Ativismo das mulheres na redução das desigualdades

Ser mulher depende das relações sociais, econômicas, políticas e culturais estabelecidas na formação do país.

Legenda: É preciso valorizando o trabalho das mulheres em diferentes áreas, emponderando para ocuparem lugares de poder e prestigio na sociedade e formulando e aprimorando políticas públicas de equidade de gênero e igualdade racial com ações planejadas e dotação orçamentária garantida.
Foto: Arquivo Diário do Nordeste/Natinho Rodrigues

Março chegou e com ele celebrações e homenagens pela passagem do dia Internacional das Mulheres, excelente oportunidade de dizer o que fazem para o desenvolvimento desse país.

As mulheres representam 51,8% da população brasileira. São plurais, vivem em contextos variados, apresentam particularidades nas suas demandas, modos de sobreviver e ocupar a estrutura social. Não cabendo uma visão unitária e homogênea destas.

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Ser mulher depende das relações sociais, econômicas, políticas e culturais estabelecidas na formação do país. Por isso se fala em relações de gênero, o tornar-se mulher e homem como construção socio histórica. É valido considerar as marcas de uma sociedade de um passado longo de escravidão, do ranço do patriarcado, sexismo e machismo que sustentou a exclusão e naturalização das violências perpetradas contra as mulheres.

As mulheres reivindicam oportunidades na vida, escuta qualificada, proteção e fortalecimento do poder de participação social e política rumo a transformação dessa sociedade. Diante das adversidades e contradições produzem economicamente, embora nem sempre seja reconhecido o seu trabalho e desempenham lideranças nas instituições que lutam por justiça e igualdade.

Desde a década de 1970 as mulheres tem desenvolvido seu ativismo através da organização comunitária, participação nas instâncias de controle social como as conferências internacionais e nacionais, conselhos de políticas públicas e fóruns etc., da construção da plataforma de ação baseada na perspectiva de gênero, cujo objetivo é dar visibilidade as suas pautas prioritárias, denunciar através de dados estatísticos as condições de vida das mulheres e sugerir ações para alcançar patamares elevados de sustentabilidade.

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Embora sendo maioria as mulheres ainda enfrentam muitas dificuldades para acessar direitos. Nesse grupo tem-se 58 milhões de mulheres negras, equivalente 27,8 % da população do país, impactadas pelas desigualdades no acesso ao trabalho e renda, saúde, moradia e educação interseccionadas pela pertença de classe, gênero e raça.

As mulheres negras são as que mais se aproximam da realidade das persistentes desigualdades raciais e de gênero. Historicamente e também nesse contexto de risco da pandemia de covid-19, conseguem melhor interpretar os modos de vida, com acúmulo de experiência para superar situações difíceis, agindo em defesa da continuidade da vida dos grupos mais vulnerabilizados pela pobreza, fome, violência e falta de reconhecimento identitário.

O desafio maior hoje é proteger as mulheres nas suas realidades marcadas pela exploração, opressão e violências. Valorizando seu trabalho em diferentes áreas, emponderando para ocuparem lugares de poder e prestigio na sociedade e formulando e aprimorando políticas públicas de equidade de gênero e igualdade racial com ações planejadas e dotação orçamentária garantida.

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

Zelma Madeira é professora da UECE e Assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Estado Ceará.



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