Todos os serviços de atendimento ao consumidor e aqueles relacionados ao comércio exterior da Receita Federal deverão sofrer um baque nos próximos dias por conta de um protesto de auditores fiscais do órgão. A iniciativa deverá prejudicar, por exemplo, a arrecadação de impostos e os pedidos de restituição tributária para o Imposto de Renda.
Sem o bônus e com a redução de recursos, que deveriam ser destinados a investimentos em tecnologia e melhorias de processos no órgão, 80 cargos de chefia já foram entregues na 3ª Região Fiscal, que corresponde aos estados de Ceará, Piauí e Maranhão.
De acordo com a auditora Patrícia Gomes Peixoto o impacto na arrecadação por tributos gerada pelo movimento deverá ser substancial, com uma queda de pelo menos 90% dos valores espontâneos — feitos pela própria população ou empresas aos quais os pagamentos são devidos.
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A insatisfação da classe, segundo Gomes, é resultado dos sucessivos cortes orçamentários impostos pelo Governo Federal nos últimos três anos e pelo não implementação do bônus por eficiência dos auditores, que havia sido prometido há pelo menos cinco anos.
A auditora, contudo, relatou que, apesar das promessas, a regulamentação nunca saiu e vem sendo protelada pelo Governo.
"Esse movimento impacta na vida dos contribuintes, o comércio exterior, a divulgação de processos pessoas físicas e empresas, a análise de crédito, pedidos de restituição e compensação, julgamentos de processos administrativos e outras questões. Mas o Brasil está saindo de uma crise e precisa de investimentos, e os recursos podem vir da Receita Federal, só que os recursos estão sendo destinados para as polícias no País, é inadmissível", disse Patrícia.
"Já é o terceiro ano seguido que a Receita tem corte no orçamento, é corte em cima do corte e precisamos de avanços para garantir a otimização na arrecadação. Há cinco anos o Governo fez um acordo com o sindicato de auditores em que deveria regulamentar o bônus de eficiência de auditores, mas nada fez e estamos esperando que o Governo faça alguma coisa. Eles pedem voto de confiança, mas não fazem nada", completou a auditora.
Como reflexo do movimento, os auditores da Receita na 3ª Região Fiscal, como explicou Patrícia, estão deliberando "meta zero", o que significa ter nenhuma das metas da Receita atingidas enquanto durar o movimento. Essa decisão deverá ter impactos graves na arrecadação futura dos Governos no País, e só deverá ser repensada no caso da negociação de novos investimentos no órgão e pela regulamentação do bônus de eficiência.
"Nós estamos deliberando meta zero, então nada será atingido, comércio exterior e atendimento do contribuinte será impactado, mas nosso objetivo será impactar o Governo para que ele entenda a importância da Receita Federal, e não vamos retroceder enquanto nada for feito", explicou.