O Porto do Pecém completou 20 anos no último dia 28 de março e fechou um processo de "maturação" como negócio, de acordo com os executivos do empreendimento e especialistas da área.
Contudo, os planos para o complexo portuário hoje administrado majoritariamente pelo Governo do Estado, em um futuro mais distante, deverão contar com uma transferência de controle para a iniciativa privada, após uma desmobilização da administração pública.
A perspectiva é do secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado (Sedet), Maia Júnior, que destacou a necessidade de o Governo reorganizar planos de investimento em infraestrutura em outros projetos no futuro.
A desmobilização do Estado em relação ao controle do Porto do Pecém não deverá acontecer em um futuro próximo, considerando que o terminal ainda precisaria ganhar mais escala e projeção no mercado, garantindo uma presença maior de empresas privadas no local.
"Na hora que o Estado se vir pronto para fazer uma desmobilização, a tendência é que isso vá tudo para o setor privado, e as empresas que se instalarem lá terão grande interesse na operação do Porto", disse Maia.
"Eu vejo essas empresas que estão lá entrando nesse processo de desmobilização para ter um controle de capital maior do Pecém, e o Estado ao dar maturidade, e com o crescimento do Porto, vejo como uma grande possibilidade ir deixando a tutela e ficando apenas com a regulação do processo para estruturar outras fontes pelas necessidades do estado de buscar outros investimentos", completou.
Contudo, o Porto deverá ainda servir como âncora de desenvolvimento da economia estadual ao impulsionar, também, o projeto de transição energética no Ceará. A expectativa é gerar avanços no setor de energias renováveis, considerando geração e manufatura de equipamentos para energia eólica e a produção de hidrogênio verde, além da criação de um polo metalmecânico para carros elétricos.
Gerando escala
Para o economista Alex Araújo esse movimento seria, de fato, o mais indicado para o funcionamento das operações do Porto do Pecém. No entanto, o terminal ainda precisaria evoluir e ganhar escala, aumentando a presença da iniciativa privada para então ter uma retirada do controle público.
"Esse cenário do hidrogênio verde já é terceira ou quarta modificação que se faz no Porto, e cada uma delas significa um grande plano de investimentos, e por conta da situação do Estado não é fácil investir. E faz mais sentido, de fato, o terminal na mão do setor privado para não concorrer com investimentos no setor privado. Mas hoje não temos escala", disse Araújo
"Ele precisa ter uma escala econômica para ter a entrada do setor privado. Ele é ponto de nó logística, mas precisa de escala para atrair o setor privado e isso está atrelado ao planejamento do Estado, que está sempre olhando para frente e poderá usar os recursos para fazer novos investimentos", completou.