Casal é torturado no Carrefour de Salvador; empresa emite nota

Supermercado afirmou que não conseguiu identificar os agressores, mas que demitiu toda a equipe de segurança da filial

Escrito por Redação ,
Montagem de fotos mostra à esquerda o casal agredido e à direita a fachada de uma unidade do Carrefour
Legenda: O caso de violência aconteceu na última sexta-feira (5), em Salvador, na Bahia.
Foto: Reprodução/Redes Sociais e Shutterstock

Um casal negro foi agredido dentro de uma filial do Carrefour, em Salvador, na Bahia, na última sexta-feira (7). As imagens da violência, filmadas pelos próprios agressores, circulam nas redes sociais.

No vídeo, o casal aparece encostado em uma parede, enquanto é xingado e agredido por homens que não aparecem na gravação. A mulher chega a ser estapeada por um deles, que ordena que ela tire a mão do rosto. Já o homem, que se identifica como Jeremias, também é golpeado algumas vezes na cabeça. Veja:

Segundo O Globo, o Carrefour diz suspeitar que os agressores sejam seguranças terceirizados do supermercado, mas não os identificou formalmente ainda. Contudo, a empresa garantiu que a equipe de segurança foi demitida e que um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia para apuração dos fatos. 

"Tomamos conhecimento de um fato inadmissível ocorrido em uma das nossas lojas em Salvador, na Bahia. Duas pessoas foram covardemente agredidas na área externa da loja, e esse fato nos causou profunda indignação. É inaceitável que um crime como esse tenha ocorrido na área externa da nossa loja. Por isso, assumimos a responsabilidade de desligar a liderança e equipe de prevenção, além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança na área externa onde a violência ocorreu", comunicou, em nota, o diretor de prevenção do Carrefour, Claudionor Alves.

Além disso, o porta-voz informou que busca contato com as vítimas para pedir desculpas pessoalmente, "além de oferecer suporte psicológico, de saúde ou qualquer outro apoio que seja necessário", disse.

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Identificação dos agressores

Na nota, o supermercado também alegou que, apenas com base na tatuagem na mão de uns agressores, não foi possível identificar ninguém na equipe com essa característica.

"No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências. Por isso, ontem mesmo desligamos a liderança e equipe de prevenção da loja. Reforçando nossa tolerância zero com a violência, inclusive nos cargos de gestão", afirmou.

Ao O Globo, A Polícia Civil da Bahia afirmou que não foi protocolada ainda denúncia sobre o caso na delegacia local, mas que investiga a violência. "Não houve registro na 12ª Delegacia Territorial de Itapuã. Porém, a unidade já tomou conhecimento do crime através dos vídeos e iniciará as apurações dos fatos".

Histórico de violência

Lojas do grupo Carrefour têm um histórico de casos de violência e racismo. Por isso, o episódio tem provocado revolta e uma enxurrada de críticas nas redes sociais. "Não apenas o Carrefour, mas sempre um Carrefour", escreveu a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) no Twitter. "Como que pode o Carrefour continuar existindo e operando no Brasil depois de tantas atrocidades feitas?", questionou a ex-BBB Lumena Aleluia.

Em 2020, João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos de idade, foi espancado até a morte por seguranças de uma das filiais da empresa em Porto Alegre. Nesse mesmo ano, foram descobertas imagens de um funcionário de 53 anos que morreu em um supermercado, mas teve o cadáver escondido.

Além disso, no mês passado, Vinícius de Paula, esposo da jogadora da seleção brasileira de vôlei Fabiana Claudino, disse que foi desprezado por uma atendente de caixa de uma unidade em São Paulo, que deu preferência a uma mulher branca.

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