Bastidores do Castelão: as reações dos dirigentes alvinegros em Ceará 3 x 1 Vitória

O Diário do Nordeste inicia novo produto que se soma às formas de apresentar os jogos de futebol, com um olhar diferenciado do repórter direto do estádio

Legenda: Robinson de Castro: sem público nos estádios, presidente volta a viver papel de torcedor
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Já estive no estádio sem a presença de públicos em várias oportunidades nesta pandemia da Covid-19. Porém, a partida do Ceará por 3 a 1 sobre o Vitória, neste sábado (6), foi a primeira em 2021. A saudade de acompanhar um jogo in loco, na Arena Castelão, não existe mais. A de enxergar as arquibancadas lotadas, sim, e sem previsão para ir embora. A ausência dos torcedores deixa o espetáculo mais vazio, é fato, mas permite também observar o que, em condições normais, não seria possível.

Engana-se quem pensa que o estádio fica totalmente vazio em dia de jogo. São pouquíssimas almas vivas nas arquibancadas, é verdade, e todas bem espaçadas e distantes umas das outras (quase todas no Setor Premium), mas o suficiente para render detalhes bem curiosos que nem a TV nem o Rádio captam.

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A gritaria dentro de campo de jogadores e treinadores dos dois lados já não me chama mais atenção. Ouvir com clareza as enxurradas de palavrões, discussões e 'elogios' aos árbitros dentro das quatro linhas é comum.

O que me atrai curiosidade é ver como os dirigentes e funcionários assistem aos jogos. Os responsáveis pela administração, que comandam o dia a dia, tomam todas as decisões, realizam contratações e concedem entrevistas (geralmente para blindar o clube) saem por 90 minutos do papel de cartola e passam a ser vistos pelo que são na essência: torcedores. E alguns até cornetas.

Reações

Foto: Divulgação

Como um recorte óbvio da torcida, há diversos perfis. O presidente Robinson de Castro é geralmente mais comedido. Procura ser mais ponderado e sem cobranças excessivas. Geralmente divide opiniões mais reservadas com os filhos João Pedro e João Lucas. Mas não deixa de dar os pitacos.

"O Saulo joga melhor pela direita. Foi com ele lá que melhoramos no jogo", disse, ao ver que o atacante iniciou o 2º tempo pela esquerda. Minutos depois, Guto colocou o 'Coração Valente' no setor. Posteriormente, ele marcou dois gols.

Quando o presidente perde a paciência, é com a arbitragem, e aí solta o verbo.

A reclamação dos alvinegros com a atuação do pernambucano Tiago Nascimento dos Santos, aliás, começou desde o primeiro minuto.

O diretor financeiro João Paulo Silva era um dos mais ativos na corneta, mas não só com o juíz. "O cara do lado dele, errar passe de dois metros é brincadeira", "deixa de brincadeira aí atrás", gritava, no calor da emoção de torcedor mesmo.

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Tranquilidade, raiva e alívio

Apesar de reclamações com erros do time e de arbitragem, o clima geral era de tranquilidade. A sensação era de que, a qualquer momento, quando apertasse o Vitória, o Ceará ganharia o jogo. O que, de fato, acabou praticamente se desenhando.

Um dos reflexos desta tranquilidade era a postura do executivo de futebol, Jorge Macedo, geralmente um dos que mais esbraveja, mas ficou tranquilo no primeiro tempo. O gol de Jacaré deu mais calmaria e permitiu, enfim, comemorar.

Mas o pênalti infantil que resultou no gol de empate dos visitantes tirou a turma do sério. A corneta soou mais alto em cobrança por vitória. "Um pênalti desses não dá"; "Foi infantil"; "Vamo jogar, caramba. Deixa de moleza. Movimenta, aparece pro jogo", cobrou Macêdo. A exigência veio também de Guto Ferreira, à beira do campo, esbravejando o tempo inteiro.

O alívio só veio aos 42 minutos, quando Saulo Mineiro aproveitou ótima jogada de Jacaré para desempatar. "Jacaré é o homem do jogo", disse o diretor de Cultura, Biblioteca e Documentação, Pedro Mapurunga, com aprovação de Robinson, que soltou um "Valeu, Jacaré!".

Freguesia

Esta foi a 9ª partida seguida que o Ceará não perde para nenhum time baiano. Contra o Vitória, nos últimos quatro duelos, quatro triunfos cearenses. Teve até quem citasse o histórico como provocação. "E a freguesia continua".

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