Violência contra a mulher, o que fazer?

Legenda: A violência contra a mulher é um fenômeno planetário, complexo que ocorre todo dia e não de modo episódico, prejudicando o desenvolvimento de meninas e mulheres

Em novembro, tem início a mobilização dos “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a Mulher”. Desde 1991 no mundo, a sociedade civil e instituições governamentais debatem e denunciam as várias formas de violência e buscam soluções.

São realizados eventos como seminários, atos políticos, audiência públicas, divulgação de campanhas e de dados estatísticos sobre os diversos tipos de violência contra muitas mulheres. Nesses 21 dias englobam datas como 20/11 dia Nacional da Consciência Negra, 25/11 dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher, 06/11 dia de mobilização dos Homens pelo fim da violência contra as mulheres (Campanha Laço Branco) e 10/12 dia Internacional dos Direitos Humanos.

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A violência contra a mulher é um fenômeno planetário, complexo que ocorre todo dia e não de modo episódico, prejudicando o desenvolvimento de meninas e mulheres. No Brasil tal fenômeno nos remete a formação histórica como um país de longo período de escravidão, fundamentado em valores patriarcais, machistas e racistas, de forte aparato repressivo e com enormes desigualdades, conformando uma “cultura” de coisificação das mulheres e de naturalização das agressões.

Por isso importa compreender que a violência contra as mulheres não está desconectada da forma como são construídas socialmente as relações de gênero, do ser e tornar-se homem ou mulher. As consequências podem ser lidas nas desigualdades de gênero hoje, como ilustra o Relatório Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil (2021) do Datafolha e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quando afirma que a violência no espaço da rua vem diminuindo em relação aos anos anteriores, enquanto aumenta a violência dentro de casa, no espaço doméstico e intrafamiliar, tendo como agressores pessoas conhecidas da vítima como companheiro, ex-parceiros e pessoas da família. Aponta que uma em cada mulher acima de 16 anos sofreram violência no ano de 2020, correspondendo a 17 milhões (24,4%).

A casa perfila como um dos locais onde ocorrem as agressões (48,80%) seguindo da rua (19,9%), trabalho (9,4%). O perfil das vítimas apresenta a prevalência entre mulheres jovens entre 16 a 24 anos (35,2%), negras (pretas e pardas 52,9%) e separadas (35%). Tais dados comprovam que cresce a violência contra as mulheres durante a pandemia de covid-19.

As alternativas de superação da violência contra a mulher de forma estruturada e sustentável requerem o engajamento de toda a sociedade, ações públicas e privadas através do debate sério e propositivo com os especialistas; práticas inovadoras que inibam a violência, investimento nas políticas públicas de equidade de gênero, voltadas para promoção de acolhimento e atendimento de qualidade nos equipamentos sociais, combater a “cultura” do estupro etc. As ações devem garantir emancipação financeira, social e emocional as mulheres que sofrem a violência cotidianamente.

“Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor”.



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