Quais setores e estratégias para investir na Bolsa durante o período eleitoral? Analistas respondem

Especialistas indicaram cautela, investindo valores pequenos proporcionais à renda, e setores com receita dolarizada ou com demandas inelásticas

Legenda: Investimentos na Bolsa de Valores durante o período eleitoral demanda cautela, dizem analistas
Foto: Shutterstock

Com o cenário eleitoral se consolidando no País, o mercado de ações costuma passar por constantes instabilidades, seja pela incerteza das políticas públicas quanto possíveis mudanças regulatórias. Para tentar se proteger, analistas comentaram quais as melhores estratégias até a confirmação do pleito em 2022. 

Leo Milane, economista-chefe da VLGI Investimentos, e Raul Santos, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), concordaram que o momento pede cautela dos investidores que resolverem operar na Bolsa de Valores. Os analistas comentaram ser preciso buscar investimentos com valores pequenos proporcionalmente à renda de cada um, visando evitar o comprometimento do orçamento. 

Santos ainda destacou que os investidores podem buscar o trabalho de assessor de investimentos para tentar reduzir riscos, principalmente se a pessoa estiver iniciando as operações na B3, bolsa de valores brasileira. 

"Primeiro é começar com valores pequenos, que não comprometam a renda, depois procurar ações mais óbvias, de empresas consolidadas e de setores que não vão passar por muitas oscilações durante o período eleitoral. O terceiro passo, é buscar um assessor, principalmente para quem está começando na Bolsa. Temos funcionários de bancos e profissionais autônomos para conversar hoje em dia", disse.

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Setores para observar

Sobre os melhores setores ou empresas para investir, Leo Milane afirmou que o investidor pode buscar operações onde há receitas dolarizadas, já que a moeda americana tende a se valorizar em anos eleitorais. Além disso, buscar empresas que possuam demandas constantes pode, também, ser uma boa opção, observando setores como alimentação, papel e celulose, e afins. 

O economista-chefe da VLGI apontou o exemplo da JBS, que opera no processamento de carnes bovina, suína, ovina e de frango e no processamento de couros. 

"Temos boas opções como a JBS. Se tudo der errado, o dólar sobe e aí quem tem receita dolariza pode acabar se valorizando, considerando as commodities agrícolas, exemplo das exportadoras de carne, além de ter uma demanda inelástica, já que as pessoas vão ter de continuar comendo independente do resultado da eleição. O setor de papel e celulose, tem essas características, e é um commoditie é mais estável ao contrário de petróleo", disse Milane.

Já Raul Santos indicou setores relacionados às demandas mais recentes, como alimentação saudável, vestuário informal, energias renováveis e saúde, considerando também a demanda pelos produtos e serviços.  

"Os setores que podem ter mais estabilidade são os mais óbvios, como o de energias renováveis, alimentos, saúde, educação que tenha educação embarcada no meio. O de vestuário mais informal acabou se beneficiando por conta da pandemia e podem ter mais estabilidade, como é o caso da Hering", analisou. 

Cautela necessária

Outro ponto importante destacado por Leo Milane é que os setores tidos como "mais conservadores" na bolsa de valores, como energia e commodities mais tradicionais, podem não ser uma opção, mesmo tendo resultados consolidados nos últimos anos.

O economista apontou que mudanças de governo podem acompanhar mudanças de regulação e isso pode afetar muitos negócios. 

"Os setores mais conservadores, como energia, também estão sujeitos a mudanças, como aconteceu na época da eleição da Dilma (Rousseff), então esse é um ponto a se considerar. Não é porque é conservador que é totalmente seguro", apontou.