Vacinas aplicadas no Brasil fornecem proteção adicional a quem já teve Covid-19, diz Fiocruz

Para cientistas, “imunização híbrida” resulta dos anticorpos produzidos pelo organismo combinados com a ação das vacinas

Legenda: Astrazeneca é um dos imunizantes com melhor resposta entre os previamente contaminados.
Foto: Fabiane de Paula

Quem já teve a infecção por Covid-19 recebe um “alto grau” de proteção extra dos quatro tipos de vacinas aplicadas no Brasil. A revelação é de um estudo liderado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado na plataforma Medrvix na última quarta-feira (29).

A análise indica que Coronavac, Astrazeneca, Janssen e Pfizer têm efetividade entre 39% e 65% na prevenção de quadros sintomáticos.

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Além disso, os vacinados com duas doses da Coronavac, Astrazeneca e Pfizer têm proteção 80% maior para formas graves suscetíveis à internação hospitalar ou morte do que infectados não vacinados. 

O estudo foi divulgado em formato preprint, ou seja, ainda não teve revisão de outros cientistas. Ele foi elaborado por 20 pesquisadores do Brasil e de universidades estrangeiras.

Para os autores do artigo, os dados reforçam a importância da vacinação, especificamente com as duas doses, já que alguns países recomendam apenas uma dose por considerarem que os infectados já possuem algum nível de anticorpos.

Os pesquisadores partiram da carência de informações sobre a efetividade das vacinas em pessoas previamente doentes. Eles analisaram uma base de dados com mais de 90 mil brasileiros que tiveram um ou dois testes positivos para Covid-19, entre fevereiro e novembro deste ano.

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Os estudiosos descobriram que, após a infecção inicial, a efetividade para posterior doença sintomática 14 dias após o esquema vacinal completo é de:

  • Coronavac: 37,5%
  • Astrazeneca: 53,4% 
  • Janssen: 35,8%
  • Pfizer: 63,7% 

Nas vacinas de duas doses, a efetividade contra hospitalização e morte no mesmo período é de:

  • Coronavac: 82,2% 
  • Astrazeneca: 90,8% 
  • Pfizer: 87,7%

Na Janssen, inicialmente aplicada em apenas uma dose, esse índice é de 59,2%. 

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Reforço na imunização

Segundo a Fiocruz, a infecção pelo Sars-CoV-2 provoca “respostas robustas” das células relacionadas à imunidade. Assim, pessoas que já contraíram o vírus apresentam risco menor de infecção sintomática e das formas graves da doença. 

Contudo, o surgimento de novas variantes mais transmissíveis, com capacidade de escapar ao sistema imunológico e resultar em novas ondas de transmissão/reinfecção, acendem o alerta para novas recomendações.

O estudo pondera que essa “imunização híbrida”, formada pela combinação de infecções prévias com as vacinas, poderia explicar por que o Brasil não vivenciou uma alta de hospitalizações e mortes pela variante Delta em comparação aos Estados Unidos e Europa.