Com custo de R$ 10 milhões, CFO tem evolução tardia e aposta na qualidade da formação esportiva

Espaço é gerenciado pelo Instituto Dragão do Mar sob a chancela da Secretaria de Esporte e Juventude do Ceará

Legenda: A bolsa tem duração de 12 meses e contemplará diversas modalidades esportivas
Foto: Helene Santos / SVM

O Centro de Formação Olímpica (CFO) é um equipamento em busca de pertencimento. No coração de Fortaleza, ao lado da Arena Castelão, foi projetado para ser o maior celeiro de atletas da América Latina e, hoje, atravessa um processo de ocupação tardio, mas crescente.

Com gestão compartilhada entre o Governo do Estado do Ceará e o Instituto Dragão do Mar (IDM), o custo de manutenção da estrutura aos cofres estaduais é de R$ 10 milhões, previsto em contrato de 18 meses.

O valor compreende as despesas com pessoal, manutenção preventiva e corretiva, contas com água, luz, telefone, materiais esportivos, equipamentos de proteção individual (EPIs), além de serviços de marketing e  comunicação.

Com a pandemia de Covid-19 em expansão, os desafios de cuidar da praça esportiva se acentuam. Os baques na atual gestão foram seguidos: desde a necessidade de fechamento do espaço por conta da greve de forças de segurança. As atividades presenciais tiveram início, de fato, em julho de 2020. Após o decreto estadual de lockdown em Fortaleza, as ações presenciais foram suspensas mais uma vez.

Apesar dos cenários, a Secretaria de Esporte e Juventude (Sejuv), pasta responsável por gerenciar o CFO, sinalizou a prorrogação da parceria junto ao Instituto Dragão do Mar. As partes estão em negociação, com ampliação do vínculo, encerrado em março, para dezembro de 2021.

Legenda: O Centro de Formação Olímpica foi adiado seis vezes até receber o Instituto Dragão do Mar em 2019
Foto: arquivo / Diário do Nordeste

Módulos de uso do CFO

  • Alojamento
  • Restaurante
  • Ginásio Multiuso
  • Área de Treinamento

Manutenção do trabalho

Legenda: Adriano Loureiro é o superintendente do CFO e participa da gestão com o IDM
Foto: Helene Santos / SVM

O Centro de Formação Olímpica (CFO) é um complexo com quatro frentes de atuação bem definidas. Os módulos envolvem: alojamento para 280 pessoas; restaurante com cozinha industrial; ginásio multiuso e áreas de treinamentos (interna e externas).

Todos os setores apresentam ferramentas para funcionamento, mesmo com entraves como no âmbito da alimentação - o restaurante não pode abrir para público devido ao novo coronavírus. 

No caminhar em prol do sonho esportivo, a organização oferece, no momento, sete das 22 modalidades previstas no projeto. “Começamos em novembro de 2019 e éramos para estar além. Seguimos os protocolos e não pode se aglomerar, não pode ter muitos atletas porque há uma quantidade limite de pessoas. Além disso, teve a diminuição orçamentária. A ideia era chegar, mapear e demandar, o que foi impactado”, detalhou Adriano Loureiro, superintendente do equipamento.

Dentro do regime mais limitado, o CFO prestou atendimento para crianças de baixa renda entre 10 e 19 anos, com média de 250 pessoas por dia desde a retomada das atividades em fevereiro de 2020 - sendo parte em regime remoto. Com 80 mil m², firmou parcerias com federações e tem profissionais próprios para capacitação.

Esportes oferecidos pela equipe do CFO

  • Basquete
  • Futsal
  • Voleibol
  • Vôlei de praia
  • Badminton
  • Tênis de mesa
  • Tênis

Parcerias do CFO

  • Federação Cearense de Atletismo
  • Federação Cearense de Ciclismo (BMX)
  • Adesul (vôlei paraolímpico e paratletismo)

O equipamento também iniciou serviço de capacitação profissional, os “Sports Works”, voltado para a área do esporte como formação de árbitro e mecânico de bicicleta. Todos os cursos são gratuitos e, de julho até o momento, o equipamento atendeu 880 pessoas, com 5.099 inscrições nos editais.

