Com a chegada de um bebê, a família precisa se preparar para as mudanças na rotina. Mas, quando há um gato naquele lar, a adaptação precisa ser ainda mais criteriosa. "Afinal, o gato é um animal de rotina, e quando tudo muda, começa a ter comportamentos que não eram normais na visão do tutor, que acaba sofrendo junto", é o que alerta a médica veterinária, especializada em medicina felina, Bruna Lisboa.
Diferentemente do cachorro, que tem o contato com novos objetos estimulado pelos tutores, os gatos precisam ter um contato espontâneo.
"E ele deve participar de todo o processo. Quando a gente pensa numa gestação, tem pelo menos de sete a nove meses de adaptação pra esse animal com essa família e também com os novos materiais, o quarto do bebê, às vezes vai ter obra na casa, o que é algo desagradável para o gato. A ideia é sempre recompensar pelos processos para que ele entenda a nova realidade. Não podemos forçar, ele tem que conhecer de forma espontânea"
Veja 5 dicas para que você possa preparar o seu gatinho neste momento de espera para a chegada de um bebê na família.
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O gato precisa fazer uma introdução de forma lenta, e a adaptação é sempre ao poucos. "Por exemplo, chegou o bercinho do bebê, chegou o colchão do bebê. Toda vida que chega um objeto novo é importante que esse gato tenha acesso. De que forma? Ele precisa ser atraído para cheirar. E algumas coisas podem ser feitas: você pode colocar petiscos na região do novo objeto porque ele vai entender que esse objeto que chegou faz parte da casa e que não é algo estranho", explica a veterinária.
Segundo Bruna Lisboa, é importante estimular os atos espontâneos do felino. "E você nunca deve pegar o gato e colocar ele direto no novo objeto. Ele tem que fazer essa introdução de forma espontânea. Por isso, os petiscos podem ajudar a atrair".
"O gato tem uma boa caixinha de areia? Tem um brinquedo? Tem um bom pote de água e de comida? Existe "gatificação"? "Gatificação" são aqueles espaços elevados do solo para que o gato possa se deslocar, escalar, descansar, arranhar, entre outras coisas. Podem ser colocados na sala, na varanda. O gato tem arranhador? Isso vai evitar que ele fique arranhando os novos objetos", orienta Bruna Lisboa.
Com as mudanças, o gato pode ter atitudes diferentes, como fazer xixi em local que não deveria. "O que a gente não pode fazer é repreender porque isso pode gerar um estímulo a mais e fazer com que ele mude, por exemplo, a forma de fazer xixi e uma série de alterações. E com isso, vai redirecionando o comportamento desse gatinho", detalha Bruna.
O choro do bebê pode assustar o gato. Nesse momento, ele pode procurar o "local de segurança". Essa região é escolhida pelo felino e, sempre que há situações de medo, ele procura e fica no local.
"Vou dar o exemplo: eu tenho um gatinho que toda vez que está com medo fica embaixo da cortina da sala. Então ali é o local de segurança dele. Depois de identificar a região, o ideal é evita passar ali até que ele se sinta melhor e passe a entender que aquele barulho é normal", destaca a médica.
"É importante que, após a chegada do bebê, a gente evite fazer com que os gatos cheirem esse bebê assim que chegar. Exemplo: eu quero mostrar o bebê pro gato, [mas] não é assim que funciona. O gatinho não é um cachorrinho. O ideal é que você sente, no local que você quiser ficar, e deixe ele se aproximar. Cada vez que ele puder se aproximar, dá um petisco pra ele. Assim ele vai entendendo que está tudo bem, que essa é a nova família dele", orienta Bruna Lisboa.
Para Bruna Lisboa, procurar médicos veterinários especializados em medicina felina, e que tenham um atendimento voltado para o comportamento do gato, podem ser uma boa opção para ajudar, caso o animal não consiga se adaptar.
"Existem inúmeras alterações que representam ansiedade no gato e estão totalmente relacionadas ao estresse. Nesses casos, alguns gatinhos podem começar a não fazer mais xixi dentro da faixa, a não querer comer, se lamber de forma estranha, e às vezes param de brincar. Isso é um sinal para procurar um especialista. E é importante que esse veterinário seja um médico que já trabalha, principalmente, com o lado comportamental do gato porque dependendo do quadro é importante fazer uma avaliação detalhada".