Polícia diz não haver crime em caso de passageira que pulou de carro por temer estupro
A mulher teria fugido após constatar que a foto do aplicativo não era compatível com a do homem que dirigia o veículo
A Polícia Civil de Goiás não encontrou indícios de crime no caso da passageira que pulou de um carro em movimento, em dezembro, por achar que seria estuprada por um motorista de aplicativo. O caso aconteceu em Goiânia.
À época, Walirrane Ramos, de 26 anos, relatou ao G1 que pulou do carro após ver o rosto do motorista e achar incompatível com o da foto que aparecia no aplicativo. Além isso, ele a teria deixado desconfortável ao fazer diversas perguntas que não eram pertinentes àquele momento.
O condutor do veículo chegou a enviar uma carta para a passageira no dia seguinte, pedindo desculpas por ter causado medo a ela. "Em nenhum momento quis fazer maldade com você", dizia o bilhete.
"Esse caso está no 8º DP [Distrito Policial]. Foram executadas diversas diligências e oitivas, contudo, não houve indícios de ocorrência de infração penal", afirmou a delegada Paula Meotti, da Polícia de Goiás, nesta terça-feira (3).
O delegado Kleyton Manoel, que estava responsável pelas investigações, assegurou que o caso foi arquivado.
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O que disse a Uber
Em nota enviada ao G1, a Uber reforçou que repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e que acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência.
Disse, também, que se disponibilizou para colaborar com as investigações e que possui um sistema de verificação da identidade dos motoristas em tempo real.
Relembre o caso
O caso aconteceu na madrugada do dia 19 de dezembro, quando Walirrane solicitou uma viagem para o setor Morada do Sol, onde mora.
Segundo a passageira, assim que entrou no carro, o motorista começou a puxar assunto de maneira que a incomodou. Foi quando ela decidiu conferir o rosto do condutor no aplicativo e viu que era diferente do real. Depois disso, ela começou a ficar com medo e mandou mensagem para um amigo, segundo o G1.
"Eu estava mexendo no celular e ele começou a puxar assunto comigo. E eu não estava entendendo o que ele estava falando, por causa da altura do som. Quando eu vi que estava incomodando, olhei no aplicativo e vi que não era a mesma pessoa, que era bem mais novo do que na foto. Eu mandei mensagem para meu amigo falando que estava com medo", relatou a Walirrane.
O amigo, então, teria orientado ela a voltar para a casa dele, alegando que teria esquecido a chave de casa. Contudo, ao fazer isso, a passageira contou que o motorista teria ficado nervoso e começado a acelerar com o carro. Além disso, teria cobrado R$ 10 a mais pela corrida para levá-la de volta.
"Só vi que ele acelerou o carro e fiquei com medo, perguntei se ele ia me levar para buscar a chave e ele não me respondeu. Aí eu abaixei o vidro e o vidro subiu. Pensei: ‘não é possível’. Baixei de novo e o vidro subiu de novo. Aí pensei: ‘não vou ficar aqui’", e foi quando pulou.
A jovem ficou internada um dia inteiro, com vários ferimentos pelo corpo. No dia seguinte, ao buscar uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência sobre o caso, ela descobriu que o próprio motorista já havia registrado a ocorrência. Ele afirmou que a mulher pulou do carro em movimento e que não sabia se ela tinha sofrido fraturas.
A carta com o pedido de desculpas chegou no dia 20, junto à bolsa de Walirrane, que havia ficado no carro. Dentro, havia um bilhete.
"Quero que saiba que em nenhum momento quis fazer maldade com você, pois sou casado e tenho filhos. Estou passando por um momento difícil financeiramente, por isso, estava usando a conta do meu pai, pois a minha conta ainda não foi aprovada", escreveu o motorista na carta.