Psicóloga é presa suspeita de agredir criança de oito anos com autismo em Minas Gerais
Ela disse à Polícia Militar que o procedimento “faz parte do tipo de intervenção necessária no tratamento” e "deve ser feito de forma enérgica"
Uma psicóloga foi presa suspeita de agredir com beliscões e arranhões uma criança de oito anos com autismo durante uma sessão de terapia em Coronel Fabriciano, em Minas Gerais. O caso foi registrado na quarta-feira (15), e a Polícia Civil divulgou as imagens na sexta-feira (17). As informações são do G1.
Ela foi capturada na casa onde morava e disse à Polícia Militar que procedimento “faz parte do tipo de intervenção necessária no tratamento” e "deve ser feito de forma enérgica"
De acordo com a instituição, os pais do menino instalaram câmeras de videomonitoramento na residência da família e flagraram a mulher, que é cuidadora dele, dando beliscões e arranhões no braço direito da criança, além de segurá-la pelo rosto.
Na sequência, ela puxa o menino para o sofá e fala com ele, que fica com medo e encolhido no canto. Outras crianças estavam no local e viram a situação.
Hematomas
Também segundo a PM, a criança apresentava hematomas no braço e expressou sentir dor, embora que não tenha se manifestado por meio da fala. Logo após, os pais procuraram atendimento médico para o filho.
Ficou-se realmente verificado que essa cuidadora estava praticando lesões corporais contra uma criança de oito anos, diagnosticada com autismo. (A mulher) foi autuada em flagrante e encontra-se presa no presídio de Timóteo (MG), à disposição da Justiça. Ela vai responder por um crime cuja pena pode chegar até quatro anos.
Agredir não é educar
Conforme o neuropediatra Marcone Oliveira, não existe comprovação de que a rigidez e a agressão são formas de aprendizado.
"Muito pelo contrário. A gente tem observado que, cada vez mais, os tratamentos têm sido feitos de forma lúdica, em que a criança passa a ser a liderança da intervenção. Ela nos guia durante a intervenção", explicou.
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O especialista acrescentou que crianças neurotípicas ou neuroatípicas não conseguem aprender da forma mostrada nas imagens.
As respostas e os resultados desse tratamento tendem a ser desastrosos na vida dessa criança. A gente tem que repudiar esse tipo de ação.
Atenção
O delegado Jorge Caldeira, que está à frente das investigações do caso, pediu para que os pais tenham atenção aos filhos, especialmente quando estes estiverem sob responsabilidade de outras pessoas.
“Vale observar o comportamento das crianças, filmar a convivência entre cuidadores e esses menores, sobretudo, observar o comportamento das crianças. Quando elas estão sendo vítimas de violência, elas demonstram um comportamento de muito medo ou de muito nervosismo”, afirmou.
Posicionamento
A reportagem não conseguiu o contato da defesa da investigada, mas deixa o espaço aberto para ela poder se manifestar.
O Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais informou, por meio de nota, que foi noticiado sobre o ocorrido está juntando informações para análise e providências cabíveis.