Produtos para alisar o cabelo podem aumentar risco de câncer de útero, alerta estudo

Pesquisa diz que alguns produtos contêm substâncias cancerígenas, como o formaldeído, conhecido popularmente como formol

Legenda: Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos para alisar o cabelo no ano passado se identificaram como negras
Foto: Shutterstock

Os produtos usados para alisar o cabelo aumentam o risco de câncer de útero, revelou um novo estudo divulgado nesta segunda-feira (17), no Journal of the National Cancer Institute

Conforme o estudo, as mulheres que usam esses produtos mais de quatro vezes por ano têm maior risco de desenvolver câncer de útero, principalmente câncer de endométrio. Associações semelhantes não foram encontradas em outros produtos capilares, como tinturas, descolorações, luzes ou permanentes.

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"Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram um produto para alisar o cabelo terão desenvolvido câncer de útero aos 70 anos. Mas, para as usuárias frequentes, esse risco aumenta para 4,05%", estima em comunicado Alexandra White, principal autora do estudo. "A duplicação dessa taxa é preocupante", acrescentou. 

O câncer uterino representa cerca de 3% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos, mas é o mais comum do sistema reprodutor feminino. O prognóstico costuma ser bom se detectado a tempo, mas o tratamento geralmente envolve a remoção do útero, o que impossibilitaria a gravidez.

O estudo se baseia em dados de 33,5 mil mulheres americanas, acompanhadas por quase 11 anos. Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos para alisar o cabelo no ano passado se identificaram como negras.

"Alisamento brasileiro" e formol

"O preocupante é que existem substâncias químicas nesses produtos que agem essencialmente como estrogênio no corpo", disse White. Essa ação interrompe os processos hormonais normais, e isso pode influenciar o risco de câncer.

A segunda possibilidade levantada é a de que alguns produtos tenham substâncias cancerígenas, como o formaldeído, conhecido popularmente como formol, para quebrar as ligações entre as proteínas da queratina do cabelo, alterando sua estrutura e alisando-o.

O tratamento de queratina conhecido como "alisamento brasileiro" era popular quando as mulheres se inscreveram neste estudo, entre 2003 e 2009. No entanto, seu uso diminuiu consideravelmente desde então.

Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos podem contribuir para o aumento do risco de câncer. Além do formaldeído, o estudo cita também parabenos, bisfenol A e metais.

Em comparação com outras categorias, os produtos para alisar o cabelo podem promover a absorção de substâncias químicas por meio de lesões ou queimaduras no couro cabeludo, ou através do uso de chapinhas, cujo calor decompõe as substâncias, aponta o estudo.

Outros estudos já estabeleceram uma ligação entre alisadores e um maior risco de câncer de mama.


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