Atividade física e infância: veja o que é indicado e a partir de qual idade
Professor da UFC afirma que exercícios físicos são indicados desde a primeira infância e podem proporcionar benefícios para o futuro
Uma dúvida comum para alguns pais é qual atividade física escolher para o filho e a partir de qual idade ela é indicada. A prática de exercícios, segundo o professor doutor em Educação Física da Universidade Federal do Ceará, Victor Silveira Coswig, é recomendada desde o nascimento e alguns estímulos podem proporcionar benefícios que serão percebidos no futuro.
“A prática de atividade física é indicada desde o nascimento. Por exemplo, programas de natação para bebês são muito populares para os pequenos a partir dos 6 meses. Estímulos para aprimorar habilidades motoras são bem vindos e esses movimentos já nesta idade podem proporcionar benefícios futuros relacionado à saúde óssea, muscular e a coordenação motora”, explica o educador.
Durante a primeira infância, ou seja, entre o nascimento e 6 anos, é sugerido, conforme o Modelo de Desenvolvimento Esportivo do Comitê Olímpico Brasileiro, atividades que priorizem vivências lúdicas. Victor destaca que essas atividades devem ser realizadas em ambientes diversos e estimulem aspectos como linguagem, autonomia e criatividade.
O tempo ideal de prática de atividade para crianças de até seis anos é entre 20 a 60 minutos, de 1 a 2 vezes por semana. “Nesta faixa a participação em competições formais não é recomendada e as experiências em múltiplas modalidades e estímulos pode enriquecer o repertório motor das crianças”, detalha.
Já para crianças de 6 a 12 anos, é sugerido que haja progressão para 40 a 80 minutos, de 1 a 3 vezes por semana. No caso dos adolescentes, o tempo aumenta de 50 até 120 minutos, de 2 a 4 vezes por semana. Essas indicações, conforme o especialista, também estão contidas no Modelo de Desenvolvimento Esportivo do Comitê Olímpico Brasileiro.
“Lembrando que além das práticas estruturadas como aulas de educação física ou de esportes, é importante encorajar o aumento da atividade física em todos os contextos, incluindo locomoção e lazer. Isso é importante pois parece que o tempo elevado em atividades sedentárias (celular, computador, televisão, estudando...) também é prejudicial, mesmo para quem é ativo fisicamente”.
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Exercícios de fortalecimento
Outra dúvida bastante comum é sobre a introdução de exercícios que visem o fortalecimento ainda na infância. O professor afirma que a prática dessas atividades não promovem riscos ao crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, ao contrário do que foi vinculado por muito tempo.
“Este tipo de estímulos pode aprimorar o desenvolvimento neuromuscular e ósseo, o que significa maior saúde do sistema locomotor, maior força e funcionalidade e ainda pode ser um ótimo aliado no combate ao sobrepeso e a obesidade infanto-juvenil. Todos esses impactos positivos podem ainda ter efeito duradouro para toda a vida”.
O especialista exemplifica ainda dizendo que “meninas que executam atividades neuromusculares na infância, tem menor risco de desenvolver osteoporose no futuro, o que está relacionado ao fato de atingir picos maiores de massa óssea na juventude”.
Sobre a musculação especificamente, Victor informa que o posicionamento da Associação Nacional de Força e Condicionamento dos Estados Unidos não estabelece uma idade específica em que a prática é liberada, mas sugere que, quando ocorra o engajamento de crianças em atividades que envolvam o treinamento resistido, elas sejam capazes de compreender o objetivo do que estão realizando.
“Obviamente orientação e segurança devem ser garantidos. Vale destacar que a musculação (treinamento resistido) não precisa ser necessariamente realizada em salas repletas de máquinas. Atividades com maior teor lúdico que usam brinquedos, brincadeiras, peso do corpo e outros implementos podem ser consideradas”, diz.
Recomendações para adolescentes
Os adolescentes podem e devem se aventurar em diferentes modalidades esportivas. O professor só destaca a necessidade de obedecer às orientações adequadas e seguir os protocolos de segurança. Conforme Victor, a recomendação de praticar atividade física para esta idade é maior até do que para adultos e vai desde exercícios aeróbicos até os de força, sendo recreativos ou esportivos.
Segue sendo importante a recomendação para ampliar o repertório de experiências com diferentes características e em diferentes espaços (piscina, quadra, campo, tatame, etc.).
Exercícios aeróbicos
Os exercícios aeróbicos como natação, corrida ou pedalada não possuem muita restrição de prática, desde que as crianças atinjam os critérios de aprendizado para realizar tais práticas. Ele lembra que bebês com seis meses, por exemplo, já podem começar a aprender a nadar.
“Lembrando que, nesta idade, o contexto importa e dar significado ao ato de correr ou pedalar pode ajudar na participação. Assim, brincadeiras e jogos de corrida e pedalada podem ser implementados assim que aprendidos”.
Crianças e adolescentes precisam alongar?
Muitas vezes quando vamos começar uma atividade física, já queremos alongar o corpo. Porém, segundo o professor, alongamentos, no geral, não são prioridade para crianças e adolescentes, pois este grupo geralmente apresenta bons graus de flexibilidade, que costumam se perder à medida que crescem.
“Apesar de não haver contra indicação, exceto em condições específicas, alongamentos não são prioridade nesta fase”. Isso, no entanto, não significa que o alongamento não possa fazer parte da rotina de treinamento desta faixa etária. Esse tipo de exercício pode fazer parte do aquecimento ou da volta a calma após as atividades, exemplifica Victor.