Ministro do STF mantém condenação de policiais militares envolvidos no 'Massacre do Carandiru'

O assassinato de 111 presos da casa de detenção de São Paulo aconteceu 30 anos atrás

Escrito por Redação ,
Fachada da Casa de Detenção Carandiru, em São Paulo. Carros e profissionais da imprensa aparecem na imagem.
Legenda: Massacre deixou 111 detentos mortos 30 anos atrás.
Foto: Mônica Zarattini/Estadão Conteúdo/Arquivo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, rejeitou um recurso da defesa que tentava reverter a condenação dos 74 policiais militares condenados pelo Massacre do Carandiru.

Com a decisão, divulgada nesta quinta-feira (4), os policiais devem continuar cumprindo as penas aplicadas pelo Tribunal do Júri entre 2013 e 2014, que determinou prisões entre 48 e 624 anos para os envolvidos nas mortes de 111 presos em outubro de 1992, 30 anos atrás, na casa de detenção localizada na zona norte de São Paulo.

A decisão de Barroso de manter as condenações segue a decisão de 2021 do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), quando a Quinta Turma do colegiado já havia recusado uma tentativa da defesa semelhante de reverter as sentenças.

Segundo a CNN Brasil, a Procuradoria-Geral da República (PGR), representada pelo procurador Luiz Augusto Santos Lima, também se manifestou contrariamente ao recurso interposto recentemente. 

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Entenda as condenações

Os policias envolvidos no Massacre do Carandiru foram julgados entre 2013 e 2014 pelo Tribunal do Júri. Em 2018, porém, a defesa apelou para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que anulou as condenações sob o argumento de que a decisão do Júri foi manifestamente contrária à prova dos autos, segundo o G1.

O TJ-SP, então, determinou a renovação do julgamento perante o Tribunal do Júri.

Militares correm em direção à Casa de Detenção 'Carandiru' após massacre, em 1992.
Legenda: Militares correm em direção à Casa de Detenção 'Carandiru' após massacre, em 1992.
Foto: MÔNICA ZARATTINI/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Contudo, em 2021, após analisar recurso apresentado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o STJ decidiu restabelecer as condenações. Foi aí que a defesa dos policiais decidiu apelar para o STF, alegando "ofensa ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal".

O ministro Barroso, porém, além de rejeitar o recurso, disse que a ação não tem recurso previsto na jurisdição da Suprema Corte.

Câmara discute anistia a policiais

Conforme a CNN Brasil, a decisão de Barroso acompanha o momento em que a Câmara dos Deputados discute um projeto de lei para anistiar os policiais militares condenados por envolvimento no caso.

Na última terça-feira (2), o projeto foi aprovado na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Casa, que tem como vice-presidente o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), "perdoado" pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) após ser condenado por crimes contra a democracia.

O projeto deve ainda ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça antes de ir ao Plenário.

O Massacre do Carandiru

Uma operação policial para reprimir uma rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como 'Carandiru', terminou com 111 detentos mortos. O caso aconteceu no dia 2 de outubro de 1992.

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