Dívida do Corinthians aumentou em R$ 829 milhões em um ano; contas são reprovadas
Diretoria não apresentou contrato do astro Memphis Depay ao órgão fiscalizador

O Conselho Deliberativo do Corinthians reprovou, nesta segunda-feira, as contas relativas a 2024, primeiro ano da gestão do presidente Augusto Melo. Foram 130 votos favoráveis à reprovação e 73 contra de um total de 209 conselheiros que se apresentaram para votação - e seis abstenções. A decisão, conforme determinado pelo estatuto do clube, pode desencadear um novo pedido de impeachment contra o dirigente.
Durante a reunião no Parque São Jorge, para recomendar a reprovação das contas, o Conselho de Orientação (CORI) apresentou um parecer, ao qual o Estadão teve acesso, em que aponta que o passivo total do clube teve um aumento de R$ 829 milhões ao longo do ano passado.
Tal valor é maior do que os cerca de R$ 600 milhões demonstrados no balanço financeiro apresentado pela diretoria para aprovação das contas. O parecer lista diversos outros motivos ligados à falta de transparência, como, por exemplo, a não apresentação do contrato do astro Memphis Depay ao órgão fiscalizador.
"Tendo em vista os relevantes valores de pagamentos ao jogador divulgados pela imprensa não pudemos opinar sobre a valores pagos pelo patrocinador e pagos pelo clube que podem ter impacto relevante junto aos valores orçados e impacto no fluxo de caixa do clube", diz o texto.
Ao final do documento, o CORI conclui que a "reprovação preserva a instituição junto aos órgãos de controle, como por exemplo o PROFUT, demonstrando a efetividade na atuação dos órgãos fiscalizadores internos do clube e funcionamento junto à instituição, bem como a indicação de Gestão Temerária".
De acordo com órgão, a gestão não divulgou balancetes mensais, nem respondeu diversos ofícios com solicitação de documentos e explicações. "Como exemplo citamos a falta de apresentação das faturas de cartão de crédito que somaram inicialmente mais de R$ 2,8 milhões até junho de 2024 e posteriormente R$ 4,8 milhões, com divergências não discriminadas até os dias atuais."
"A falta de apresentação desses materiais nos gera grande preocupação tendo em vista a relevância dos valores envolvidos, sendo mais de R$ 12 milhões de notas fiscais no exercício de 2024. Tal fato, se conformado, extrapola em 3 vezes o total da cota do clube junto a empresa."
Outros pontos levantados no parecer são a contratação de empresa de auditoria de forma tardia, a falta de reconhecimento dos demonstrativos contábeis da Neo Química Arena junto aos do clube e a falta de clareza no critério e procedimentos de contratação de prestadores de serviços.
O CORI também cobra o demonstrativo de utilização de R$ 150 milhões de recursos captados junto à corretora XP como garantia do contrato da Liga Forte União (LFU), assim como a apresentação das composições dos materiais esportivos da Empresa Nike.
Na sexta-feira, 25, o Conselho Fiscal do clube já havia reprovado, de maneira unânime, por 3 votos a 0, as contas da diretoria referentes a 2024. No mesmo dia, o diretor financeiro Pedro Silveira pediu demissão do cargo no final da noite, alegando problemas de saúde.