Edson Fernando e outros dois brasileiros conseguiram entrar da Hungria com a ajuda de uma conterrânea
O volante brasileiro Edson Fernando, que atuava pelo time ucraniano Rukh Lviv, conseguiu deixar a Ucrânia, nessa segunda-feira (28), ao atravessar a fronteira da Hungria. Antes de conseguir fugir da guerra que acontece no país do leste europeu, após a invasão da Rússia, o atleta pensou em desistir e retornar a cidade de Lviv, onde residia desde janeiro.
O jogador, natural do Rio Grande do Norte, contou com a ajuda da brasileira Clara Magalhães, que mora na Europa e se mobilizou com outros brasileiros que vivem no continente para criar a Frente BrazUcra, com intuito de auxiliar compatriotas a saírem do país do leste europeu.
Além de Edson Fernando, o brasileiro Talles Brener, que também atuava no Rukh Lviv, e a namorada dele, Jéssika Ariani, conseguiram sair da Ucrânia no mesmo comboio.
"Graças a Deus estamos bem, estamos seguros. Nos últimos dias, a gente já não tinha mais forças, mas graças a Deus a Clara apareceu, junto com todo o grupo, e pode me tirar daquele país."
Nas redes sociais, nesta terça-feira (1º), o ex-atleta do Bahia informou que já está na capital da Hungria, Budapeste, de onde pegará um voo para o Brasil.
Edson Fernando deixou a cidade de Lviv, localizada no Oeste da Ucrânia, após o início dos bombardeios realizados pela Rússia, na última quarta-feira (24). Ele, Telles e Ariani buscaram juntos uma solução para chegar à Polônia e retornar ao Brasil.
Entretanto, o trio passou quatro dias na fronteira, mas não conseguiu passar para o lado polonês. Segundo informações do portal G1, os três passaram fome e frio no período.
"A gente já estava exausto, já pensava em desistir e voltar para a nossa cidade, lá em Lviv. Já tínhamos andado duas horas a pé, com mala, paramos num posto para comer, onde ficamos por volta de duas ou três horas sentados em um frio enorme. A gente não tinha o que fazer, não podia entrar nos lugares e ficar, porque o pessoal da Ucrânia expulsava a gente", relembrou.
Os três chegaram a solicitar um táxi para voltar para a cidade ucraniana, mas o veículo não apareceu. Ao saírem para comprar comida, os amigos do jogador avistaram Clara Magalhães. A brasileira entrou no país a bordo de um carro com uma bandeira do Brasil desenhada em um papelão, e foi assim que encontrou os companheiros de Edson.
"Foi um anjo que apareceu em nossa vida", disse o atleta sobre a conterrânea.
16 horas em fila para entrar na Hungria
Conforme Edson, Clara ainda resgatou no comboio um nigeriano e uma ucraniana. O grupo se dirigiu para a fronteira da Eslováquia. Após seis barreiras militares, ele se depararam com uma fila de cerca de 40 km de carros na fronteira eslováquia.
Em seguida, eles decidiram seguir viagem até a fronteira com a Hungria, onde se depararam com uma fila de apenas 4 km de veículos, onde decidiram aguardar. Ao todo, o comboio esperou mais de 16 horas para conseguir entrar no país.
"Essas 16 horas foram como 16 minutos para gente. A gente estava dentro do carro, bem alimentado, com pessoas que estavam tentando nos ajudar", lembra Edson.