As gestões responsáveis de Ceará e Fortaleza devem servir como modelo para os demais times do Brasil. Prova disso é que ambos são os clubes com menor grau de endividamento no País, segundo levantamento da Sports Value, empresa especialista em marketing esportivo, branding, patrocínios/ativações, avaliação de marcas e de propriedades esportivas.
O levantamento levou em conta 16 times, entre equipes da Série A e B, porque nem todas as equipes divulgaram seus respectivos balanços da última temporada. No ranking, o Alvinegro aparece como o clube de menor dívida entre todos, com um valor absoluto de R$ 14,3 milhões.
Melhor performance
O Vovô é, ainda, o de menor relação dívida/receita. Quanto menor esse índice, mais equilibrada está a situação financeira. No caso do Ceará, essa relação está totalizada em 0,15. O número indica o grau de endividamento em relação ao total de receitas, sinalizando que o que o clube deve corresponde a somente 15% do que fatura.
Reflexo do 5º ano seguido de superávit, estabelecendo um novo recorde no Nordeste, já que o Alvinegro é o único clube do G-7 da Região com cinco anos seguidos de resultados financeiros positivos.
Robinson de Castro, presidente do Vovô, já havia dito que o processo ocorre por um trabalho de continuidade realizado na última década. "Desde que cheguei ao Ceará pensamos em imaginar que poderíamos começar um processo e sermos exatamente do tamanho das nossas receitas, começar a gastar o que a gente arrecada. Esse trabalho começou lá atrás. Das receitas que a gente tinha, um terço era para o futebol, um terço era pra pagar dívidas e um terço pra investir em estrutura. Assim fomos tocando".
Gestão segura
O Tricolor aparece na 2ª colocação, com um total de R$ 25,1 milhões em dívidas. O Leão do Pici é também o segundo melhor na relação dívida/receita, com 0,26. Muito disso se deve ao fato que o clube registrou superávit em 2019, algo que não ocorria desde 2016.
Para o presidente Marcelo Paz, há uma explicação para isso. "É a gestão. Todos nós sabemos que não se faz da noite pro dia, num passe de mágica, é um trabalho que vem já de algum tempo. É um processo contínuo, crescente. E é esse trabalho que a gente vem fazendo e sempre buscando evoluir e melhorar", já havia dito o mandatário leonino,
Os números são possíveis por conta do desempenho financeiro que os clubes cearenses registraram na última temporada. Com superávits históricos, Ceará e Fortaleza tiveram recordes financeiros e resultados melhores que muitos outros clubes do futebol brasileiro, incluindo sete gigantes do G-12: Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Internacional, Fluminense, Vasco e Botafogo. Entre os citados, o Palmeiras foi o único que registrou superávit. O 3º colocado no Campeonato Brasileiro do ano passado registrou saldo de R$ 1,7 milhão no exercício de 2019. Valor inferior ao de Vovô (R$ 5,7 milhões) e Leão (R$ 3,4 milhões). Todos os outros tiveram déficit, aumentando ainda mais o grau de endividamento.
De acordo com o levantamento, o total de dívidas dos clubes brasileiros foi de R$ 7,3 bilhões em 2019, um aumento considerável em relação a 2018, quando a soma era de R$ 6,9 bilhões. O maior crescimento foi do Corinthians, de 40%, que saltou de R$ 476,6 milhões para R$ 665 milhões no último ano.
O valor de Ceará e Fortaleza é muito menor que o do 3º clube do Nordeste que aparece no ranking, o Bahia. O Tricolor Baiano registrou, em 2019, um total de R$ 224,2 milhões em dívidas, com 1,18 na relação dívida/receita.
Outro fato relevante para que isso possa ocorrer é estar na Série A do Campeonato Brasileiro. Participando da elite do futebol nacional, os dois clubes conseguem arrecadações muito maiores e que possibilitam tal desempenho.
Por isso, neste ano, mesmo com todas as dificuldades por conta da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a missão de ambos será a permanência na 1ª Divisão.
O resultado não ocorre por acaso. É fruto de um trabalho equilibrado, profissional e responsável que é realizado sob comando de Marcelo Paz e Robinson de Castro em Fortaleza e Ceará, respectivamente.