Treinador ainda comenta sobre vida pessoal, família e relação com os jogadores
O argentino que conquistou o coração da torcida do Fortaleza, Juan Pablo Vojvoda, está mais tricolor do que nunca. Depois de acertar sua renovação no clube por mais duas temporadas, o treinador entra no seu terceiro ano seguido como comandante de uma geração vencedora no Pici.
Depois de se consagrar como um dos maiores treinadores que já passaram pelo Leão, Vojvoda voltou a se desafiar à frente do Fortaleza e nos objetivos de crescimento do clube. O treinador mais cobiçado do país ao fim da temporada optou pela continuidade de um trabalho vencedor. Segundo o argentino, o desafio de se superar junto ao projeto da diretoria tricolor foi determinante para sua permanência. Além da segurança que o clube provou oferecer.
"Essa decisão foi pelo projeto do clube. Muitas vezes falamos que nos momentos bons tudo está com o vento a nosso favor. Mas nos momentos ruins que tivemos ano passado, quanto a resultamos, sentimos de toda comissão técnica e todo o clube um apoio de toda a estrutura. Eu vejo uma estrutura por trás do resultado. O resultado é importante, dependemos do resultado, o dia a dia é importante, mas isso tem um sustento em uma estrutura também. Que não é só academia, ou o material e ferramentas, é também os recursos humanos. E eu acho que nas decisões que são difíceis para um treinador essas questões pesam na balança", revela.
Juan Pablo Vojvoda tem 122 jogos como treinador do Fortaleza. São 59 vitórias, 29 empates e 34 derrotas. O treinador conquistou pelo clube dois Campeonatos Cearenses, uma Copa do Nordeste, a melhor campanha do Leão na Série A com vaga direta na Libertadores, melhor campanha na Copa do Brasil até as semifinais e mais uma vaga na Libertadores no ano passado.
Mesmo assim, a vontade do treinador é alcançar ainda mais. Para isso, é imprescindível que o clube acompanhe esse desejo.
"Tenho dedicado minha vida nesses últimos dois anos ao Fortaleza. Tudo que eu faço é com vontade, paixão e porque eu gosto de fazer. Eu estou aqui porque decidi continuar por um decisão pessoal e profissional. Estou bem na cidade, mas preciso que o clube continue crescendo no trabalho desses dois anos. Eu quero continuar nesse projeto como continua o Marcelo Paz e todos que estão ao redor que querem que o Fortaleza continue nesse caminho, e esse caminho é superar o ano passado. É muito difícil, nem todos os anos podemos fazer o que fizemos, mas vamos lutar para poder fazer", afirma.
Relação com os jogadores
Muito querido pelo vestiário do Tricolor, sua permanência foi clamada pelos jogadores no último jogo da temporada de 2022 contra o Santos, quando o time conquistou acesso para a Libertadores pelo segundo ano seguido depois de passar um turno inteiro na zona de rebaixamento.
A boa relação, de acordo com Vojvoda, passa pela convivência próxima que ele zela em manter no dia a dia junto com todo seu elenco.
"Alguns (jogadores) vão gostar de mim e outros nem tanto. Mas eu acredito que as pessoas às vezes olham para o jogador de futebol como uma máquina. Mas primeiro que isso é uma pessoa, que joga futebol. Isso é o primeiro que há que se compreender. Esse é meu trabalho, meu trabalho é escolher, às vezes tenho que escolher um e às vezes outro, mas como pessoas o tratamento tem que ser o mesmo. Acho que isso é o principal que todos temos que ter, tratar os jogadores como pessoas que têm seus problemas. A torcida julga pelo que vê dentro de campo, mas eu estou todos os dias com o jogador. E muitas vezes me questionam 'porque não joga este jogador?' e algumas vezes é porque ele teve um problema pessoal, ele não está bem, ou um está mais motivo que o outro. E é por isso que temos que estar perto do jogador no dia a dia. Estar mais perto da pessoa e também poder o brindar com a parte tática para que possa crescer, porque se ele cresce como pessoa, vai crescer como jogador também", destaca.
A proximidade com seu vestiário possibilita que o treinador consiga conhecer bem seu elenco e brincar com suas escolhas nas escalações. Já é marca registrada do treinador surpreender nas escolhas dos seus titulares de partida para partida. E em 2023 essa prática deve aumentar.
"Temos um time muito competitivo internamente e com muita concorrência e tenho que escolher seguindo o rendimento. Eu vou errar. Sempre falo para meus jogadores que eles erram dentro de campo porque estão continuamente jogando, dando passes, tentando dribles, como não vão errar? E eu estou continuamente tomando decisões e também vou errar, mas vamos tentar cortar essa margem de erro e para isso precisamos de muito trabalho e foco em cada treinamento e em cada jogo", pontua.
Vojvoda como pessoa e família
Longe das redes sociais, o treinador não gosta de holofotes na sua vida pessoal e foca no trabalho diário. No tempo livre ele dá preferência pela tranquilidade de ficar em casa ou caminhar nas praias da cidade.
Marido e pai de três filhos, ele passa boa parte do ano distante da sua família, que vive na Argentina. Mas durante as férias das crianças, ele aproveita para curtir momentos com os filhos que compartilham a paixão por futebol.
"Eles são muito apaixonados por futebol, apoiam e sempre que o Fortaleza joga eles se prendem na TV e assistem às partidas. Quando estão aqui (em Fortaleza) querem vir aos treinamentos e estão muito apaixonados em ir ao estádio", revela.
Na estreia da temporada de 2023, contra o Iguatu no último sábado (14), dois dos três filhos de Vojvoda estiveram nas arquibancadas do Presidente Vargas acompanhados da mãe. Mas o foco do treinador durante a partida é outro.
"Nesses momentos, sou totalmente sincero, esqueço a família e o mais importante é os jogadores que estão me defendendo. Porque os jogadores que estão defendendo o Fortaleza, defendem o treinador e defendendo a mim defendem a minha família também. Durantes essas duas horas os mais importantes são eles", confessa.
Apoio da torcida
Vojvoda recebeu homenagem da torcida na Arena Castelão quando ainda não havia renovado seu contrato. Os mosaicos feitos para o treinador o emocionaram à beira de campo. Todo o carinho dado pelo torcedor é recíproco, e Vojvoda compreende também a responsabilidade que carrega por isso.
"Necessitamos deles em cada partida. Necessitamos do apoio deles e recebemos. Mas nossa responsabilidade é de brindar a eles alegria, compromisso e trabalho. E o torcedor do Fortaleza é isso, eles levam no próprio sangue. Vão ao estádio ver o time e o mais importante que todo clube tem sempre é seu torcedor. O treinador é importante, os jogadores são importantes, a diretoria é importante, mas o que continua é a paixão do torcedor. Temos que ter essa responsabilidade de estar muito compromissados com a instituição e temos que fazer sentido em pertencer a esse clube. E o lugar mais importante é onde estamos agora. Ou seja, o lugar mais importante para a comissão técnica e para os jogadores é o Fortaleza e as cores do Fortaleza", afirma.