Para as modalidades esportivas e atividades, os selecionados recebem uniforme, cesta básica mensal e kit EPI com máscara e álcool em gel. Nos Sports Works, os alunos são beneficiados com uniforme, bolsa de R$ 200,00 e o mesmo conjunto de materiais de higienização.

“O que pretendemos fazer é manter o que estamos fazendo, a previsão é de manutenção. Oferecer mais vagas não é adequado e não acho que teremos aplicação dos recursos. O que podemos fazer é aumentar as parcerias”, completou Adriano Loureiro.

Qualidade na formação

Legenda: Na metodologia aplicada no CFO, os jovens iniciam em turmas básicas e podem avançar pelo desempenho técnico apresentado
Foto: Helene Santos / SVM

O processo de lapidação de um atleta é longo e exige muitos fatores: parte física, investimento estrutural, treinamento e maturação pela idade. No regime de trabalho há compreensão de todas essas diretrizes até a formação, de fato, de um profissional em nível competitivo.

Assim, a qualidade dos instrutores ofertados no CFO é alto. Há seleção,  através de chamada pública, com aplicação de prova escrita, redação, entrevista e análise de currículo. Dentre os que atuam no equipamento, por exemplo, os responsáveis pelo vôlei de praia e de futsal são membros também das seleções brasileiras de categorias de base.

No escopo das modalidades executadas pelo equipamento, são abertos editais nas plataformas do Instituto Dragão do Mar vinculados ao Centro de Formação Olímpico. A partir do momento da entrada em um dos projetos, seguindo os critérios, os jovens são distribuídos por faixa etária.

Evolução dos atletas no CFO

  • Inscrição em edital através das redes sociais da entidade
  • Seleção do CFO (por critérios pré-determinados)
  • Entrada em uma equipe da modalidade por faixa etária
  • Avanço para grupo de elite (por critérios pré-determinados)

Cada esporte apresenta três níveis, divididos inicialmente por idade. E cada campo específico possui uma equipe ‘avançada’. O time de elite do CFO é escolhido pelos instrutores, que podem transferir e ascender o atleta de patamar caso perceba um atributo técnico maior.

“É preciso ter disciplina, horário, cuidado e zelo pelo treinamento. Temos um grande potencial no CFO e também não depende apenas do Governo, tem que vir deles também. É adquirir o respeito pelo esporte, saber ganhar e perder. Dá orgulho saber que o CFO é cearense e tem uma capacidade enorme para formar essa representatividade de atletas do nosso Estado, que pode ser mais um exemplo para a nossa sociedade e ser formado aqui”, explicou Caetano Rocha, coordenador de formação esportiva da organização.

Uma parte dos atletas de elite do Ceará também utiliza o equipamento para treinar, a exemplo da dupla Ana Patrícia e Rebecca, representantes nacionais nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Como possui alojamento, o CFO também acolhe os esportistas de alto rendimento que possuem residência fora do Estado e são parceiros de cearenses.

Repasse de verba

Legenda: Um dos instrutores do CFO na modalidade do futsal tem passagem pela Seleção Brasileira
Foto: Helene Santos

O Instituto Dragão do Mar (IDM) é uma organização social que faz a gestão de diversos equipamentos públicos no Estado do Ceará, geralmente do âmbito cultural. Através do Governo, a Sejuv procurou o grupo para fazer a gestão do CFO - o estatuto do IDM permite essa prerrogativa.

No processo é criado um termo de referência com as especificidades do respectivo equipamento. O IDM então criou um plano de trabalho com o referido orçamento e encaminhou ao Governo. 

A partir do momento que há acordo, tem a assinatura do contrato com metas, todas fiscalizadas pela Sejuv. Com intervalo mensal e trimestral, um relatório é encaminhado com as atividades. Durante o intervalo contratual, o IDM pode realizar novas demandas, que terão custos avaliados pelo Governo.

Vale ressaltar que o Instituto Dragão do Mar tem um fundo de receita criado e dedicado exclusivamente ao CFO. No projeto inicial, a entidade poderia promover eventos culturais no espaço e dedicar o arrecadado em investimento para ampliar as atividades do Centro de Formação Olímpica, mas devido à pandemia não ocorreu nenhum contrato firmado.