Família paga resgate milionário de esposa de herdeiro no RJ, mas mulher segue desaparecida

Anic de Almeida Peixoto Herdy tem 54 anos e é casada com Benjamin Cordeiro Herdy, 78, um dos herdeiros de um grupo que administrou faculdades no RJ

Escrito por Redação ,
Imagem de câmera de segurança mostra Anic caminhando olhando o celular em um shopping
Legenda: A mulher foi vista pela última vez em um shopping do Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/TV Globo

Uma mulher de 54 anos, casada com o herdeiro de uma fortuna no Rio de Janeiro, está há quase três meses desaparecida, mesmo a família já tendo pagado o resgate de R$ 4,6 milhões. O caso foi relatado no 'Fantástico' desse domingo (19), na Globo.

Segundo a reportagem, Anic de Almeida Peixoto Herdy desapareceu em 29 de fevereiro deste ano. Nas últimas imagens registradas, às 11h08 daquele dia, ela chega em um carro preto ao estacionamento de um shopping em Petrópolis, no Rio, e, vinte minutos depois, aparece na praça de alimentação do estabelecimento, falando ao celular. Depois, segue por um corredor, a caminho da saída do shopping, e, do lado de fora, passa por uma calçada e atravessa a rua. Daí em diante, nunca mais foi vista.

Foi o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, 78, que recebeu a mensagem de que a esposa havia sido sequestrada, no mesmo dia do desaparecimento. Os recados — pedindo uma fortuna específica de R$ 4,6 milhões como resgate — foram transmitidos por meio de um número de celular usado pela mulher. 

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Investigação

Duas coisas chamaram a atenção dos investigadores, de pronto: o valor específico do resgate e o fato de que os criminosos sabiam exatamente da condição financeira da família. Benjamin é um dos herdeiros de um grupo que administrou universidades no Rio de Janeiro.

De acordo com a reportagem do 'Fantástico', o marido e os criminosos continuaram trocando mensagens nos dias seguintes ao desaparecimento de Anic. Até que, no dia 1º de março, eles disseram que o marido teria de pegar o carro da esposa, que teria ficado no shopping, e ele teria de pedir ajuda a um outro homem, identificado como "Gordo" — apelido de Lourival Correa Netto Fadiga, também conhecido como "Fatica".

Os investigadores descobriram que Lourival convivia com Benjamin e Anic há pelo menos três anos, apresentado por um enteado que namorava a filha do casal. O homem prestava pequenos serviços de informática à família, mas dizia ser policial federal — o que a Polícia negou.

"O Lourival convencia todos. Todos acreditavam que ele era, sim, policial federal. Isso fazia com que tivesse confiança da família em todos os aspectos", disse ao 'Fantástico' a delegada Cristiana Onorato Miguel.

O suspeito, inclusive, acompanhou Benjamin durante a negociação com os sequestradores, e ajudou a montar uma "operação financeira" para pagar o resgate da mulher.

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Pagamento do resgate

O pagamento do resgate foi feito por Benjamin, com a orientação dos sequestradores, em um shopping na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde a esposa seria, enfim, libertada. O momento foi acompanhado por Lourival, que teria seguido com o dinheiro para uma comunidade chamada "Terreirão", onde ele deixaria os valores em uma lixeira.

Uma hora depois da entrega — Anic ainda não havia aparecido —, o herdeiro recebeu uma mensagem, supostamente escrita pela esposa, que apontava uma "reviravolta" na história. Isso porque o texto dizia que o sequestro, na verdade, teria sido uma artimanha para Anic fugir com um amante.

Dois dias depois, outra mensagem supostamente escrita por Anic foi enviada aos filhos do casal, em que dizia que a mulher tinha saído do País para viver uma história com uma outra pessoa. Desconfiada, a filha gravou uma conversa com o pai, Benjamin, e com Lourival, e queria saber por que a Polícia não teria sido avisada.

Com acesso aos telefones dos envolvidos, a Polícia reconstituiu os fatos e descobriu que o sequestrador estava ao lado da família todo esse tempo. "O Lourival acreditava que tinha feito o crime perfeito", comentou a delegada Cristiana Onorato.

Os investigadores descobriram que, no dia do pagamento do resgate, Lourival não foi com parte do dinheiro até o "Terreirão". Ele esteve, na verdade, em uma concessionária na Barra da Tijuca, onde comprou uma caminhonete por R$ 500 mil e uma moto por R$ 30 mil. Depois, ele indicou a Benjamin as contas bancárias que receberiam o restante do pagamento. Além disso, o suspeito comprou 950 celulares por R$ 785 mil, para abastecer a loja de produtos de informática da família dele.

Um filho de Lourival, inclusive, também é considerado suspeito do crime.

Prisões

Lourival e os filhos foram presos no dia 20 de março, em Teresópolis. Também foi capturada uma mulher identificada como Rebecca Azevedo dos Santos, que seria amante do suspeito. Todos são réus por extorsão mediante sequestro e todos negam envolvimento no crime.

Anic ainda não apareceu, mas a família espera encontrá-la com vida.

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