fortaleza. Um período transformador para o clube e para Ceni.

Em quase três anos, o Tricolor conquistou os principais títulos da história centenária, como a Série B do Campeonato Brasileiro (2018) e a Copa do Nordeste (2019), além de um Campeonato Cearense (2019). Acesso e permanência na Série A, além de classificação inédita para uma competição internacional, aumentam a lista de feitos do "Mito" no comando técnico do clube.

Ouça o FortalezaCast

Mas se trata de uma relação mútua. O Leão também fez Rogério crescer bastante, como treinador e até mesmo como pessoa. O próprio Ceni admite isso, ao afirmar que "o Fortaleza me fez reviver emoções".

Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, Rogério revela o momento mais marcante deste período, como o Tricolor o transformou não somente como treinador, mas como pessoa, e os sonhos que projeta para o clube e para si no futuro.

Da sua parte, a que você credita tanto tempo no comando do mesmo clube?

Da minha parte, o mesmo profissionalismo que eu tive na minha carreira inteira. A dedicação, estar todos os dias aqui... Eu estou há mil dias no Fortaleza e nunca perdi um treino. Eu nunca quis ficar em São Paulo um dia a mais, para que não pudesse dar treino. Nunca, nem um dia, nem doente, nem com febre, nem com nada, eu deixei de dar treino aqui no Fortaleza. Eu já fiquei suspenso dois jogos, mas estive presente com o clube... Tenho orgulho em dizer que, nesses mil dias, eu trabalhei todos eles, sem exceção. Eu gosto muito de trabalhar. Trabalhar é uma grande paixão que tenho na minha vida.

Confira a segunda parte da entrevista com Rogério Ceni

As mudanças do Fortaleza nesse período são visíveis. De títulos, financeiras, de estrutura, etc. Quais as mudanças que você, Rogério Ceni, teve pessoalmente, dentro de você?

Eu sou uma pessoa mais feliz, mais alegre. Eu acho que o clima, o calor, a alegria contagiante do povo do Nordeste, do nosso Estado, da nossa cidade, influenciam bastante nisso. Também perdi um pouco de cabelos (risos), porque aqui a gente não tem só que se preocupar com o futebol em si. Nos preocupamos com várias outras coisas, e acaba havendo alguns desgastes. Mas eu sou extremamente grato e muito feliz pela oportunidade que a vida me deu de estar há cerca de três anos morando e trabalhando no Nordeste.

O Fortaleza te fez reviver para o futebol?

O Fortaleza me fez reviver aquelas emoções que eu sentia quando jogava pelo São Paulo. Morumbi, casa cheia, noites de Libertadores, e até com o próprio Fortaleza, uma dessas noites foi contra o Independiente, noite muito especial. Mas desde a Série B, com grandes públicos, quando tivemos o acesso, jogar com casa cheia, ter um time que põe 60 mil pessoas, já era sempre muito especial.

Legenda: Ceni falou sobre metas e o futuro no clube
Foto: Kid Junior

Você tem noção do tamanho que tem no Fortaleza?

Eu vejo pelas pessoas na rua, no estádio... Nas derrotas, sou um cara ruim. Tá no pacote isso. Mas vejo o carinho de todos. No táxi, no aeroporto, na padaria. O que acho mais legal é a melhoria que essa época trouxe pra vida de cada um aqui dentro do clube, e também pro orgulho do torcedor, que bate no peito e diz que é campeão nacional, o título da Copa do Nordeste, jogar uma competição internacional, é motivo de orgulho. E pra mim também é, sem dúvida nenhuma. Estou no meu quarto ano de carreira como treinador e, ter alguns feitos tão importantes como esse, gera orgulho e satisfação e fico muito feliz.