Por mais política de diversidade

As políticas de promoção da diversidade são necessárias nas instituições públicas, empresas privadas e organizações da sociedade civil, apostam na inclusão com equidade e têm sustentação legal

Legenda: Torna-se crucial criar cada vez mais programas de ações afirmativas, seja no formato de cotas, bônus, ou estratégias outras que fortaleçam quem não ocupa lugares de vantagem na estrutural social
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As políticas de inclusão social e econômica são relevantes para a realidade brasileira marcada pela pobreza, desemprego e falta de representatividade de segmentos que cotidianamente contribuem, de diferentes formas, para desenvolver o País. Priorizam aqueles que foram deixados de fora, excluídos e discriminados como população negra, mulheres, indígenas, povos e comunidades tradicionais, pessoas com deficiência e segmento LGBTQIA+ dentre outros, num desdobramento de esforços para tornar a nação menos desigual.

A herança escravocrata, no dizer de Cida Bento, trava o desenvolvimento do Brasil. Acresce o ranço do patriarcado e violência que diminuem as oportunidades de emancipação das mulheres, estimula a exclusão, naturaliza hierarquias sociais, e fomenta as opressões acumuladas. Portanto, faz com que os mesmos grupos sociais continuem historicamente ocupando os lugares de poder, prestigio com representatividade política, em detrimento de uma maioria minorizada.

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As políticas de promoção da diversidade são necessárias nas instituições públicas, empresas privadas e organizações da sociedade civil, apostam na inclusão com equidade e têm sustentação legal. Valorizam a pluralidade das identidades étnicas, de gênero e de orientação sexual, diferentes culturas, religiões e territórios. Assumem papel preponderante no acesso ao mercado de trabalho por meio dos processos de recrutamento, concursos, seleções tornando esses e outros espaços mais plurais.  

O apoio à diversidade e inclusão ainda enfrenta desafios. Um deste diz respeito as contradições existentes na sociedade contemporânea. De um lado, a crise civilizatória que forja o contexto de risco, o aumento do conservadorismo e autoritarismo, numa guerra cultural de ataques aos direitos humanos e desprezo pelo pluralismo democrático. E de outro, a forte tendência a reivindicação ao direito à diferença por parte dos movimentos sociais que buscam políticas de distribuição econômica e de reconhecimento, exigindo a promoção da diversidade e equidade.

Não tem mais lugar os argumentos utilizados por algumas empresas de que esses grupos discriminados não são quadros qualificados, não têm competências e nem experiência que os possibilitem dominar os códigos institucionais requeridos no mercado de trabalho.

Torna-se crucial criar cada vez mais programas de ações afirmativas, seja no formato de cotas, bônus, ou estratégias outras que fortaleçam quem não ocupa lugares de vantagem na estrutural social. Certamente, tais iniciativas a partir das evidencias apresentadas devem ser monitoradas e avaliados seus impactos.

Nesse processo eleitoral a política de diversidade e inclusão deve estar na pauta dos partidos, dos candidatos como assunto relevante e urgente. Lembrando sempre que o respeito à diversidade não pode ser retórica, mas uma realidade que revele a essência do Brasil plural, de uma sociedade capaz de criar oportunidades para todas, todos e todes. 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

Zelma Madeira é professora da UECE e Assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Estado Ceará.



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