Latrocínio em shopping: 4 meses depois, mulher suspeita de participar do crime permanece foragida

A gerente Caroline Rocha foi alvejada por um único disparo que, conforme laudos, saiu da arma do segurança da loja

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: A gerente foi puxada por um dos assaltantes e serviu como "escudo humano" durante o tiroteio
Foto: Reprodução

Uma das mortes que mais repercutiu no Ceará neste ano de 2021 completa quatro meses. Na noite de 20 de agosto, a gerente Caroline Rocha era feita de escudo humano quando estava prestes a terminar o expediente de trabalho, dentro de um shopping. Morreu alvejada por um disparo durante a tentativa de assalto, configurando o crime como latrocínio. Um integrante da quadrilha que teria participado da ação criminosa segue foragido até então.

O passo a passo do homicídio foi gravado por meio das câmeras de segurança. Uma mulher identificada até então apenas como 'Marina' teria auxiliado o bando na fuga esperando os demais assaltantes na parte externa do Iguatemi. Passados quase 120 dias do fato, o paradeiro da investigada permanece desconhecido pelas autoridades.

A reportagem apurou que os outros cinco suspeitos, todos eles já na condição de réu no Judiciário cearense, continuam presos. Lúcio Mauro Rodrigues Ferreira, André Luiz dos Santos Nogueira, Antônio Duarte Araújo Eneas, Douglas da Silva Dias e Antônio Jardeson Lima de Moura estão detidos no Centro de Triagem e Observação Criminológica (Ctoc).

No último dia 16 de novembro aconteceu a primeira audiência de instrução acerca do processo. A continuação está agendada para 26 de janeiro de 2022, a partir das 22h, por videoconferência. Pelo menos quatro testemunhas devem ser ouvidas na próxima sessão da atual fase de instrução.

LAUDOS

Conforme laudos da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), o disparo que atingiu Caroline partiu da arma do segurança da joalheria. Os exames indicaram que foi o colaborador da loja quem iniciou o tiroteio, dando três tiros antes de o assaltante revidar com o primeiro disparo. 

De acordo com a análise pericial das imagens do DVR, segurança e assaltante efetuaram cinco disparos cada. Mas apenas um tiro que saiu da arma do profissional que trabalhava na joalheria atingiu Caroline, ao entrar pelas costas e sair acima do peito esquerdo. 

Quando os laudos foram emitidos, o Ministério Público do Ceará já havia denunciado os cinco assaltantes pelo latrocínio.


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As defesas dos acusados questionaram a oferta da peça denunciatória a partir do que os laudos apontaram. Para o advogado de Lúcio Mauro, por exemplo, o magistrado deveria determinar o "aditamento da exordial acusatória para que a classificação correta dos crimes imputados seja adequada aos laudos periciais juntados aos autos recentemente, pois ficou comprovado que o único disparo de arma de fogo que matou a gerente da loja de joias veio do próprio segurança".

No entanto, o magistrado destaca nos autos que a denúncia é pautada no inquérito policial e que mais fatos devem ser apurados em sede de instrução criminal: "Entendo que não é o caso de absolvição sumária, pois não existe manifesta causa de exclusão da ilicitude ou culpabilidade, não estando extinta a punibilidade do agente", disse o juiz Francisco das Chagas Gomes.

Nessa segunda-feira (20), a reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Ceará (PCCE) a fim de saber se em algum momento o segurança foi investigado. O MPCE também foi questionado sobre uma possível nova denúncia, incluindo acusação contra o profissional, que até então segue na condição de testemunha na ação penal. Até a edição desta matéria os órgãos não tinham se posicionado.

 

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