Ceará e Fortaleza têm estatísticas antagônicas no Brasileirão

Enquanto o Alvinegro de Porangabuçu possui uma defesa mais sólida do que a leonina, o Tricolor do Pici tem ataque mais poderoso. As duas equipes entram em campo hoje, na Arena Castelão, às 19 horas

Legenda: Clássico-Rei promete ser muito disputado na Arena Castelão
Foto: JL Rosa

Quem vê apenas a tabela de classificação da Série A do Campeonato Brasileiro, observará que Ceará e Fortaleza estão em situação semelhante, com a mesma pontuação (36), vitórias (10), empates (6), e derrotas (15), com campanhas praticamente idênticas - o Alvinegro à frente pelo saldo de gols. Mas analisando minuciosamente os números de Vovô e Leão após 31 rodadas no Brasileirão, os ferrenhos rivais não são tão iguais assim. Cada time possui pontos fortes e fracos, e os números provam que as qualidades e deficiências são antagônicas, que podem ser exploradas no Clássico-Rei de hoje, na Arena Castelão, às 19 horas, pela 32ª rodada.

O Ceará tem melhores números defensivos e o Fortaleza ofensivos. O Alvinegro sofre menos gols, não foi vazado em mais partidas, enquanto o Tricolor tem um ataque mais eficiente, ficou menos jogos sem marcar gols e seu artilheiro marcou mais vezes.

No comparativo entre os ataques, o Fortaleza marcou mais gols - 38 contra 32 do Ceará - ficou menos jogos sem marcar gols - nove contra 13 - e Wellington Paulista marcou 12 vezes, contra 10 de Thiago Galhardo.

Já no comparativo entre as defesas, o setor alvinegro sofreu menos gols - 31 contra 44 do Leão - ficou mais jogos sem sofrer gols - oito contra cinco - e tem um saldo positivo de gols - um positivo contra seis negativos do Fortaleza.

Assim, o Ceará tem números mais equilibrados entre ataque e defesa. Marcou 32, mas sofreu apenas 31, ficando com um saldo positivo, única equipe entre as que disputam a permanência. Com estes números, o Ceará tem a 9ª melhor defesa, à frente de clubes como Grêmio, Atlético/MG, Cruzeiro, Vasco, Botafogo, Fluminense, mas tem o 9º pior ataque. Enquanto o Leão tem números desequilibrados que explicam o déficit de saldo, ao marcar 38 mas sofrer 44. Seu ataque é um dos mais positivos (7º melhor, acima de clubes como Corinthians, Internacional, Bahia, São Paulo, Fluminense, Vasco e Botafogo), mas tem a 4ª pior defesa, à frente apenas de Avaí, Goiás e Chapecoense.

Peças-chave

As peças disponíveis para os dois treinadores, Adilson Batista no Ceará e Rogério Ceni no Fortaleza, explicam os números apresentados e podem ser as armas para o vencedor no Clássico-Rei.

No Ceará, Adilson conta com um sistema defensivo entrosado, com mais proteção que o Tricolor. A primeira linha defensiva do Ceará é formada por Diogo Silva, Samuel Xavier, Luiz Otávio, Valdo e João Lucas, com os dois zagueiros sólidos defensivamente, principalmente Luiz Otávio, e dois laterais que marcam e sobem à frente.

Mas a solidez defensiva também pode ser explicada por um meio-campo mais marcador: Fabinho, William Oliveira e Ricardinho, fecham bem defensivamente, com os dois primeiros de mais contenção, embora Fabinho também apareça pela direita do ataque, e Ricardinho marcando, mas também distribuindo o jogo, qualificando a saída de bola. Com este trio no meio-campo, o Ceará garante uma força defensiva quando pressionado pelo adversário, além de preencher bem o espaço para sair jogando.

No Fortaleza, o sistema defensivo é mais exposto até pela característica de jogo, com a equipe buscando tocar a bola desde o campo de defesa, com o goleiro Felipe Alves. Assim, erros de passes defensivos são constantes, dificultando o trabalho defensivo do quarteto Gabriel Dias, Quintero, Jackson (ou Paulão) e Carlinhos. Sem falar que o Leão conta apenas com dois volantes, Juninho e Felipe, e nenhum deles com características dominantes de marcação, deixando o meio-campo mais exposto defensivamente. Nos últimos sete jogos, o Leão sofreu gol em todos.

Mas é no setor de frente que o Leão tem mais peças e jogadores mais decisivos que o rival. O quarteto Romarinho, André Luís, Osvaldo e Wellington Paulista é dinâmico, com intensa movimentação dos três primeiros, para municiar o centroavante, o WP9, com grande presença de área e 12 gols na Série A. Além disso, Osvaldo, com três gols, Romarinho, também com três, e André Luis, com dois, também são decisivos.

O ataque alvinegro é mais econômico, sendo o setor mais frágil da equipe. Não à toa, o Ceará não fez gol em 13 dos 31 jogos na Série A e a média de gols da equipe é baixa: um por jogo. Embora tenha jogadores técnicos na armação, Felipe Silva e Thiago Galhardo, mas como não são jogadores rápidos, dificultam a dinâmica ofensiva, e o centroavante do Vovô, Bergson, mesmo melhorando seu rendimento com três gols no Brasileiro, todos sob o comando de Adilson Batista, ainda é contestado pelos torcedores e irregular em campo.

Como Bergson não é um centroavante nato, tanto pela altura (1,80) e característica de movimentação, o Vovô tem dificuldade dos gols nas bolas aéreas e de rebote.

Assim, o ataque do Ceará depende mais de um meia - Thiago Galhardo é o artilheiro do clube com 10 gols - e de um reserva, que funciona como arma secreta nos últimos jogos, Mateus Gonçalves, pelo gols que fez diante do Fluminense e Internacional.