Pai de escrivã encontrada morta denuncia assédio durante velório da filha

Aldair Drumond relatou pressão de policiais civis por informações sobre a situação dela e apontou responsáveis por assédios contra a filha

Escrito por Redação ,
Rafaela Drumond
Legenda: Família de escrivã encontrada morta denuncia assédio e fraudes no boletim de ocorrência
Foto: Reprodução

O pai de Rafaela Drumond, escrivã da Polícia Civil encontrada morta pela família no início de junho, disse, nesta sexta-feira (7), que policiais o teriam pressionado durante o velório da filha para obter informações sobre momentos antes da morte dela. As informações são do g1

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A denúncia de Aldair Drumond foi feita durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

"Escrivão ligando para mim, falando que delegado estava tentando falar comigo. Não era momento para aquilo. Depois, esperando chegar no IML foi pressão de vários detetives, policiais. Será que isso é normal?", questionou o pai de Rafaela.

"Um delegado fez pressão para ver se eu sabia de alguma coisa, dos fatos que ela estava convivendo. [...] Se ele fez essa pressão sobre mim, com minha filha chegando do IML, imagina o que ela não viveu nos últimos meses de vida?", contou Aldair.

Participam do encontro a chefe da Polícia Civil de MG, Letícia Gamboge, o Corregedor-Geral da Polícia Civil, Reinaldo Felício Lima, e a secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto. Deputados, representantes do governo, entidades sindicais e a família da vítima também participam da audiência.

Assembleia
Legenda: A família de Rafaela participa de audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta sexta-feira (7)
Foto: Luiz Santana/ALMG

Pai aponta culpados pelo assédio

Aldair disse que os responsáveis pelo assédio contra Rafaela são o delegado Itamar Cláudio Netto e o investigador Celso Trindade de Andrade. Apesar da escrivã não ter contado à família o que sofria dentro da delegacia, o pai disse que as informações sobre os assediadores estão nos áudios e vídeos deixados por ela.

Os policiais citados foram transferidos de Carandaí, cidade onde Rafaela trabalhava, para Conselheiro Lafaiete, em 23 de junho. 

Ainda conforme denúncia da família, houve omissão por parte do delegado. Em um dos áudios em que o portal g1 teve acesso e que fazem parte da investigação, Rafaela diz que o delegado a desencorajou a denunciar os problemas que enfrentava.

"Isso vai ser comprovado, por isso, peço que abram o celular de Rafaela. Provavelmente essa conversa vai estar lá", disse Aldair. O celular da escrivã está com a Polícia Civil.

O pai de Rafaela também questionou o teor do boletim de ocorrência feito no dia da morte dela. "[O boletim de ocorrência] foi completamente fraudulento. No dia eu estava completamente transtornado, não dei depoimento para a polícia militar e fui cercado por policiais civis. Tudo que está ali é falacioso e inventado por algum investigador ali", denunciou Aldair.

Até a publicação da matéria, a Polícia Civil e a Polícia Militar ainda não tinha se pronunciado sobre o teor das denúncias. 

Escrivã encontrada morta em casa

Rafaela foi encontrada morta pelos pais, em um quarto da casa onde a família mora, na cidade de Antônio Carlos, em 9 de junho. O caso foi registrado como suicídio. 

Dias após ter sido encontrada, áudios em que a vítima detalha situações de violência psicológica e perseguição na instituição foram vazados.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra Rafaela sendo xingada e ameaçada em uma delegacia. Nas imagens, um homem não identificado debocha e chama a servidora de 'piranha'.

A Polícia informou que a Corregedoria foi acionada e atua em investigações sobre as circunstâncias da morte de Rafaela. 

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