Cearense e namorado agredidos em Portugal desabafam sobre abalo emocional: 'não sabemos lidar'

Por conta de espancamento em bar de Lisboa, os brasileiros saíram da capital portuguesa e consideram mudanças

Escrito por Beatriz Rabelo , beatriz.rabelo@svm.com.br
Brasileiros agredidos em bar de Lisboa
Legenda: Cearense Luís Almeida (direita) e o alagoano Jefferson Tenório (esquerda) foram agredidos em bar de Lisboa
Foto: Reprodução/Instagram

Quando o cearense Luís Almeida, de 30 anos, e o alagoano Jefferson Tenório, 29, foram para Portugal, esperavam usufruir de segurança e respeito. No entanto, após agressão sofrida em um bar na cidade de Lisboa, o casal relata abalo emocional e enfrenta traumas por conta do tratamento recebido por seguranças. 

Os nordestinos foram espancados na boate e bar Titanic Sur Mer, na região do cais do Sodré, na madrugada do dia 22 de maio. Estavam acompanhados também da prima de Luís. 

Jefferson relatou que não tem conseguido dormir nem comer, e também está sofrendo com crises de pânico na rua. "Começo a chorar do nada. São sentimentos que não consigo explicar", disse.

Durante a agressão, os seguranças do bar chegaram a colocar a cabeça dele dentro da água do rio Tejo. Agora, desabafa: "os momentos da água foram os mais assustadores". Da mesma forma, o cearense carrega os próprios traumas.

"Luís está visivelmente abalado, e não está bem psicologicamente. Não estamos sabendo lidar com tudo que aconteceu com a gente".
Jefferson Gomes Tenório
Alagoano

Por conta da agressão, Jefferson e Luís ficaram com ferimentos na região da sobrancelha e ambos receberam quatro pontos no rosto. Porém, o alagoano teve o nariz quebrado em três partes, precisando passar por uma cirurgia de três horas. Ele ficou dois dias internado e recebeu alta em seguida. "Foi muito traumático", reforça. 

Omissão policial

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Jefferson relata que houve omissão por parte da polícia. Na última quarta-feira (24), o casal voltou a buscar uma delegacia para oficializar a denúncia de agressão, e incluir as fotografias e o laudo do hospital. 

Porém, ele afirma que além dos policiais não terem identificados os agressores apontados pelo casal na madrugada da ocorrência, ainda tentaram coagir os dois a não dar prosseguimento à denúncia. 

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"Disseram que nosso caso já tinha sido resolvido, que ia ficar por isso mesmo, que não ia dar em nada. A gente se sentiu totalmente desprotegido na delegacia", desabafou Jefferson. 

O cearense, por sua vez, reforçou a má atitude dos policiais. "A gente disse que queria terminar o relato e acrescentar que a polícia nos tratou com grosseria. A polícia só identificou um dos agressores, mesmo a gente apontando que existiam outras pessoas que nos agrediram", disse Luís.

"Houve uma omissão da polícia nesse momento devido a não identificação dos outros agressores. Eles nos aconselharam a voltar ao local para a gente identificar e de lá, ligar para uma viatura no local do ocorrido. Por que nós temos que nos identificar e mostrar que a gente está de forma legal no país, e os nossos agressores não são identificados?"
Luís Almeida
Cearense

Sentimento de insegurança

A omissão policial somada ao trauma da agressão deixou Luís e Jefferson com sentimento de insegurança. "Nós ficamos com medo, nos sentimos desprotegidos, porque quem era para proteger a gente não estava fazendo o serviço deles", afirmou Luís.

Por isso, os dois saíram de Lisboa e estão temporariamente em uma outra cidade, que optaram por não comunicar por medo. 

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Nesse processo, o Consulado Brasileiro tem prestado apoio psicológico e jurídico e psicológico. "Agradecemos muito a disponibilidade do consulado. Orientaram a gente do que fazer, como buscar ajuda e vão nos ajudar. Foi muito importante", explicou Luís.

"A gente está tentando se recuperar do trauma. Não esperava passar por isso, até porque não vemos nenhum motivo para isso ter acontecido. É muito revoltante. Nada justifica", concluiu o cearense.

 

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