Em cenário semelhante ao atual, 2012 teve tensão, veto, e terminou em rompimento entre governistas

Na sucessão de Luizianne Lins, em Fortaleza, grupo liderado por Cid Gomes, então no PSB, vetou nome indicado pelo PT e lançou Roberto Cláudio, que venceu

Legenda: Cid Gomes e Luizianne Lins lançaram aliados que começaram em baixa nas pesquisas, mas foram ao segundo turno; Roberto Cláudio venceu
Foto: Montagem

Há 10 anos, exatamente em junho de 2012, se confirmava o que os bastidores apontavam como possibilidade real na aliança governista cearense: o rompimento entre PSB e PT em Fortaleza, a principal cidade do Estado. Na ocasião, o grupo que atualmente lidera o PDT estava no PSB e anunciou que não apoiaria o candidato indicado pelos petistas, que estavam no poder. Há semelhanças com a atual disputa e o fator "veto" pode voltar a ter papel preponderante em 2022.

A aliança entre as duas forças políticas foi formada para a eleição do então governador Cid Gomes, em 2006, e se mantém até aqui, apesar dos solavancos. Desde então, o momento mais tenso e que teve o racha como desfecho havia sido há uma década, na Capital.

Em 2012, o grupo liderado por Cid Gomes vetou uma escolha feita pelo PT de Luizianne Lins. Além dos dois, outros personagens se destacaram: Roberto Cláudio, que venceria a disputa nas urnas, e Elmano de Freitas, que acabou derrotado, mas ganhou relevância no cenário local, se tornando deputado estadual.

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A situação da sucessão estadual agora parece se encaminhar para um novo momento agudo, com um agravante: trata-se não mais de um caso localizado, mas da própria aliança estadual.

Mais uma vez, os "vetos" estão no centro do debate, só que, neste ano, os papéis se inverteram.

Rompimento histórico

Em 2012, o PT estava no poder e o grupo liderado pelos irmãos Gomes mantinha um apoio à gestão. As divergências foram crescendo e as críticas começaram a ficar visíveis, partindo principalmente de Ciro Gomes. O PT gostaria de indicar o candidato, mas o grupo no PSB condicionou a manutenção da aliança ao debate dos nomes.

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Na situação de agora, o PDT está no governo, pretende indicar o candidato à sucessão, mas o PT impõe a condição de avalizar ou vetar nomes que estão à mesa.

Então governador, Cid Gomes, o mais comedido dos irmãos em relação à gestão Luizianne Lins, até fez tentativas em busca de um acordo. Ele, por exemplo, exonerou nomes do PT que compunham o seu secretariado no Estado para que estes pudessem ser opções, entre eles estava Camilo Santana que, dois anos depois, viria a ser ungido candidato a governador, em campanha vitoriosa.

Após a ex-prefeita Luizianne Lins anunciar o nome do escolhido, o PSB anunciou o rompimento.

“Se o candidato for mesmo Elmano de Freitas, não o aceitaremos”
Cid Gomes
Então governador do Estado, em 2012

E os dois partidos se enfrentaram nas urnas. A rusga na Capital perdura até hoje.

Condição atual

Na sucessão estadual de 2022, a disputa mais visível é entre a governadora Izolda Cela e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Em uma discussão que começou nos bastidores e tomou os holofotes, uma parte dos petistas, alguns graduados, inclusive, quer impor veto ao nome do ex-prefeito.

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A preferência dos petistas é pelo nome da governadora Izolda, que foi vice de Camilo Santana e por quem ele tem simpatia. Izolda, pelo que fez como vice e pelas ações no exercício do principal cargo político do Estado, está apta a pleitear a permanência no cargo.

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Roberto Cláudio, por sua vez, passou a ser considerado um nome forte na sucessão estadual ao deixar o cargo de prefeito bem avaliado, inclusive, conseguindo eleger o sucessor. Ele veio construindo uma pré-candidatura desde o ano passado.  

Os pré-requisitos de ambos somados à proximidade que têm das lideranças do grupo assevera a indefinição. De uma forma ou de outra, o veto pode voltar a ser elemento decisivo nas relações entre os dois grupos. Com desfecho imprevisível.