Pensando em engravidar? Especialistas listam cuidados com a saúde durante a gestação

Desde o acompanhamento regular com o obstetra até cuidados com alimentação e prática de atividade física são importantes para garantir a saúde da mãe e do bebê

Legenda: A periodicidade das consultas com obstetra vai mudando à medida que a gestação vai avançando
Foto: Shutterstock

Idas ao obstetra, exames, cuidados com a alimentação e prática de exercícios físicos são alguns dos pontos que uma gestante precisa equilibrar. As transformações são muitas para as mulheres e o cuidado com a saúde fica ainda mais necessário nesta etapa. Para tirar dúvidas e ajudar aquelas que desejam planejar uma gravidez ou até as que já são mães, ouvimos especialistas para a coluna dessa semana.  

Para quem está planejando engravidar, a médica ginecologista e obstetra, Nathália Posso Lima, recomenda que a paciente procure o profissional antes mesmo de iniciar a tentativa, cerca de três meses antes. Essa antecedência é para que sejam feitos exames mais detalhados, se inicie a suplementação vitamínica e, também, orientação sobre a necessidade de vacinas. 

A especialista diz também que é verificado nessas consultas se a paciente possui alguma doença pré-existente que pode ser controlada antes do início da gestação e, assim, evitar complicações futuras. “O ideal é que o acompanhamento da gestação se inicie antes mesmo dela ocorrer”.  

No caso das mulheres que descobrem a gravidez após diagnóstico, Nathália orienta que elas procurem a obstetra o mais cedo possível para começar o acompanhamento pré-natal. A periodicidade dessas consultas vai mudando à medida que a gestação vai avançando. Elas costumam ser mensais até 32 semanas, quinzenais entre 32 e 36 semanas e em seguida, semanais até o parto. 

“Isso porque com o avançar da gestação as mudanças e as intercorrências elas passam a ser mais rápidas. Então, por isso, a necessidade de aumentar as consultas as visitas ao obstetra”, explica. 

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Sobre essas complicações que podem aparecer durante a gravidez, a obstetra Eveline Studart detalha que inúmeras condições podem impactar a gestação, porém, as principais doenças são as hipertensivas e o diabetes gestacional.  

“Elas costumam estar associadas a sobrepeso e obesidade maternas previamente à gestação, sedentarismo, alimentação desregrada, ganho de peso excessivo na gestação. E precisam ser diagnosticadas e conduzidas corretamente para evitarmos complicações como prematuridade e alterações no crescimento fetal”, esclarece. 
Eveline Studart
Obstetra

A especialista acrescenta que nas consultas já se pode identificar os fatores de risco e são traçadas estratégias para que a mãe e o bebê não sejam afetados. “As prevenções ou intervenções serão de acordo com cada caso, mas já se tem comprovação de que: atividade física regular, cuidados com alimentação e com a saúde mental da gestante têm muitos benefícios para uma gestação saudável”. 

O que não fazer nos primeiros três meses

Eveline Studart explica que o primeiro trimestre é a fase na qual já se começa a formar os órgãos vitais do corpo humano e também é neste período que inúmeras mudanças começam a ocorrer no organismo materno. “Por isso, desde o início da gestação já se deve suspender uso de medicações que não sejam por indicação médica, evitar dietas sem orientação nutricional e não consumir bebidas alcoólicas”. 

Nathália complementa que este período é crucial para o desenvolvimento da criança e o avançar da gestação e indica também que seja feita uma suplementação vitamínica e sejam evitados exercícios físicos extenuantes. Sobre a aplicação de vacinas, ela diz que a orientação é esperar e se imunizar “após as doze semanas e o ideal é que tudo seja feito sempre em comum acordo com o obstetra”.

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Cuidados com a alimentação 

As duas especialistas indicam, de forma geral, que além dos cuidados com o obstetra, a gestante tenha uma alimentação saudável e pratique atividade física de forma regular. “De uma maneira geral, consumir alimentos saudáveis: frutas, verduras, proteínas e carboidratos de qualidade, evitar doces em excesso, cuidado com cafeína, não ingerir bebidas alcoólicas. O acompanhamento nutricional sempre é recomendado”, destaca Eveline. 

Nathália conta também que sempre fala aos pacientes que é na gestação o único momento e que elas conseguem escolher o que os filhos irão comer, por isso, é importante oferecer o que há de melhor.  

“Alimentação saudável, alimentação rica em nutrientes e que vão suprir esse feto de todas as vitaminas minerais de que ele precise. Além disso, a gente sabe que o bebê consome muitos nutrientes da mãe. Então, essa mãe também tem que se nutrir de uma forma adequada”, explica.

Sobre restrições alimentares durante a gravidez, a médica reforça que isso é muito individualizado e é importante fazer exames para ver quais as restrições a paciente pode ter. De forma geral, ela aconselha evitar alimentos crus e frutas e verduras em que não se saibam a procedência. O risco de toxoplasmose, segundo a especialista, está mais associado a alimentos contaminados com fezes de gato. 

“Se forem alimentos bem lavados, bem higienizados, consumidos de preferência em casa, esses alimentos podem ser consumidos. E em relação a sushis, outras coisas como carne crua, o risco seria mais de uma infecção intestinal, por uma salmonela. Então, a gente pede que esses alimentos sejam consumidos em locais de boa procedência”, esclarece. 

 Atividade física 

A prática de atividade física durante a gestação é recomendada pelas médicas e são indicadas até o período em que as grávidas se sentirem dispostas. “Se a gestante já vinha fazendo atividade física, não precisa suspender a atividade mesmo no início da gestação. Ela pode e deve manter-se ativa. Se a gestante estava sedentária, ela deve ser estimulada a iniciar atividade física desde que não haja nenhuma contraindicação”, explica a obstetra Eveline. 

Nathália complementa que a grávida que não possui hábito de praticar atividade física regularmente não deve começar com exercícios de muito impacto ou muito extenuantes, principalmente, nas primeiras doze semanas. Já para quem se exercita regularmente, ela recomenda que, no início, diminua o ritmo e adéque os exercícios.  

“Se você já era uma paciente ativa, diminuir bastante o ritmo e depois das doze semanas voltar a fazer as atividades que você fazia antes, sempre condicionando ao seu estado de gravidez. Se você já era uma paciente sedentária, a gente orienta que inicie os exercícios somente após as doze semanas e com um ritmo bem leve e sempre sob orientação para evitar complicações na gestação”. 

Eveline acrescenta ainda que muitas modalidades esportivas são permitidas, devendo ter o cuidado de ajustar os exercícios em virtude das modificações causadas pela gravidez no corpo da mulher. “Grávidas podem fazer musculação, pilates, funcional, natação, dente muitas outras modalidades. E pode/deve continuar a atividade física até quando sentir-se bem e disposta, muitas conseguem manter até o dia do parto. Aqueles esportes que têm mais risco de queda ou trauma devem ser evitados”.