Elas no Esporte: Adriana Samuel lembra pioneirismo da conquista da medalha feminina em Olimpíadas

A medalhista de prata nos Jogos de Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000, no vôlei de praia, também foi inspiração para o irmão Tande, medalhista olímpico de Barcelona 1992.

Legenda: Adriana Samuel (à direita) e Mônica Rodrigues fizeram a final no volei de praia com outra dupla brasileira, Jaqueline e Sandra

Carregar no currículo uma trajetória olímpica! Todo atleta de alto nível deseja passar por esse processo. Ser pioneira na conquista da medalha feminina do Brasil em Olimpíadas aumenta a responsabilidade, principalmente quando se remete ao legado deixado na categoria.

Essa história foi vivida pela ex-atleta de vôlei Adriana Samuel, na parceria com Mônica Rodrigues. As duas conquistaram a primeira medalha olímpica em Atlanta, em 1996. 

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“Quando a gente chega no cenário olímpico, eu e a Mônica, Jaqueline e Sandra também, as duplas que representaram o Brasil... Meu Deus do céu! Foi euforia, alegria por tudo que a gente estava conquistando. Encaramos com muita responsabilidade a competição. Sabíamos da dificuldade de chegar a esse momento. Nós éramos responsáveis desde montar as nossas redes até a parte técnica. Não tínhamos na época um treinador”
Adriana Samuel
Ex-atleta olímpica do Brasil

Em 1896, foi o ano da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Mas, apenas 100 anos depois, foi que o Brasil viu mulheres subindo ao pódio no vôlei de praia. “O Brasil pela primeira vez viu a gente recebendo uma medalha olímpica para o País. Uma mulher nunca tinha conquistado uma medalha olímpica e nós conquistamos logo duas. A gente acabou criando uma responsabilidade para o futuro. Conquistamos um feito inédito: ter duas duplas femininas numa final de Olimpíada. A Shelda “Sheldinha” conquistou prata depois. Mas, o ouro foi através da nossa geração”, destaca.

 Adriana trocou a quadra pela areia. A decisão na década de 90 não foi muito bem vista por alguns, mas a atleta “quebrou” algumas barreiras e provou que era possível ser referência na modalidade. O amor pelo vôlei foi um sentimento vivenciado pela família. A ex-atleta foi incentivo para o irmão mais novo Tande, o ex-ponteiro da Seleção Brasileira de Vôlei, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992. “Tande é mais novo que eu, roubava todos os meus uniformes (risos). Com a conquista da medalha deles - Maurício, Geovane, Tande - em 1992, ele se tornou conhecido e famoso. Mas, o início dele foi me seguindo. Eu com 12 anos, ele com 9. Às vezes, eu apanhava o ônibus para treinar. Quando eu olhava no fundo do ônibus, quem estava? Tande escondido querendo ir treinar também”, conta Adriana.

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Uma relação de amor que impulsionou o irmão e como toda história. Algumas situações inusitadas. “Quando eu ganhei o primeiro uniforme da Seleção Brasileira, foi o sonho da minha vida: camisa 7 Adriana. O Tande, de tanto ir acompanhar meu treino, foi convidado pelo técnico para treinar. Um dia, eu chego na quadra e lá estão ele e os amiguinhos dele treinando. Todos estavam com a minha blusa “Adriana 7 Brasil”. Tande estava com o meu tênis novinho. Eu tinha ganho e ainda não tinha usado. Só pensei: garoto, eu vou te matar”, comenta, rindo.

Projeto Social

Após se aposentar das areias, em 2002, Adriana aproveitou a veia incentivadora para apoiar centenas de jovens para a prática esportiva.

Atualmente, no Rio de Janeiro, ela está à frente de projetos sociais. A iniciativa já tem mais de 16 anos. A ideia é formar atletas, profissionalizar adolescentes em busca do sonho. “O esporte mudou a minha vida. Nunca passamos por necessidades, mas mudou minha vida, do meu irmão. Através do vôlei eu conheci lugares que nunca achei que iria conhecer. E eu queria retribuir para a sociedade esse poder que o esporte proporciona. Ajudar um jovem me deixa muito feliz”.

Olimpíadas de Tóquio 2020

A primeira fase da disputa dos jogos do vôlei de praia acontece entre os dias 24 e 31 deste mês. As rodadas eliminatórias serão disputadas do dia 1º a 7 de agosto.

As duplas que irão representar o Brasil no torneio são:

Chave feminina

Ágatha e Duda estão no Grupo C ao lado das canadenses Bansley/Brandie, das chinesas Wang/Xia e das argentinas Gallay/Pereyra (ARG).

Ana Patricia e Rebecca (cearense) jogam no Grupo D ao lado das americanas Claes/Sponcil, das letãs Kravcenoka/Graudina e das quenianas Makokha/Khadambi (QUE).

Chave masculina

Alison e Álvaro Filho estão no Grupo D, ao lado dos holandeses Brouwer/Meewsen, dos americanos Lucena/Dalhausser e dos argentinos Azaad/Capogrosso.

Bruno Schmidt e Evandro caíram no Grupo E, ao lado dos poloneses Fijalek/Bryl, dos chilenos Marco Grimalt/Esteban Grimalt e dos marroquinos Elgraoui/Abicha.