Médica agredida no Rio relata que xingamentos são 'constantes' em hospital
Profissional foi agredida por pai e filha durante plantão em hospital do Rio de Janeiro
A médica Sandra Lucia Bouyer Rodrigues, que foi agredida por pai e filha durante plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, no Rio de Janeiro, disse que se acostumou a ouvir xingamentos.
Sandra afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, "agressões verbais são constantes". A médica ressaltou que não deve deixar a profissão.
"A gente não deve se curvar à violência. Não é porque fui vítima de violência que vou deixar de fazer aquilo que é a minha vocação. A minha vocação é a medicina", disse.
Sandra Lúcia foi agredida por pai e filha, identificados como André Luiz do Nascimento Soares e Samara Kiffini do Nascimento Soares, que chegaram à unidade hospitalar procurando atendimento para um corte em um dedo da mão esquerda e se incomodaram com a demora.
Uma idosa de 82 anos ficou sem atendimento devido às agressões a profissional de saúde e morreu. A dupla foi presa em flagrante sob suspeita de homicídio com dolo eventual, agressão e dano ao patrimônio público.
A defesa do pai e da filha alega que a acusação de homicídio é 'desproporcional'. O advogado não soube dizer a origem da confusão generalizada no hospital.
Plantão com 60 pacientes
Sandra Lúcia revelou, em suas redes sociais, que estava sozinha em um plantão com cerca de 60 pacientes internados e sem segurança.
"Tenho mais de 30 anos de atuação na Saúde do Município. Com orgulho. Nessa madrugada, fui vítima da precariedade e insegurança dos trabalhadores na Saúde. Agredida fisicamente por um homem que não soube ouvir, sem nenhum segurança", disse.
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Como a médica estava dando conta de pacientes mais graves, André e Samara depredaram a unidade e agrediram a profissional.
Segundo a polícia, a médica estava em atendimento quando escutou a confusão e foi ver o que estava ocorrendo, a partir daí, as agressões começaram. Sandra precisou de 5 pontos na boca, além de ter sofrido equimose e arranhões.
O delegado responsável pelo caso, Geovan Omena, apontou que André Luiz só parou as agressões após a chegada da polícia. "Quando Samara, filha do André, tomou conhecimento que iria permanecer presa, ela virou para a média e disse: 'você toma cuidado que você está marcada, quando eu sair, vou lá e te matar de porrada'. Os dois não possuem passagem pela polícia, mas nada justifica as agressões que fizeram", completou.