A endometriose afeta pessoas com útero e pode provocar dores, muitas vezes incapacitantes, que reduzem a qualidade de vida. O tratamento da condição envolve diversas abordagens, desde suspender a menstruação com uso de medicação à remoção cirúrgica dos ovários e do útero. Especialistas indicam que a prática de exercício também auxilia na melhora dos sintomas, mas exige cuidados para não ter o efeito contrário.
O ginecologista e obstetra Alexandre Silva e Silva detalha que não há dados científicos indicando que pacientes com a condição devam evitar a prática. Na verdade, ele afirma que existe uma série de efeitos positivos associados à realização regular de atividade, mas alerta que é necessário respeitar o nível de condicionamento físico de cada um, para evitar que a ação piore os sintomas.
"A prática de exercícios físicos pode ser benéfica para pacientes com endometriose, mas é importante adaptar o tipo e a intensidade dos exercícios às necessidades individuais. [...] Sempre é recomendável discutir quaisquer exercícios com um profissional de saúde."
A professora do Instituto de Educação Física e Esportes da Universidade Federal do Ceará (IEFES-UFC), Tatiana Zylberberg, que sofre da condição, reforça o entendimento do médico sobre os benefícios do exercício para pessoas com a doença. Ela explica que, como os sinais podem variar entre indivíduos, o recomendado é o paciente ser acompanhado por um profissional de educação física, que avaliará qual o melhor tipo de treino.
"A endometriose se manifesta de forma diferente em cada pessoa, é difícil dizer que a mulher deva reduzir ou adaptar seu exercício em algum momento específico de ciclo. Geralmente, nas fases pré-menstruais e menstruais, qualquer mulher fica mais sensível à percepção de dor devido ao aumento dos hormônios circulantes. Para mulheres com endometriose essa dor pode estar presente independente do ciclo, sendo associada ao processo inflamatório, dessa forma, o exercício deve ser ajustado ao seu quadro diário".
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Ao Diário do Nordeste, os dois especialistas e a também docente do IEFES-UFC, Carolina Gama, listaram alguns efeitos positivos associados à prática regular de exercícios para pacientes com diagnóstico da condição. São eles:
Para ter acesso aos benefícios, ambas as professoras de Educação Física indicam que a frequência necessária é praticar exercícios físicos pelo menos três vezes por semana.
Devido à subjetividade da percepção de dor associada à endometriose, a também docente do IEFES-UFC, Carolina Gama, frisa que não é possível indicar uma padronização de treinamento ou de exercício que funcione em todos os casos. Ou seja, cada paciente exigirá uma prescrição individual voltada para as necessidades e as características dele.
Tatiana Zylberberg acrescenta que há estudos que apontam que exercícios aeróbicos de baixa intensidade, como dança e caminhada ou práticas como alongamento, ioga e pilates promovem a melhora da saúde feminina em pacientes com o diagnóstico. Atividades como natação e ciclismo são citadas por Alexandre Silva e Silva como também aliadas ao combate aos sintomas da endometriose.
"Os exercícios podem ser diversos, sendo importante aquecer bem as articulações, liberar a musculatura da pelve, aumentar a frequência cardíaca. Começar por práticas que deem prazer e aumentar gradativamente a carga, iniciando com atividades moderadas e de baixa intensidade. Com melhoria da condição física, redução da dor e mais qualidade de vida, o treino vai sendo modificado."
A especialista ainda frisa a necessidade de o paciente ser acompanhado por um profissional de educação física, que poderá indicar o melhor tipo de exercício, além de ser capaz de adaptar o movimento, caso seja necessário.