Morre antropóloga Adriana Dias, uma das maiores pesquisadoras de neonazismo no Brasil

Cientista integrou a área de direitos humanos da equipe de transição do Governo Lula

Escrito por Redação ,
Adriana Dias
Legenda: Além do trabalho de pesquisa e combate ao neonazismo, ela também lutava pelos diretos das pessoas com deficiência
Foto: Reprodução/redes sociais

A antropóloga Adriana Dias morreu nesse domingo (29). Considerada umas das principais pesquisadoras sobre neonazismo no Brasil, ela ajudou a identificar mais de 300 células relacionadas com o resgate da ideologia política propagada por Adolf Hitler no território nacional. Ela tratava um câncer e integrou a área de direitos humanos da equipe de transição do governo Lula, instaurada no fim de 2022.  

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O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeira, divulgou uma nota de pesar sobre o falecimento da cientista. No comunicado, ele declarou que a especialista foi uma figura importante na composição da nova gestão federal. 

“Adriana foi uma mulher com deficiência de referência para nós e nos estudos sobre neonazismo. Aguerrida ativista pelos direitos humanos, colaborou na efetiva denúncia de ações nazistas no Brasil. Feminista por ideologia, Adriana integrou a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência. Foi também coordenadora da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19. Expressamos aqui nossa homenagem em agradecimento a essa grande mulher, e enviamos nossos sentimentos à família”, diz o texto.

Adriana Dias era cientista, pesquisadora e doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), instituição localizada no Estado de São Paulo. Além de combater o neonazismo, ela também foi referência na luta pelos direitos das pessoas com deficiência.   

Crescimento do neonazismo no Brasil

A pesquisadora acreditava que a sociedade brasileira estava se nazificando. Desde quando começou a atuar no combate ao neozismo, durante a conclusão do curso de Ciência Sociais na Unicamp, ela identificou 334 células da ideologia política em atividade no País, conforme o jornal Metrópoles. Os grupos variavam entre hitleristas, supremacistas brancos, Klu Klux Klan, separatistas, negacionistas do Holocausto etc. 

"Não é caso de alarmismo. É de alarme. A sociedade brasileira está nazificando-se. As pessoas que tinham a ideia de supremacia guardada em si viram o recrudescimento da direita e agora estão podendo falar do assunto com certa tranquilidade. Precisamos abordar o tema para ativar o sinal de alerta. Justamente para não dar palanque a essas ideias, precisamos falar sobre criminalização de movimentos de ódio e resgatar a questão crucial: compartilhar humanidades”, disse Adriana em entrevista ao veículo alemão Deutsche Welle.

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