Saiba quem é general Zuñiga, comandante apontado como responsável por golpe na Bolívia

A carreira do militar é cercada de polêmicas e acusações de corrupção

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Juan José Zúñiga
Legenda: Zúñiga era o Comandante Geral da Bolívia desde 2022, mas foi demitido nesta semana
Foto: Divulgação/Exército da Bolívia

O general do Exército boliviano Juan José Zuñiga, demitido na terça-feira (25), disse que os militares pretendem "reestruturar a democracia" na Bolívia e exigiu a libertação de opositores presos.

"As Forças Armadas pretendem reestruturar a democracia, que seja uma verdadeira democracia. Não de alguns poucos, não de alguns donos que já têm 30, 40 anos dirigindo o país", disse o comandante destituído do Exército.

O presidente Luis Arce convocou os bolivianos a se mobilizarem contra a tentativa de golpe de Estado após militares tentarem invadir a sede do governo no centro de La Paz, nesta quarta-feira (26).

A Praça Murillo foi ocupada por tanques e tropas. Um tanque tentou derrubar uma porta metálica do palácio e, posteriormente, o general Zuñiga entrou no edifício.

Imagem de um militar na tentativa de golpe na Bolívia
Legenda: A tentativa de golpe na Bolívia ocorreu nesta quarta-feira (26), conforme informou Luis Arce
Foto: AFP

O ex-presidente Evo Morales afirmou, nesta quarta-feira (26), que "um golpe de Estado" está sendo gestado na Bolívia. Ele relatou uma movimentação anormal de tanques e tropas na frente da sede do governo.

"Convocamos uma Mobilização Nacional para defender a Democracia frente ao golpe de Estado que é gestado e liderado pelo general Juan José Zuñiga, comandante do Exército", declarou Morales na rede social X, antigo Twitter.

Quem é general Zuñiga

De acordo com o jornal boliviano El Deber, Zuñiga era o Comandante Geral da nação desde 2022. Ele atuou no cargo sendo membro do alto escalão do Exército boliviano até sua demissão nesta semana.

A carreira do militar é cercada de polêmicas e acusações. Evo Morales apontou o nome de Zuñiga por envolvimento em um suposto plano para perseguir lideranças políticas, enquanto ele ocupava o cargo de Chefe do Estado-Maior.

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O militar também foi acusado de corrupção devido ao desvio de até 2,7 milhões de bolivianos destinados a programas sociais. Com a repercussão do caso, Zuñiga foi sancionado com sete dias de prisão.

O jornal boliviano El Deber descreveu Zuñiga como um "especialista em inteligência militar" e um "espião a favor do governo", com conhecimento dos movimentos de políticos bolivianos. Ele ainda teria relação com movimentos sindicais, sendo chamado de "general do povo".

Repercussão do golpe no Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a situação de instabilidade política na Bolívia e declarou que "golpe nunca deu certo". O chefe do Executivo informou que aguarda mais informações sobre a situação na nação vizinha antes de anunciar algo. As informações são do g1.

"Eu quero informações. Eu pedi para o ministro Mauro [Vieira, das Relações Exteriores] ligar para a Bolívia, ligar para o presidente [boliviano], ligar para o embaixador brasileiro, pra gente ter certeza, pra ter uma posição. Mas, como eu sou um amante da democracia, eu quero que a democracia prevaleça na América Latina, golpe nunca deu certo", disse.

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