Diabetes gestacional: o que é, causas e como evitar

A doença é caracterizada, segundo a obstetra Cinara Eufrásio, por valores elevados de glicose no sangue durante a gestação

Legenda: Médica afirma ser possível controlar a diabetes gestacional com mudanças no estilo de vida
Foto: Shutterstock

Você já ouviu falar em diabetes gestacional? O tema é um daqueles que podem assustar as mulheres durante a gravidez e necessita de cuidados para que não haja complicações tanto para a mãe quanto para os bebês. 

A doença é caracterizada, segundo a obstetra Cinara Eufrásio, por valores elevados de glicose no sangue durante a gestação. A condição pode ser diagnosticada em dois momentos da gravidez através de exames que são realizados no início ou entre 24 e 28 semanas.  

“Já nos primeiros exames laboratoriais ao início do pré-natal, quando a glicemia sérica de jejum é maior ou igual a 92. Ou na curva glicêmica, entre 24 e 28 semanas de idade gestacional, quando pelo menos (e basta um) um dos valores da curva está alterado, sendo os valores normais <92, <180 após 1 h e <153 após 2h”, explica a médica.  

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Para evitar ter diabetes gestacional, a especialista recomenda que as mulheres mantenham hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física regular antes e durante a gravidez. A médica lista ainda cinco fatores de risco: 

  1. Idade (aumento progressivo com a idade) 
  2. Sobrepeso/ obesidade 
  3. Antecedentes familiares de diabetes 
  4. Antecedentes pessoais de alteração metabólica (síndrome dos ovários policísticos, hipertrigliceridemia, hipertensão arterial sistêmica, doença cardiovascular aterosclerótica) 
  5. Antecedentes pessoais obstétricos (diabetes em gestação prévia, polidramnio, história de filhos anteriores que nasceram com Mais de 4kg) 

Outro ponto destacado por Cinara é de que é possível controlar a diabetes gestacional com mudanças no estilo de vida. “Estima-se que até 80% das pacientes que sigam as orientações de mudança de estilo de vida (adequando hábitos alimentares e prática de atividade física para o recomendado na gestação) consigam atingir o controle glicêmico desejado”. 

Já para quem não consegue atingir os índices desejados de glicemia com a mudança de hábitos, a especialista afirma que há um tratamento medicamentoso com insulina que pode ser indicado. 

Após o parto, segundo a profissional, os níveis de glicose costumam se normalizar rapidamente, No entanto, ela alerta que a gestante que teve diabetes gestacional tem um risco entre 3-65% de ter o diagnóstico de diabetes tipo 2 no futuro. 

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Diabetes gestacional tem uma causa? 

Cinara esclarece que a “gravidez é um estado de resistência insulínica (por conta de hormônios que são produzidos pela placenta ou aumentados durante a gestação). Em gestantes saudáveis, a produção de insulina aumenta, no entanto, esse mecanismo não acontece em pacientes que estejam com sua capacidade de produção de insulina no limite”. 

Cuidados para quem tem diabetes antes de engravidar 

A mulher que já engravida sabendo que possui um diagnóstico de diabetes mellitus deve, conforme a médica, receber as mesmas orientações da gestante que recebe o diagnóstico de diabetes na gravidez. “Ou seja: controle glicêmico rigoroso, controle nutricional, prática de atividade física regular”. 

A especialista acrescenta ainda que é imprescindível lembrar para essas pacientes “da importância do controle glicêmico antes mesmo de engravidar, uma vez que níveis glicêmicos muito altos no início do pré natal (primeiro trimestre) predispõem a malformações fetais, como cardiopatias”. 

Complicações para o bebê 

O bebê também pode ter consequências em casos de diabetes gestacional. De forma imediata, de acordo com a médica, há um aumento de peso da criança e também do líquido amniótico, que eleva a diurese fetal.   

“Essas alterações podem aumentar os riscos de complicações durante o parto por desproporção com o canal de parto ou má acomodação do bebê no canal de parto. O risco mais grave, é de óbito fetal intrauterino, uma vez que o sangue materno com níveis elevados de glicose, não consegue oxigenar o bebê de forma adequada”, finaliza.