É comum para quem faz dieta, principalmente com o objetivo de emagrecer, querer que o corpo gaste o máximo de caloria possível. Nesse contexto, muitas vezes se pensa em acelerar o metabolismo para facilitar essa queima de energia. Mas será se realmente funciona? E como fazer?
A médica Ana Flávia Torquato, especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade de Boston e endocrinologista do Hospital Universitário da UFC, explica que aumentar o gasto metabólico facilita sim o emagrecimento. E a melhor maneira de fazer, segundo ela, é através da atividade física.
“A melhor maneira de aumentar a taxa metabólica e o gasto metabólico total em 24 horas, é através da atividade física, tanto pelo próprio aumento do gasto energético no momento do exercício, como pelas mudanças na composição corporal e aumento da massa magra, o que aumenta o gasto metabólico basal”, detalha.
A especialista não recomenda nenhum uso de suplemento que a finalidade seja acelerar o metabolismo. Sobre alimentos que podem ter essa característica, ela ressalta que algumas pessoas usam a cafeína para aumentar o rendimento no treino. “Isso pode sim ser feito, se a pessoa desejar; mas essa ação não serve para emagrecer”.
Já sobre os outros alimentos que são considerados termogênicos, como chá verde, pimenta, gengibre e canela, por exemplo, a médica diz que a contribuição deles para aumentar o gasto energético é muito pequeno e, na opinião dela, não compensa consumi-los apenas para esse objetivo.
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Ana Flávia Torquato define o metabolismo como um conjunto amplo e complexo das reações químicas que acontecem no corpo e são fundamentais para a manter a vida. Dentro desses processos, está a conversão de energia proveniente do alimento consumido em energia para ser utilizada pelo organismo.
“Um dos processos importantes é o metabolismo energético, que é a conversão da energia do alimento ingerido em energia para ser utilizada pelo corpo, para, por exemplo, manter a respiração, os batimentos cardíacos, a síntese de substâncias e hormônios, o crescimento e a reprodução, etc. Energia é fundamental para manter viva e funcionando todas as células do nosso corpo”.
Nesse contexto de conversão de energia, a médica explica que algumas pessoas têm o metabolismo energético atuando de forma mais econômica, por isso, possuem um gasto metabólico basal menor. Isso pode acarretar numa maior dificuldade de perder peso.
“O termo metabolismo lento na realidade não é bem empregado; podemos, ao invés disso, dizer que o metabolismo energético de algumas pessoas seria mais 'econômico', e assim o gasto metabólico basal seria menor, ou que algumas pessoas têm uma capacidade menor de oxidar a gordura, o que pode acarretar num maior acúmulo de gordura e dificuldade de perder peso”.
A especialista diz ainda que um dos motivos importantes de redução do gasto metabólico é a perda de peso, pois o corpo se torna mais econômico, por entender que existe uma escassez de fonte energética. “Em outras palavras, aquelas pessoas que engordam e emagrecem muitas vezes, o chamado efeito sanfona, tem um gasto metabólico basal menor, e terão dificuldade de perder peso”.
Já os testes que investigam como funcionam o metabolismo energético são, segundo a especialista, em grande parte realizados apenas em centros de pesquisa.
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Ao falar sobre acelerar o metabolismo, citamos muito a taxa metabólica basal. Mas afinal, o que é isso? A médica explica que ela se refere a quantidade de energia necessária para manter as funções do organismo em repouso. “Como os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a respiração e a manutenção da temperatura corporal”.
Ana Flávia Torquato detalha ainda que a composição corporal do corpo de cada pessoa interfere na taxa metabólica basal. Segundo ela, um indivíduo com mais massa magra e menos gordura terá essa taxa maior do que alguém da mesma idade e peso que possui maior percentual de gordura.
O metabolismo também pode estar associado a algumas doenças. A médica afirma que a mais conhecida delas é a diabetes mellitus, que é uma enfermidade do metabolismo do carboidrato.
“Devido à deficiência do hormônio insulina e/ou da resistência à ação do hormônio nos tecidos, a glicose não consegue ser utilizada de maneira apropriada pelas células e ocorre um aumento dos seus níveis no sangue”.