Afroempreendedorismo no Ceará

Apesar de serem maioria, os empreendedores negro/as são os que enfrentam maior dificuldade para abrir e manter seus negócios

Legenda: As estatísticas demonstram que os índices de desemprego, trabalho informal e precarizado é maior entre os negros (pretos e pardos)
Foto: microsoft 365 / Unsplash

No Pós Abolição os ex-escravizados deparam-se com a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, considerados sem capacitação, destituído de ética e de moral como classe trabalhadora. O que determinou que estes construíssem uma relação social, histórica, cultural e particularmente, de resistência com o trabalho.

A vulnerabilidade econômica do povo negro ainda se faz presente. As estatísticas demonstram que os índices de desemprego, trabalho informal e precarizado é maior entre os negros (pretos e pardos). Segundo o IBGE (2022) a taxa de desocupação, no primeiro trimestre de 2022, foi de 11,3% entre os que se autodeclaravam pretos, 10,1% entre os pardos e 6,8% entre os brancos. No Ceará o último trimestre de 2022 a taxa de desocupação foi de 8%, os brancos 6,8% e negros (pretos e pardos) 8,4%, e das mulheres negras sobe para 9,2%. No que concerne a média salarial era de R$ 1.781,50, para brancos 2.371,90 e negros 1.559,50.

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Diante dessas desvantagens históricas a população negra tem encontrado no empreendedorismo uma das alternativas, uns por necessidade, falta de outra opção de trabalho; e outros porque avistam uma oportunidade, se identificam com o negócio. Assim, a alternativa trabalho autônomo, o empreendedorismo como atividade econômica operou e opera como estratégia de sobrevivência e ascensão social.

Os afroempreendedores têm como propósito combater ao racismo e superar desigualdades raciais, fomentando capacidades e dando visibilidade ao legado dos escravizados que construíram esse país, e oportunidades às potencialidades negras, dos quilombolas e povos de terreiros que contribuem para o desenvolvimento econômico, político e cultural do Ceará.

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Apesar de serem maioria, os empreendedores negro/as são os que enfrentam maior dificuldade para abrir e manter seus negócios, enfrentam muitos desafios, incluindo acesso ao capital, falta de redes de negócios e discriminação racial. Por isso, precisam de da parceria do governo, setor privado, principalmente do Sebrae no que concerne a realização de levantamentos dos empreendedores negros/as, quilombolas, ciganos e dos povos de terreiro em todas as regiões do Ceará, que assinale suas demandas para o aprimoramento do empreendedorismo destes grupos étnicos no estado. São bem-vindas ações como: realização de workshop, seminários, consultorias, mentorias para o incremento dos negócios individuais e coletivos, acesso a créditos, apoio sistemáticos na realização das feiras, ocupação nos equipamentos de cultura.

Fortaleza conta com a Feira Negra, feiras de Axé e de quilombolas são afroempreendedores que fazem uso dessa tecnologia social ancestral, com caráter inventivo e inovador voltados ao pertencimento e reconhecimento étnico racial, venda dos produtos e serviços atravessados pela identificação com a cultura, com as atrações artístico culturais. Tendo como diretriz o reforço do senso de pertencimento e orgulho étnico a partir dos pilares do trabalho.

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.

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