Quem são Adriana Belém e Marcos Cipriano, delegados investigados na Operação Calígula
Ronnie Lessa, PM reformado apontado como assassino de Marielle Franco, também é investigado
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrou, nesta terça-feira (10), operação contra rede de jogos de azar explorada pelo bicheiro Rogério de Andrade; pelo filho dele, Gustavo de Andrade; e pelo policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado como autor da morte da vereadora Marielle Franco. A Operação Calígula investiga, além deles, dois delegados por participação no esquema, Adriana Belém e Marcos Cipriano.
Segundo o MPRJ, Rogério de Andrade lidera a organização armada para obter vantagens de qualquer natureza, mas especialmente com jogos de azar — acobertados por policiais. O grupo estaria envolvido em crimes de corrupção ativa, lesão corporal de natureza grave, homicídio, extorsão, lavagem de dinheiro, entre outros.
O filho dele, Gustavo, era apontado como o segundo na hierarquia do grupo, chamado inclusive de "02", "filho" e "príncipe regente". Pai e filho tiveram pedidos de prisão aceitos pela Justiça.
Veja a seguir mais detalhes sobre os investigados da ação. As informações são do portal G1.
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Quem é Adriana Belém
A delegada Adriana Belém já foi titular da 16ª DP, na Barra da Tijuca, mas entregou o cargo em janeiro de 2020 após a Operação Intocáveis II, contra milícia no Rio. Na época, a Polícia Civil informou que "a decisão foi tomada para garantir a lisura das investigações conduzidas na unidade distrital".
À época, dois agentes que trabalhavam com ela foram detidos na ação, citados como envolvidos com milicianos na região de Rio das Pedras. Um deles seria Jorge Luiz Camilo Alves, que teria se reunido com ela e Ronnie Lessa.
Jorge Luiz trabalharia realizando “o recolhimento e repasse de valores espúrios para outros agentes, de modo a garantir a impunidade das ações” da milícia, apontou a Polícia Civil ao portal. Após ela entregar o cargo, este foi assumido pelo delegado Giniton Lages.
Ainda em 2020, Adriana Belém foi candidata a vereadora pelo PSC, obtendo 3,5 mil votos no pleito. Considerada “madrinha” do ex-jogador Adriano Imperador (ex-Flamengo e Seleção Brasileira), a então candidata também teve apoio de outros jogadores e celebridades, como Amoroso, David Brazil, Deco, Djalminha, Dudu Nobre, Edmundo, Mc G15 e Xande de Pilares.
Em abril deste ano, Adriana foi nomeada para cargo na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro. O salário dela, com base no portal da transparência, é de R$ 8.345,14, mas a Prefeitura do Rio de Janeiro informou que ela será exonerada nesta terça.
Durante a Operação Calígula, agentes do MPRJ apreenderam quase R$ 2 milhões na casa da delegada. Ela foi levada para a Corregedoria da Polícia Civil para prestar esclarecimentos.
Quem é Marcos Cipirano
Já o delegado Marcos Cipriano atua na função há mais de 20 anos, tendo comandado várias delegacias nesse período. Preso nesta terça, ele é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil desde 2021 por uma ligação telefônica com Ronnie Lessa.
Na ocasião, o delegado negou o contato — ele afirmou que a ligação se deu antes de Lessa ser acusado pelo homicídio de Marielle. Ele disse ainda já ter prestado esclarecimentos sobre o caso.
Em setembro de 2021, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou indicação de Cipriano para atuar como conselheiro para a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Rio (Agenersa). A nomeação, porém, foi alvo de ação na Justiça.
Os deputados Alexandre Freitas (sem partido) e Felipe Poubel (PSL), além do vereador do Rio Pedro Duarte (Novo), assinaram ação popular para anular a nomeação por falta de conhecimento técnico para exercer a função. Outro motivo apontado foi a falta de "ilibada reputação e insuspeita idoneidade moral".
Conforme o MPRJ, Cipriano teria intermediado o encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Belém e Jorge Luiz Camilo Alves. A reunião teria chegado a acordo que viabilizou retirada, em caminhões, de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas da organização criminosa. O órgão aponta que o pagamento da propina teria sido providenciado por Rogério de Andrade, também investigado.
Participação de Ronnie Lessa
A força-tarefa apontou que Rogério e Ronnie abriram casas de apostas e bingos em vários estados, o que teria ocorrido desde 2018, pelo menos. A relação entre eles, porém, é antiga: há elementos desde 2009.
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Indicado como um dos seguranças do contraventor, Ronnie perdeu uma perna em um atentado a bomba contra Rogério. A dupla estaria associada à abertura de casa de apostas no Quebra-Mar, localizado na Barra da Tijuca, no qual Rogério financiava o empreendimento, e Ronnie e Gustavo o administravam, ajudados por comparsas.
O bingo foi fechado pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) no dia da inauguração. Contudo, a mesma casa foi reaberta e as máquinas liberadas após ajustes de corrupção com policiais civis e militares.
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